Capítulo vinte um

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Bônus Pequeno:

Saio de casa desnorteado, sei que não deveria ter deixado a mina daquele jeito jogada no chão, mas porra, eu preocupadão com ela, no cagaço de alguém ter feito alguma coisa com ela e a filha da puta sentadinha embaixo dá árvore pensano na vida... Ah vai se fuder, tenho paciência pra essas porra não.

Sei que ela tem que sair, ver gente e páh, mas porra, essa mina só vacila, num posso dá um mole que ela estraga tudo, ela tem que entender que manda quem pode, obedece quem tem juízo, se ela num tem, vai sofrer as consequências.

(...)

Tava tranquilão na boca, jogado na salinha, tinha cheirado até o pó das mesa de madeira que os cupim comeu, mas parece que nada mais fazia efeito em mim, preciso de algo mais forte, mas não hoje. Resolvi comer uma puta pra me aliviar já que Milena hoje vai tá cheia de não me toque quando eu chegar em casa. Mandei um vapor chamar a Kendoly, não é minha Milena, mas dá pra levar.

Depois de resolver tudo lá na boca eu subi na moto e fui pra casa, pela hora provavelmente já deve tá tudo arrumado e a bonita teve tá dormindo ou fingindo.

Assim que cheguei no portão de casa, o celular se conectou no Wi-Fi e várias mensagens chegaram, vi umas 30 chamadas perdidas, mas nem liguei. Provavelmente deve ser Milena querendo me estressar.

Olhei pro portão e o mesmo estava aberto e sem nenhum vapor fazendo guarda. O desespero bateu, porque com certeza aconteceu alguma coisa em casa. Desci vuado dá moto e corri pra dentro de casa, cheguei na sala e tava do mesmo jeito que eu deixei quando saí, só que sem a Milena no chão. Só sangue. Sabe quando a culpa bate? Foi isso que aconteceu, a culpa bateu e forte. Subi as escadas igual um doido e cheguei no quarto e me assustei com sangue no chão e na cama.

Peguei o celular e vi que a maioria das ligações e mensagens eram do DJ. Olhei direto as mensagens e chorei quando li. Me senti um merda de um homem, um merda de marido. Eu não sei quando foi a última vez que eu chorei na vida, acho que nem quando eu era muleque devo ter chorado.

Chorei tanto que me deu dor de cabeça. Me senti um fraco.
Sequei minhas lágrimas, levantei do chão, fui até o closet - que eu acho totalmente inútil, mas a Milena quis um - peguei uma camisa e coloquei, já que não estava usando nenhuma e coloquei um boné preto com meu vulgo também.

Peguei a chave do carro em cima do balcão dá cozinha e sai de casa pra ir pro hospital, sei que sou procurado e que pode dá merda, mas eu precisava tá lá, talvez diminuísse um pouco a culpa. Caralho, eu podia ter ajudado ela a levantar do chão, já que eu empurrei, porra! Não deveria nem ter empurrado ela. Aí ela taria bem, na nossa casa, protegida. Eu não sei mais o que pensar.

Botei o carro num estacionamento do lado do hospital e fui direto pra recepção pela entrada da emergência.  Dei lá às informações e ganhei um bagulinho de colar na roupa escrito "visitante" segui as instruções dá mulé lá da recepção e entrei na sala de espera. Tavam lá minha sogra, meu sogro, a mina do DJ, o DJ e minha filha.

A única que me viu entrar ali foi a Maria que começou a gritar atraindo a atenção de todos ali pra mim. Parece que foi a única que gostou dá minha presença porque o restante... a cara com que todos me olharam foi tipo de surpresa, e depois como se quisessem me matar ali mesmo, abaixei a cabeça e fui até o meu sogro, peguei minha pequena do seu colo sem nem falar nada e sentei ao lado do meu mano que tenho certeza que tá me odiando tanto quanto os outros ali.

Maria Júlia ficou brincando comigo, pulando no meu colo e falando na língua dela, eu só ria e concordava.

- O boné do papai não filha. - falei e peguei dá mão dela antes que a mesma o colocasse na boca. Fiquei mais um tempo ali, naquele silêncio já me sentindo desconfortável e com vontade de pegar minha mulher e minha cria e meter o pé.

Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)Onde histórias criam vida. Descubra agora