Capítulo trinta e sete

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Um mês depois...

Como uma vida pode mudar tanto em um mês? É o que me pergunto todo dia. Eu achava que não haviam provas contra mim, mas eu tava enganado. O bom, é que a única prova foi do assalto ao carro forte, e os cuzão me reconheceram, já que eu não usei nenhuma máscara na hora do assalto, ficou Molin pra eles.

Ganhei 2 anos aqui, mas se eu tiver um bom comportamento saio antes. No início foi difícil aqui, mas agora tá moleza, continuo comandando meu morro, mas agora o DJ tá de frente.

Quando cheguei aqui geral quis comprar briga comigo, mas me mostrei logo pra eles. Não tenho medo de nenhum deles aqui e nem fico dividido em nenhum grupinho, é eu no meu canto e eles no deles. Não perturbou ninguém e ninguém a mim e aí de quem se pôr no meu caminho, continuo não tendo dó de ninguém e posso afirmar que o tempo aqui me tornou pior.

Não sei porque mais sinto que não sou o mesmo Daniel que entrou e sei que não vou ser nunca mais. A única coisa que me dói é a saudade dá minha neguinha. Nunca mais tive notícias dela, e quando a minha mãe, ou alguém a mando do DJ vem aqui e eu pergunto por ela, tentam me dobrar. Não sei se ela tá bem ou não.

A saudade aperta cada dia mais, sinto falta dela demais e sei que é tudo minha culpa. Eu choro em silêncio toda noite quando vou dormir nesse colchão duro, e  imagino eu agarrado nela, sentindo o cheiro dela, na nossa cama Queen macia, onde eu a fazia minha.

Penso nela também quando vou tomar um banho aqui, e aquela água congelada cai sobre mim por apenas dois minutos, aí eu lembro de quando chegava cansado de algum corre, tirava a roupa e ia pra banheira que tinha no banheiro do nosso quarto e ela ia atrás pra me banhar com aquelas mãos pequenas e delicadas, fazendo eu relaxar.

Penso nela quando volto do banho de sol pra dentro da cela de novo e lembro quando eu chegava em casa, cansado e tava ela e nossa bebê me esperando. Minha filha corria e se jogava em mim, fazendo manhã e pedia pra dormir comigo. E eu ninava ela com toda a paciência do mundo.

Hoje, aqui trancado nesse lugar é que percebo o enorme tesouro que tinha nas mãos e não dei valor. É o que dizem, a gente só dá valor quando perde. E eu as perdi e oro todo dia a Deus -aquele que era completamente esquecido por mim - pra que não seja pra sempre, que um dia eu possa tá com elas de novo.

Todo dia me pergunto o porque a minha neguinha ainda não veio me ver. Será que ela me odeia tanto assim? Eu espero que não. Nem sei se ela sabe que fui preso.

Tenho muito medo de quando sair daqui e descobrir que ela tem outra pessoa. Sinceramente não sei qual vai ser minha reação. Uma parte de mim diz que ela merece ser feliz com alguém que valorize a pessoa perfeita que ela é, mas a maior parte de mim, a mais egoísta​, diz que ela é minha e é comigo que ela tem que ficar mesmo ela não querendo.

Eu sei que é errado e sinceramente não quero fazer nada pra me arrepender depois, mas tenho que aprender a me controlar e aqui tô aprendendo. Amadureci muito aqui, tive e tenho muito tempo pra pensar.

Não valeu a pena nada que eu fiz com ela e hoje percebo isso. Nenhuma das puta que comi vieram me visitar, nem aquelas que diziam me amar muito menos a Paola que me enchia de mensagens mandando eu largar a Milena e ir viver com ela e nosso filho, como uma família.

Lógico que eu nunca nem pensei nessa possibilidade, não existe mulher mais perfeita pra mim do que a minha Milena, nunca largaria ela pra viver com ninguém. Sem ela prefiro voltar a ser solteiro. Meu coração não aceita mais ninguém além dela.

Hoje vejo que aquelas puta só amavam meu pau e meu dinheiro, como DJ sempre me disse. Mas nunca quis elas mais do que uma foda, então não me importo. Mas sei que se tu tivesse valorizado minha neguinha, ela estaria aqui em cada visita, me amando. Eu amo demais ela e só hoje consigo reconhecer isso, daria tudo pra ter ela comigo.

Essa obsessão que tenho nela já me fez fazer muita besteira, uma vez escutei os meninos falando dela escondido. Dizendo o quanto ela era linda, gostosa, parecia uma boneca e que eu não a merecia, aquilo me emputeceu. Arrebentei os dois que tavam falando, bati muito e quando cheguei em casa e vi a Milena na cozinha fazendo comida enlouqueci e bati muito nela, como se ela tivesse culpa de ser tão linda.

Me pego pensando nas mina que eu comi e das diversas orgias que participei mesmo sem vontade, só pra provar pra mim mesmo que não era dependente dela, que eu podia comer outras pessoas. Chegava em casa e olhava ela com aquele sorriso lindo e olhar inocente e as vezes batia a culpa, sabe? Mas eu tratava mandar a culpa pra puta que pariu e depois fazia de novo.

Me pergunto porque me envolvi com a Paola de novo. Antes de eu sonhar em ter a Milena, eu tive um lance com a Paola, mas aí ela começou a ficar chata e eu acabei tudo, depois de anos fui me envolver com ela, mesmo sabendo que ela era amiga da minha mulher.

E a Kethyn, que pariu a Maju, fiquei com ela várias vezes, quando não quis mais ele apareceu grávida. Prendi a Milena em casa e proibi qualquer pessoa próxima a ela contar e depois que a Maria nasceu praticamente obriguei a Milena aceitar. E ainda menti dizendo que ela tinha morrido.

Eu menti tanto pra ela, por qualquer coisa. Achando que tava protegendo ela quando na verdade queria me proteger, pra ela não me largar. E no final ela me largou, não a culpo, ela fez certo. Que outra mulher aguentaria no lugar dela? Acho que nenhuma.

Eu me arrependo tanto, eu podia ter conquistado ela, amado ela, cuidado dela. Mas fiz totalmente o contrário. Eu a fiz se afastar cada vez mais de mim, quebrei sua confiança, acabei com o amor que ela sentiu um dia por mim. Ela me odeia tanto, que nem os pés aqui pra me visitar ela coloca, deve ter dado graças a Deus. Eu mereço toda essa dor, todo esse sofrimento, eu sei que sim. Não é nem metade do que fiz minha pequena passar.

Um dia eu vou sair daqui, e se tudo der certo em meses. Principalmente porque soube que vai ter rebelião, numa dessas eu escapo. Não me importo em ser fugitivo, a única coisa que me importa é ter minha neguinha comigo. E assim que eu conseguir sair daqui vou atrás dela, nem que seja no fim do mundo, mas eu vou. Vou fazer de tudo pra ter nossa família de volta, e espero sinceramente que não seja tarde demais.

Madame do Tráfico ( Trilogia Madame)Onde histórias criam vida. Descubra agora