Capítulo 5

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POV Logan

Neste últimos dias minha vida esteve totalmente de cabeça pra baixo.
Minha mãe está agindo estranho e se ocupando na maior parte do seu tempo no trabalho.
Eu a vejo poucas vezes ao dia, o que não é novidade.
Minha irmã está sofrendo mais do que qualquer um pela morte do nosso pai, seu humor contagiante já não é o mesmo de antes...

Pra variar.
Estou a sentir minha mãe com seus grandes olhos mortos me fitando diante da mesa.
A ignoro.
Escoro minha cabeça em uma das minhas mãos, encostado, com o corpo meio esquivado para o lado.
Com a outra mão seguro o garfo, o mechendo entre o feijão e a salada de tomate que está na beirada do prato.
Sem fome fico o fitando.
Ouço se retinindo o repetido barulho do garfo batendo contra o prato de vidro... O silêncio se estabelece.

Realmente acho ridículo praticarmos isso todos os dias.
Jantarmos todos em uma mesa, com uma grande aparência de sermos uma família únida quando na verdade queremos estar bem longe um dos outros.

Olho de soslaio para Vick.
Até ela a que mais tagarelava na casa e nas situações mais inconveniente, esta calada no seu canto.

-- Filhos, sei que nos últimos dias eu estive afastada... -- Começa ela mas a Interrompo.
Levantando o olhar.

-- A você sabe? Pensei que não não estava ciente disso -- Digo debochando.

-- Filho, eu quero ser uma mãe melhor -- Exclama, parecendo meio arrependida com sua voz cautelosa ecooando pela sala.

-- Se arrependeu? -- Pergunto -- Se arrependeu de nunca ter dado a atenção necessária aos seus filhos?

-- Eu estava trabalhando... -- Começa a falar.
Sempre a mesma desculpa.

Fico apressivo e bato as mãos na mesa, me levantando bruscamente do meu acento.
Fazendo as duas se assustarem.

-- Pode dar licença Vick? -- peço impaciente.

Ela rapidamente se retira e some no corredor, olho conferindo se ela foi mesmo.
Volto meus olhos a minha mãe.

-- Saiba, que trabalhar não é desculpa pra não cuidar dos próprios filhos -- Semicerro os olhos a encarando.

-- Vocês sempre tiveram tudo! -- Ela começa a ficar nervosa.

-- Sim, tivemos de tudo qualquer merda de bens materiais, objetos inúteis -- Digo com desgosto e suspiro -- Mas nunca tivemos o seu amor de mãe -- falho a voz.

Ela fica surpresa com minhas palavras.
Engole em seco.
Automaticamente abaixa sua cabeça mantendo seu olhar fixos em seus pés.

-- Estou frequentando uma igreja
lá é um belo lugar para se arrepender dos pecados... -- Meu olhar que se permanecia no rumo da janela, agora rapidamente para em sua face, no momento não digo nada, estou fadigado de indignação.
Ela procurou Deus?
Passo uma das minhas mãos sobre meu cabelo impaciente.
Ela tem tempo para ir a igreja e não tem tempo prós filhos?

-- Não acredito que ouvi isso -- Sussurro em um alto som -- NÃO ACREDITO -- Tento me controlar andando de um lado para o outro.

-- Por que se recusa a acreditar que Deus existe? -- Se levanta farta -- Me conte o verdadeiro motivo. -- Diz firme me encarando com o cenho franzido.

-- Por que acha que ele existe em? Você teve motivos pra acreditar nele? NÃO -- Palavras aleatórias rodam minha mente enquanto desabafo -- Você não acha que se Deus existisse ele não se manifestaria? -- Pergunto.

-- Não, eu não tenho motivos para acreditar nele mas tenho fé -- Retruca.

-- A mesma coisa -- mordo o lábio com força tentando focar no assusto -- Se seu Deus existisse, cujo teria impedido meu pai de morrer, por que não o ajudou? Me explica seu tão poderoso Deus -- No momento meus olhos estão lacrimejando -- Se seu Deus realmente existisse ele não teria permitido terem tirado ESMERALDA DA MINHA VIDA -- Engulo a saliva com dificuldade, minha garganta dói, me lembrar dela dói -- Ele não teria deixado Esmeralda morrer -- Viro o rosto, tentando evitar contato visual, maldita saudade que sinto dela.
Se ela estivesse aqui comigo talvez as coisas estivessem diferentes.

Por incrível que pareça essa é a primeira vez que toco no assunto da Esmeralda com minha mãe, geralmente evito está conversa, mas desta vez não aguentei. Tive que desabafar, isso estava preso, digamos que inevitável.

Minha mãe se mantém calada, ou seja, não tem nada mentalmente elaborado pra retrucar.
Se labios se movem, mas não emitem nenhum som audível, e acaba desistindo do seu pronunciamento, sua expressão está indecifrável com seus olhos lagrimejados direcionados a qualquer canto, menos pra mim.

Ainda alterado, me retiro indo rumo a porta.
Preciso andar um pouco.
Preciso de um cigarro.
Já na rua olho prós lados impaciente, droga, não a nenhum mercado aberto nesta rua deserta.
Bufo, odeio me sentir vulnerável e impotente.

-- Foi bem tenso -- Pronúncia a
"Fantasma" que do nada aparece do meu lado.
Suas imcontáveis aparições então se tornando bem monótonas.

-- Você conheceu Esmeralda? -- Esbraveja, com seus olhos suplicando curiosidade.

Diminuo o passo ao força a visão, na tentativa de passar em uma parte da calçada escura. Os postes estão quase a cair de tão históricos.

-- Não quero falar sobre isso -- Exclamo rude e com a voz embargada.
Ela lança um olhar em minha direção, juntando as sobrancelhas indignada.

-- Então me diz como ela morreu -- persiste, clamando a voz.

-- Não -- Recuso.

-- Me diz -- Insiste -- Eu a conhec... -- Eu a corto antes que possa complementar sua frase.

-- Me diz você! -- Digo sem pensar duas vezes -- Me diz como você morreu -- Não sei controlar minha maldita boca.
Aperto minha mão tentando me distrair, cuja está a latejar e formigar.

-- A...aa -- Balbucia, seus olhos parecem ter perdido a tonalidade, inflexível o torna na direção da rua com má iluminação, parecer estar a pensar.
Sua feição se torna melancólica e por reação automática ela abaixa seus ombros, levando junto a cabeça.

Sobressalto com o susto que levo do latido dos cachorros da casa que passo ao lado.
Levo a mão ao peito, com os coração ameaçando sair pela boca.

Olho prós lados procurando ela.
Cadê ela?
Sumiu, deve ter ficado com raiva.
Sou muito idiota.
A curiosidade as vezes me asfixia. Algo totalmente frustante por que as vezes chego a invadir a privacidade das pessoas sem perceber.

(...)

Alguns ruídos de pessoas a conversar, logo a frente, provavelmente no final do beco escuro que está em minha frente.
Esfrego as mãos uma na outra no ato de tentar esquenta-las de me aquecer.
Minha respiração fica árdua derrepente, pelo forte vento frio que colide contra meu rosto, cuja esta mais pra neblina do que vento.
Eu deveria ter trago um casaco.
Reviro os olhos.

-- Eiii -- Alguém me chama, olho prós lados procurando -- Eii, você aí -- Um cara grita de dentro do beco -- Você mesmo -- Diz com uma voz altarada e grogue meio arrastada -- Chega aí -- Acho que já ouvi está voz em algum lugar.

Hesito em me aproximar.
Mas nesta situação, se eu saísse correndo eu levaria um título de galinha.
Então arrisco.

Começo a tossir com o cheiro forte de fumaça vinda de um nargile, semicerro os olhos tentando encherga alguma coisa.
Vejo o cara que senta atrás de mim no colégio, com seu estado ainda devastado e mais uns 4 caras.

-- É aí mano, Logan né? -- Pergunta.

-- Sim -- Respondo, disfarçadamente tentando coçar a minha garganta que está pinicando.

-- Esses aqui são meus manos -- prossegui -- John, Leon, Sam, Steven e eu Trevor -- os apresenta apontando sequentemente para cada um dos ambos. Os olhos avermelhados de Sam saltam em minha direção, me analisando, e assim vira a cara com repleto desdém.

-- O que faz andando sozinho por aí cara? Aqui é bem perigoso -- Pergunta John no mesmo estado de Sam, porém ele parece ter mais postura diante dos outros.

-- Problemas em casa -- Esbravejo, tentando evitar o assunto.

-- Entendo, toma aqui -- Me entrega um cigarro com um cheiro diferente -- Pega aí, isso vai te relaxar -- em sua face nasce um pequeno sorriso imperceptível.
Pego com remorso acendendo e dando uma tragada.

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