Capítulo 7

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POV Logan

Deito sobre minha cama em uma postura ereta e levo as mãos até as cobertas as esticando e cobrindo meu corpo até na altura do quadril.
Deito de bruço e escaro a parede escura a minha frente, não estou com sono, sinto a perceptível energia percorrendo pelo meu corpo, chega a latejar.
Aquele cigarro com certeza não me relaxou.
Fecho os olhos, esperançoso, na frustante tentativa de dormir.

-- Não quero te encomodar mas tenho que falar com você -- abro os olhos os revirando em seguida.

Vou logo ao ponto, me esquivando em sua direção, ela não pode simplesmente desviar do foco de uma pergunta e desaparecer sem dar nenhuma satisfação.

-- Por que não fala nada sobre você pra mim, as únicas coisas que sei e que você tinha uma família vivia feliz nesta casa e do nada morreu -- Digo indignado -- Eu nem sei o seu nome.

Ela parece ser uma pessoa fechada, pois nossas conversas sempre foram aleatórias, coisas retóricas, sem importancia, e qualquer assunto que esteja relativamente envolvendo sua família, sua primeira reação é se esquivar, nunca tive a oportunidade de entrar em detalhes.
Diferente do que eu imaginei em sua face não demonstra nada, nenhuma reação, uma expressão indecifrável porém seus olhos parecem demonstrar cansaço.

-- Meu nome é Isabel -- Suspira. Automaticamente me lembro das garotas que estavam falando dela no meu primeiro dia de aula. -- Eu sei no que deve estar pensando, eu estava lá.

-- Deve ter tido muitas inimigas -- Anúncio.

-- Não eram minhas inimigas, elas eram minhas melhores amigas -- Diz parecendo triste -- Vadias -- as chinga em voz auta.

-- Nossa -- Desvio o olhar sem graça -- É a sua morte? Como ocorreu? -- Pergunto com cautela tentando tornar isso uma pergunta mais compreensiva. Não com intenção de constrange-la pelo assunto, mas por ser algo tão impactante.

-- Esse é o problema, eu não sei --
Franzo o cenho, entortando um pouco a cabeça pro lado tentando digerir.

-- Como assim? -- Pergunto, atordoado.

-- Eu não sei como eu morri, eu não sei quem me matou, eu não sei nem o porque -- Diz ela encostando levemente na parede escura do quarto, seu olhar direciona-se pro seus pés.

-- E sua família? -- Questiono ignorando seu estado emocional.

-- Eu não sei o que aconteceu com eles, não faço a mínima idéia se estão vivos -- Sua voz sai em um sussurro percorrido por um grande suspiro.
Acho que toquei na ferida.

-- Bora investigar, procurar por aí algo sobre sua morte -- Dou um palpite.

-- Não adianta, não sabemos nem por onde começarmos -- Fala destruindo minhas expectativas.

-- Verdade -- Bufo encostando minhas costas na cabeceira da cama.

Isabel não parece ter animo pra conversar com seu jeito melancólico que é monótono na maioria das vezes, essa característica dela me assusta em certos momentos.
Fico parado no meu canto sem mencionar se quer uma palavra, enquanto penetro o olhar no fecho da cortina que tem na janela.
A luz clara do poste que ilumuna certo espaço na rua, pista em longos intervalos indicando má manutenção, o que não é novidade pelo pouco movimento que tem neste lado da cidade.

-- Me conta o que ouve com Esmeralda -- Isabel insiste naquele assunto de mais cedo --Estou curiosa.

-- Por que quer tanto saber?

-- Por que eu a conheço -- Isabel diz me assustando -- Eu conheci Esmeralda -- arregalo os olhos sentindo um leve arrepio percorrendo por todo meu corpo.

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