Telefonemas perdidos

37 5 0
                                    

•Shane•

Dois dias. Dois dias em completo silêncio. Dois dias sem resposta alguma. Dois dias desde que Samantha Hall sumiu do mapa.

Depois da nossa briga, depois que eu a deixei sozinha naquela tarde que estava indo tão bem, nada mais no mundo fazia sentido. Eu me sentia desorientado, sem chão. Porque ela era o lugar onde eu me apoiava.

Lembro-me vagamente do resto daquele dia horroroso. Lembro-me de me mexer a noite inteira na cama, privado do sono que eu tanto queria apenas porque sabia que dormir me faria esquecê-la por algumas horas. Lembro-me das olheiras fundas da manhã seguinte e de ter, em algum momento da noite, chorado contra o travesseiro. Lembro-me do mau-humor que senti pelas horas que se seguiram e de mal ter olhado na cara da minha mãe e de Julie quando elas perguntaram o que havia acontecido que me deixara assim.

Na minha cabeça só havia uma coisa: Samantha. Eu não conseguia distinguir o que estava sentindo. Raiva por ela sempre fazer tudo ser tão complicado? Teimosia porque eu sabia que estava me corroendo com vontade de ligar para ela, mas não me permitindo dar o braço a torcer? Ou será que era simplesmente a tristeza em saber que, agora, estava claro que Samantha ia embora não importava o que eu fizesse?

Sei apenas que pensar nela já fazia meu cérebro doer. Estava me enlouquecendo de pouco em pouco, a ponto de eu não conseguir me concentrar nem na minha própria música.

E, se não bastasse a briga que tivemos, Samantha tinha me deixado no mais completo silêncio. Eu estava perdido sem ela. Estava desesperado.

Olho para o celular no criado-mudo e engulo em seco. Eu precisava ouvir a voz dela. Precisava pelo menos, ouvir sua respiração. Eu não conseguiria dormir por outra noite sem ter certeza de que Samantha Hall era real.

Pego o aparelho num movimento rápido demais, o que me faz quase derrubá-lo. Tenho que estabilizar a tremedeira no dedos antes de digitar o número dela e segurar o telefone forte contra meu ouvido.

Um toque. Dois toques. Três toques.

Mordo a ponta do dedo.

Mais um. E mais outro. Ecoam pela minha cabeça.

Levanto da cama e começo a andar impacientemente pelo quarto.

Caixa postal.

Grunhindo, tento de novo. E de novo. E de novo. Nada. Nenhuma resposta se não a voz irritante da secretária eletrônica.

Com um resmungar alto, acabo jogando o telefone na cama na quinta vez que a ligação cai direto na caixa postal. Apoio a testa contra a parede, tentando acalmar a respiração descompassada.

Onde essa menina tinha se metido?

Eu Te Amo (Outra Vez)Onde histórias criam vida. Descubra agora