•Shane•
Uma semana. E Sam ainda não havia me dado alguma resposta.
Eu me sentia anestesiado de qualquer coisa. Já não sentia mais nada, como se alguém tivesse arrancado meu coração. E talvez, fosse exatamente isso. Talvez meu coração tenha se ido com ela.
-Com licença. - chamo a balconista, que olha para mim com desinteresse. - Aqui é onde posso pedir informação sobre o dormitório?
Ela encara meu estado deplorável de cima a baixo antes de acenar com a cabeça. Pigarreio para limpar a voz rouca do choro.
-Estou procurando uma garota chamada Samantha Hall. Ela estava ficando aqui nos últimos meses. - só o nome dela já me faz ter um aperto na garganta. - Poderia me dizer qual é o quarto em que ela está? Preciso urgentemente falar com ela, por favor.
A balconista talvez tenha notado o tom desesperado na minha voz e a forma como praticamente agarro-me ao balcão, pois me lança um olhar solidário, acena que sim e vai ao computador procurar o nome que pedi. Leva alguns minutos em que o teclado faz barulho conforme ela digita e eu praticamente me contorço para não sair andando que nem um louco com a espera.
Finalmente, ela ergue o olhar para mim, sobrancelhas franzidas.
-Me desculpa, senhor. - diz com certa lentidão e cautela. - Mas, esse nome fechou a estadia faz alguns dias. O quarto já até foi alugado por outra pessoa.
Tropeço para trás como se ela tivesse acabado de me socar. Com muito esforço, consigo manter a voz estável o suficiente para falar:
-Tem certeza?
Ela acena que sim. Vira a tela do computador para mim e eu vejo, de fato, o nome Samantha Hall escrito em vermelho, indicando que ela já tinha deixado o prédio faziam 6 dias.
-Vocês não... - aperto as têmporas para me acalmar. - saberiam para onde ela foi, saberiam?
-Não, senhor. Sinto muito.
Com isso e sem nem sequer me despedir, resmungo um "obrigado" bem rude, viro-me e saio a passos desajeitados pelo hall de entrada do dormitório da NYU. Sinto-me fraco, sem capacidade nem de respirar. As lágrimas estão acumuladas nos meus olhos, teimando em arder e sufocar minha garganta com a tristeza que se instala no meu peito.
Quando o ar frio das ruas bate no meu rosto, tenho que me apoiar contra a parede externa do prédio para não cair. Agora já estou chorando e minha vontade é de socar alguma coisa. Mas, meus membros estão fracos demais para qualquer outra ação que não seja chorar.
Eu estava ciente de uma coisa apenas.
Samantha Hall tinha ido embora.