Os dias sem você

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Eu sou um idiota.

Bufo, verbalizando o pensamento num suspiro pesado e irritado. Meu celular quica no colchão da cama, pousando do outro lado do quarto com um baque surdo. Cubro o rosto com as próprias mãos.

Eu era, de fato, um imbecil. Um idiota estirado na cama da namorada e se irritando com as fotos que Samantha Hall havia postado numa rede social qualquer ao lado de Austin Fields na sua viagem à Washigton.

E aí você se pergunta: por que? Não sei. Simplesmente não tenho ideia. Tudo o que eu sabia era que eu não suportava ver os rostos deles, os sorrisos deles naquelas fotos da viagem "perfeita". Não que eu não tivesse procurado por elas; sim, eu passara mais de meia hora investigando cada canto daquela rede social estúpida a procura de algo que pudesse me informar em como a viagem de Austin e Sam estava indo. Mas o que exatamente eu estava esperando? Fotografias tristes, de uma Samantha desanimada e um Austin desinteressado? Não, esses seriam ela e eu, se tivéssemos ido viajar juntos.

Era óbvio que eu encontraria imagens do quanto eles estavam se divertindo. Juntos. Austin e Samantha. Felizes porque estavam na companhia um do outro, enquanto eu estava aqui, me remoendo de raiva por Deus sabe o quê, deitado na cama sozinho depois de ter praticamente expulsado minha namorada doce e amorosa que só me queria fazer companhia.

Ultimamente, eu tinha que admitir: minha paciência com Hannah estava milhões de vezes menor do que o normal. Era como se só o fato dela respirar já me irritasse, me fizesse querer sumir o mais rápido possível. Ela chegava perto de mim e eu, automaticamente, já me afastava alguns passos. Seu toque queimava, mas não da forma como o de Samantha o fazia. E meu mal-humor piorava sempre que ela estava por perto.

Era como se todo o mal-estar e desconforto que eu antes sentira por Sam tivesse se transferido para Hannah. E isso não podia acontecer de jeito nenhum.

Por essa razão, para tentar dizer a mim mesmo que tudo era coisa da minha cabeça, eu estava tentando passar mais tempo ao lado dela. Desde que Sam tinha saído com Austin na sexta, eu havia prometido para mim mesmo que usaria esse tempo "livre" para poder voltar a aproveitar o tempo com Hannah da forma como o fazíamos antes de Sam entrar nas nossas vidas. Tinha planejado noites de filmes com direito à muita pipoca e doces de alcaçuz, idas aos nossos restaurantes prediletos e até mesmo apenas relaxar na piscina aquecida do seu condomínio. Mas, eu havia cumprido qualquer uma dessas coisas? Não.

Simplesmente não conseguia. A falta de ânimo que havia se instalado em mim desde o episódio anterior com Sam estava consumindo cada energia que havia dentro de mim. A força de vontade para ficar com Hannah desaparecia assim que eu a via, assim que ela me abraçava, assim que ela ficava na ponta dos pés para alcançar meus lábios.

Eu tinha prometido que Samantha não ia mais ter qualquer influência sobre mim, mas pelo jeito estava enganado. Quer dizer, aqui estava eu, com a oportunidade de ter um tempo a sós com a minha noiva e eu não conseguia encontrar vontade para isso. Porque Sam tinha levado com ela a força que movia meu sangue.

Saber que ela estava lá com Austin tornava tudo ainda pior. Eu tinha certeza de que não estaria dessa forma se soubesse que ela iria sozinha, mas com Austin por perto, todo meu corpo parecia formigar, querendo encontrar uma forma de simplesmente me teletransportar para Washington para ver o que os dois estariam fazendo.

Era por isso que eu tinha ficado paranóico durante a tarde toda com as fotos de Sam nas redes sociais. Eu tinha uma esperança, mesmo que pequena, de que ela não estaria com Austin agora. Mas, ela estava. E não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar isso.

Não que eu devesse, claro. Essa era a vida dela, a vida deles. O que Sam fazia ou deixava de fazer não era problema meu. Eu tinha um relacionamento com que me preocupar, um casamento para planejar.

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