Monstro!

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Nervosa pego o celular do bolso e o jogo nas mãos da Gabi.

—Pega, olha você. Eu quero acreditar que ele só não está em seus melhores dias e que por isso tá agindo estranho...

E revirando os olhos o segura nas mãos.

—Beleza.—Murmura.

Antes que ela sequer invada o celular eu a interrompo:

— Mas espera... Se não tiver nada, tipo nenhuma informação sequer eu irei agora naquela sala pedir desculpas a ele e se quiser você vem junto.

Ela ri. Ótimo, era tudo o que eu queria que sorrissem da minha desgraça.

— Não, não valeu tou de boa... Agora fecha essa matraca e me deixa trabalhar.—Diz bufando.

Ela anda pelo quarto.

—Sim, mas eu só tou dizendo que...— Antes que eu termine, me interrompe:

—Tá, tá eu sei, que ele pode ser uma boa pessoa, apenas querendo ajudar e tal, coisa de gente otimista. Mas eu não Manu. Tem algo errado naquele homem e agora mais do que nunca eu quero descobrir.—Solta me fitando séria e agora entendo que nada do que eu disser daqui pra frente a fará mudar de opinião.

Afirmo com a cabeça e ela liga o celular. Me dando algumas olhadelas, ela desliza o dedo na tela que por incrível que pareça não tem senha alguma. Respiro fundo e me aproximo ainda mais de Gabi.

Seja do bem.
Seja do bem.
Seja do bem. Repito mentalmente e espero estar certa disso.

No bloqueio de tela tem a imagem de um homem e um garoto que ao notar algumas semelhanças entre Harryson e ele fica claro perceber que se trata da mesma pessoa. Desbloqueando a tela fito outra imagem quase igual a anterior essa está no papel de parede, só que Harryson está maior suponho que tinha apenas dezesseis ou dezessete anos. Se encontra abraçado a um casal. O mesmo homem da foto de antes, ele o abraça, junto a uma mulher de cabelos longos e pretos. O homem não parece nada amigável, mas Harryson sorri para ele. A mulher olha pros dois com grande contemplação. Fico pensativa.

— Quem são esses?— Pergunta Gabi.

— Faço das suas perguntas as minhas... Não faço idéia de quem sejam, mas ta na cara que o garoto é Harryson.

— E a mulher, será que é a mãe dele?—Indaga novamente me olhando do canto do olho.

Balanço a cabeça afirmativamente e murmuro:

— É o que parece, mas se me lembro ele disse que ela tinha sido morta pelo pai dele então...

Engulo em seco. Não pode ser. Gabi me encara nervosa e solta:

—... Esse na foto é...
Resisto a vontade de falar, mas falo:

—É ele... O Christian!

Ficamos em silêncio, uma olhando pra outra. Por quê Harryson ainda tem essa foto? Se ele mesmo descreveu o assassinato de sua mãe? E se odeia tanto seu pai, o que faz com ele ainda na tela de bloqueio e no papel de parede do celular?

É talvez o sangue fale mais alto né? Entendo ele, se eu ainda tivesse meu pai presente com certeza estaria do seu lado e nunca o abandonaria.

Até por que Harryson não tem culpa do pai ser o que é. Um traidor.

Gabi não para em suas descobertas e resolve ver as chamadas dele.

Tento tomar o celular de sua mão, mas ela o segura forte.

— Gabi, melhor não ele... — Digo hesitante.

Sem me dar atenção ela desliza o dedo por diversas chamadas. Arregalo os olhos ao ver de quem são. Todas do mesmo número e com um nome impossível de esquecer.

Papai Christian.

Engulo em seco e deixo algumas lágrimas caírem. Fomos enganadas, todos enganados e agora aquele maldito está no salão principal bancando uma de bom moço.

—E-ele isso não pode ser verdade... Talvez seja outro Christian, a tantos por ai...

Gabi se vira pra mim e me olha severamente :

— Para de se enganar Manu. O cara não vale nada, veja a provas dessa farsa dele... Todos esses dias se passando de amigo. Tudo mentira.— Murmura saindo das chamadas e clicando em galeria.

Começo a soluçar, enquanto vejo imagens de recém- lobos sendo trucidados e mortos a sangue frio. Outros estão pendurados em portes e sem cabeça. Pessoas. Esse mostro mata pessoas. Gabi permanece em silêncio e a vejo soltar um ar pesado da garganta. Em outra pasta a dezenas, milhares de fotos minhas com David. Eu sorrindo com ele. Nós em um dia de sol passeando de mãos dadas, outras ele me carregando no colo.... Imagens minhas entrando na escola, entrando no carro dele, correndo, sorrindo.... Entre elas tem eu e David nos beijando, Gabi e Andersen se beijando também e algumas minhas e de Gabi enquanto andamos pela rua despreocupadas. São várias fotos que fica impossível contar. Escuto Gabi sussurrar baixinho: Ele é louco. E posso dizer que falta pouco pro meu coração parar de bater.

Paixão Oculta parte llOnde histórias criam vida. Descubra agora