4. Casa?

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A viagem de Filadélfia para Arizona de Avião não era tão longa, tentei ao máximo manter a calma durante todo o momento, estava decidida e meu corpo tinha que entender isso. Mas minhas mãos se mexiam involuntariamente e o Luís não parava de me encarar, foi então que decidir tomar um remédio pra dormir, ia me relaxar e não daria para desistir dessa loucura enquanto tivesse dormindo. Tomei o remédio, coloquei uma venda que usava para dormir e capotei logo em seguida.

- Vamos lá Luna, a gente já chegou. – escutei enquanto alguém me balançava. – Ah, Pai só mais cinco minutos vai. – falei, me aconchegando ainda mais.

A pessoa que balançava e estava falando comigo, gelou após o que disse só então me toquei o que havia falado e onde estava. Tirei a venda e olhei pra Luís que encarava espantado. Desde que tinha se mudado para Filadélfia, e talvez antes disso, quando os problemas começaram a aparecer, havia o chamado de Pai. Mesmo depois de cinco anos morando juntos, vendo que realmente mudou essa palavra nunca tinha sido emposta por nós, nunca havia falado e Luís nunca havia me cobrado. O que diabos estava fazendo o chamando assim logo agora?

Arrumei-me na poltrona enquanto Luís ainda observava, guardei a venda na bolsa, respirei fundo.

- Vamos? – não iria tocar no assunto, e tenho quase certeza que ele também não, pelo menos esperava que não, ainda não entendi o que me fez chama-lo assim.

- Sim, sim, claro.

Nunca tinha visto Luís tão atrapalhado e por um momento achei que estava limpando lágrimas do rosto, mas isso deve ter sido coisas da minha cabeça, deixei pra lá. E fui ao encontro do que me esperava.

***

Ao sair do saguão, avistei Bryan e Scott com plaquinhas que dizia "Bem vinda de volta" e "Rabugenta", assim que os vi corri ao encontro de ambos e os abracei chorando. Apenas quando estava ali abraçando os dois, me permiti perceber a falta que faziam na minha vida. Olhei para trás e enxerguei Luís chorando ao ver nosso encontro. Scott foi abraça-lo, é o melhor de nós três, nunca guardava rancor e estava sempre disposto a ver o bom das pessoas e nem o tempo o fez mudar isso.

Bryan olhava o Luís e pude perceber sua batalha interna, o que eu nutria por Fernanda era o mesmo sentimento que nutria por Luís, puxei o seu rosto e falei baixo para que só nos pudéssemos escutar.

- Ele mudou Bryan, não é o mesmo homem que fez o que presenciou esta mais para o homem que me colocava pra dormir todas as noites, que levava a gente pra tomar sorvete e brincava conosco. Durante todo esse tempo foi o melhor comigo, e se eu disser que o chamei de Pai há alguns minutos? – me encarava com os olhos espantados e olhou de novo para Luís, voltando sua atenção para o meu rosto logo em seguida. – Logo eu que sempre guardo mágoas e rancores, e olha, essa coisa de ter raiva do mundo é minha, pode parar de querer tirar o meu posto! – falei e com isso conseguir tirar um belo sorriso dele.

- Pensei que com essa mudança de visual, esse mundo diferente que esta inclusa agora tinha mudado por dentro também, mas vejo que não é a mesma pirralha. – falou enquanto me analisava e me puxou para um abraço. E pude entender o que estava dizendo, não parecia em nada com a sua irmãzinha de anos atrás.

- Qual é, são só roupas. Devia ver como Mel tem trabalho pra me levar para compra-las, como ela diz: "até parece que estou te levando pra forca". – falei enquanto tentava imitar a voz da Mel e Bryan ria da minha péssima tentativa.

Ao escutar o nome da Mel, Scott olhou para nós com uma carranca.

- Luna, ainda vai dizer o que aconteceu entre esses dois. – Bryan falou rindo.

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