10. Estagnada

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Juntei todas as minhas coisas e as encarava, esperando me acalmar e descer. Queria que todos já tivessem ido, mas escutava as vozes. Mel não ia conseguir chegar antes desse confronto e eu ainda estou com medo do que podia acontecer. Estava submersa em pensamentos quando escutei alguém na porta. 

- Luna. Sou eu, Luís. Abra a porta, meu amor. 

Nada me assustou mais do essa necessidade de ser acolhida por ele, essa vontade de abrir a porta e abraçar Luís. Precisava de conforto e sentia que ele poderia me dar, já tinha feito uma vez isso mesmo sem ter nenhuma noção. 

Levantei, olhei meu reflexo e se não tivesse olhado uns minutos antes de me arrumar acreditaria que nada de mau tinha acontecido nessa manhã, mas a aparências enganam. 

Fui a porta, abri e deixei que Luís entrasse. 

Me olhava como a procura daquela menina quebrada que ele teve que suportar, mas não encontrou ela aqui. 

- Vou para um hotel, não quero ficar aqui. - falei, cruzando os braços com uma postura de superior. 

- Minha menina, não vou obrigar a ficar aqui, vim só pegar suas malas. Sua Mãe me contou e já fiz a reserva no Hotel onde estou. 

Por essa não esperava. 

- Mas tem uma condição. - sabia não poderia ser tão fácil assim. - Liguei para Dra. Guedes e vai ter que conversar com ela. 

- Somente isso? - questionei, não iria dizer que já estava nos meu planos. 

- Sim, vamos. Seus irmãos querem falar contigo antes de ir. Se prepare logo que a comitiva está toda lá embaixo. - falou enquanto pegava as malas e sorria para mim. 

- Não estou entendendo o senhor, mas vamos ver até onde vai. 

- Luna, amo você mais que tudo. Pensei que os problemas tinham sido resolvidos. Você pensa, age como se eu não soubesse que passou por várias coisas durante os anos. Talvez, tenha demostrado isso, mas sei pelo que passou não em mínimos detalhes e se um dia quiser me contar estarei aqui. - isso me surpreendeu, sempre achei que Luís não tinha percebido. - Quero que sinta que sou o seu porto seguro, depois conversaremos. Agora tem que ser forte pra enfrentar a comitiva, não eu. 

- Pai... É... Você é meu porto seguro, se tornou. - falei com lágrimas nos olhos. 

Luís me olhava espantado. 

Sem acreditar.

Também estava desse modo, mas em algum momento teria que lhe dizer isso. 

- Oh minha menina... - soltou as malas e me abraçou chorando, limpou minhas lágrimas e olhou nos meus olhos. - Não sabe o quão me faz feliz ao me chamar assim. Amo você. - beijou minha testa e me abraçou. - Amo tanto.

Soltei Luís e dei um pequeno sorriso, pelo menos sairia dessa casa com as mágoas resolvidas com uma pessoa.

- Eu perdoou você, Pai. - sorria entre lágrimas enquanto Luís me olhava em estado catatônico - Sei que aconteceu algo para que aquilo tudo acontecesse e te entendo, perdoou, eu te amo. 

- Minha menina... - lágrimas caiam dos seus olhos, enquanto não parava de alisar o meu rosto e sorrir. 

- Vamos, que estou morrendo de fome. 

- Não sei a quanto tempo escutei isso de você, vamos. - respirou fundo e pegou as malas  então descemos as escadas. 

Luís saiu em direção ao carro que tinha alugado para os dias que passaríamos aqui. 

Quando entrei na cozinha, todos pararam de falar e me olharam. Antes que o ataque começasse decidi falar logo. 

- Peço desculpas por o que aconteceu hoje aqui, não deveria ter voltado, não estava pronta. 

- O que diabos foi aquilo? - Scott veio ao meu encontro. 

Todos me olhavam e não sabia como responder sem ter que contar tudo pelo que passei. Escolhi  mentir. 

- Não sei, vou procurar ajuda pra descobrir. 

- Não minta, Luna. - Bryan me encarava. 

- Não estou. Então tenho que ir, vou esperar a Mel no Hotel. 

Percebi que todos queriam que ficasse ali, mas depois do que presenciaram não sabiam como lidar comigo. Não conseguia olhar e ver pena no olhar deles. 

Quando ergui meu olhar para finalmente sair, Thomas estava na porta encarava-me como se pudesse ver tudo, todas as minhas verdades mais profundas e isso me deixou em pânico. 

- Luna. - antes que conseguisse falar algo, me cortou. - Vamos lá fora, quero falar com você. - engoli em seco e fui. 

Ao chegarmos lá fora, vimos Luís já dentro do carro nos olhando. 

- Olha, não sei o que aconteceu com você, quem se tornou, mas ainda é Luna. A minha Luna e não vou desistir. Pode fugir para esse Hotel, voltar pra sua casa ou ir até o outro lado do mundo. - enquanto falava Thomas se aproximava e encurralava na parede. Minha respiração estava acelerada. - Mas não sou mais uma criança que aceita o que lhe é imposto, vou te perseguir até lhe encontrar e nós vamos conversar. Vai me escutar. Então vá, entre nesse carro e não pense nem por um segundo que vai conseguir fugir de mim. 

Thomas se afastou e me deixou com as pernas mais mole que macarrão cozido. Estava ferrada. Precisava da Mel. Corri para o carro do meu Pai e fui atrás de conforto. Thomas não poderia estar mais certo, iria fugir enquanto conseguisse.  







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