I Remember You

5. Dois Neurônios

Parecia que o tempo tinha parado, só conseguia encarar aqueles olhos e pensar porque tinha que ter o encontrado logo no primeiro dia, tinha alguém lá em cima que não cansava de me pregar peças. Foi quando senti Thomas me abraçando, que saí do torpor em que me encontrava e o empurrei.

Todos me olhavam sem entender, mas nesse momento nem eu conseguia me entender.

- Com licença, estou de saída. - Thomas me olhou intrigado.

- Qual é Luna? Sou eu, Thomas. Não pode ser que não esteja me reconhecendo. - havia mágoa em seu olhar. Sério que estava ele pensando nisso? Que não o reconhecia. Ri comigo mesma.

- Claro que estou lhe reconhecendo, seria melhor não lembrar de você, mas os anos só fizeram minha memória melhor.

- Como assim? Por quê? É alguma pegadinha dos seus irmãos né? - ele olhava pros meus irmãos como esperando que confirmassem. Todos se olhavam, ninguém ali sabia o porquê de esta tratando o Thomas assim.

- Não tem pegadinha nenhuma. Estou subindo, tá? Vou descansar um pouco. - falei olhando pro Luís que apenas balançando a cabeça como que confirmando. Bryan ainda me olhava intrigado, agora não sabia se era para o tratamento que estava dando ao Thomas ou ao Luís.

Enquanto isso Thomas me encarava como sem acreditar, passei por ele sem o olhar mais, só queria esquecer que estava ali, que já tinha encontrado ele e tinha acabado de almoçar com Fernanda tudo em uma tarde só, caminhava para a escada e quando estava quase chegando ao meu quarto, senti sua presença. Foi quando puxou o meu braço e me encarava com um olhar furioso.

- Primeiro some durante anos, não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens e muito menos os e-mails. Acreditava que estava sendo difícil pra você, ser separada assim dos seus irmãos, de mim. Por isso se isolou, nunca foi de falar muito sobre o que sentia, mas isso? O jeito que esta me tratando? Quem é você? Porque não é a minha Luna. - afirmou e ao escutar me chamar assim foi como se algo em mim se quebrasse, não tinha o direito de me chamar, não depois de tudo.

- Nunca fui nada sua. Me solta. - rosnei.

- Como não? Éramos amigos né? O que diabos aconteceu? Porque a primeira vez que te vejo em anos e me trata como um desconhecido.

- Olha não devo satisfação da minha vida, não adianta. Não respondi e não atendi porque não estava afim, ok? Agora me solta que não quero ficar perto de você e agradeceria se não aparecesse aqui enquanto estou. - estava ali para por um ponto em final em tudo, mas com Thomas não, não valia nem a tentativa.

- Quando vi você nas revistas, propagandas pensei que só tinha mudado por fora Luna, demorei a me acostumar em te ver em saltos e tudo isso que está agora, afinal não gostava disso tudo, mas nunca iria imaginar que tinha mudado por dentro também. O que foi? Não sou bom o bastante pra estar nessa nova vida de celebridade em que se encontra, é? Sua família não é? Seus irmãos? Mudou tanto assim? - falou em seu olhar passou vários sentimentos entre eles raiva, tristeza, mágoa e só então me encarou com repulsa.

- Não se compare com os meus irmãos, tenho muito orgulho deles, são tudo pra mim. Eles são minha família os dois, Mel e até o Luís. Você não se encontra incluso nela. Pode me soltar agora?

- Saiu daqui com nojo do Luís, volta como se não tivesse ele sido o que acabou com sua família e agora me destrata? Se tornou algo que nunca pensei que iria ser. Não te reconheço mais. É como se aquela menina das minhas memórias estivesse morta e só agora percebi.

- Se sente magoado, querido Thomas? Dói? - Alisei o seu rosto enquanto falava - Você não sabe o que é dor de verdade e se acha que essas palavras vão me magoar ou vão me fazer mudar o jeito que estou lhe tratando pode dar meia volta daqui porque não vai acontecer. Foi o tempo que pessoas como você conseguiam me machucar ou mudar minha opinião. - puxei o meu braço, abri a porta do meu quarto e fechei com toda força, deixando um Thomas magoado e perplexo do outro lado.