12. Tentar

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- Oi.
- Olá, sumida – falou com um sorrisinho que fazia borboletas aparecerem na minha barriga.
- Não é bem assim... – tentei disfarçar como ele me fazia sentir fora de órbita.
- Pra mim é bem assim, mas no nosso jantar você me conta mais, tenho que voltar para a minha mesa... Só queria ver se estava realmente bem.
- Estou chegando lá.
Fiquei esperando ele voltar sabe se lá de onde tinha vindo, mas não conseguíamos para de nós encarar e sorrir como uma tola.
- Desculpa acabar com esse momento... Mas como a minha amada amiga não vai me apresentar, eu sou a mel, prazer.
Lucas piscou como se não tivesse visto a Mel até agora, mas se recuperou rápido.
- Prazer, sou Lucas, acho que pode se dizer amigo da Luna também.
- Ah, o que você tá fazendo aqui mesmo?
- Eu saí pra comer com meus pais, fazemos isso toda semana.
- Ahh, certo. Por um momento pensei que estava aqui por mim.
- Poderia ter sido, mas na ligação me deu a impressão que estava precisando de um espaço, certo? Ou entendi errado?
- Entendeu certíssimo. Obrigada. – desviei o olhar, precisava sinceramente de uma forma de lidar com aquelas malditas borboletas.
- Não que o papo de vocês não esteja bom, mas ainda estou aqui e não curto um voyeurismo, sorry.
- O que? – berrei, eu vou matar a mel.
- Tudo bem, entendido, tenho que voltar de qualquer jeito. – Lucas falou rindo – Até mais, Luna.
- Tchau, Dois Neurônios.
- Ainda dói, mas vou acabar superando... – e saiu andando, enquanto massageava o peito me fazendo rir.
Quando pude ver que Lucas já estava na mesa com uma casal que obviamente era seus pais, olhei para Mel. Que estava me observando atentamente.
- Cala a boca! Não acredito que esse  é o dois neurônios.
- Pois é, também tá difícil assimilar.
- Caralho, amiga! Me conta tudo.
Enquanto comíamos contei tudo para a Mel que fiquei com em silêncio absorvendo todas informações, quando tínhamos terminado tanto a comida e o que tinha pra dizer. Ela só me encarou, suspirou, levantou da mesa e me puxou para um abraço.
- Eu amo você, queria ter estado aqui desde o começo, temos coisas para resolver, você tem que voltar pra terapia, só que quero deixar claro que te amo e que você é uma das mulheres mais fortes que existe, ta?
Durante o mini discurso da Mel lágrimas brotando nos meus olhos e se derramaram enquanto me dava um abraço de urso e era disse que precisava, da minha pessoa, minha outra metade, minha melhor amiga.
- Eu amo você também, sua doidinha. Ainda não acredito que falou de voyeurismo com o Lucas... – ri, balanço a cabeça.
- Vocês estavam se comendo na minha frente com olhares, me senti violada naquele momento.
- Cala a boca! Vamos subir para o quarto, precisamos de estratégias de como vou ligar com tudo a partir de agora. Fora que ainda não contei da melhor parte.
- Que seria?
- Você, Scott e Bryan.

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Estávamos de pijama com Friends passando na Tv e discutindo sobre o que faríamos em seguida.
- Mel, só tem uma coisa. O Thomas tem um irmão que só descobriu da existência após ter ido embora... E a relação dele com o Bryan é muito esquisita, não sei se eles não se gostam ou se aconteceu algo, mas tem algo ali e preciso descobrir.
- Como o quê?
- Não sei, mas tem e nós vamos descobrir. Vou ligar para o Bryan e marcar um encontro com você e irá tentar descobrir, certo?
- Por que tá tão focada nisso?
- Não sei, dentro de mim parece uma coisa importante. Tem tantas coisas que agora pretendo realmente descobrir e essa é umas das que parece mais fácil.
- Certo, vou ajudar e de quebra ainda vou tirar seu irmãozinho do sério.
- Queria entender porque não assumem que se gostam e param com isso.
- Eu? Gostar daquele pirralho? Por favor, né? Seria o sonho dele.
- Sei... - vou adorar ver o desenrolar de tudo entre esse dois. 
- Sim, mocinha. Certo que Lucas é um pedaço de mau caminho e tudo mais, mas e o Thomas?
- Como assim? O que tem o Thomas?
- Quer que repita as palavras dele? Você que me contou não se faça de louca.
- Sinceramente... Eu não sei. - fiquei olhando para as minhas mãos. - Só sei que não queria vê-lo mais, mas sei que é impossível. Estava pensando se não seria melhor a gente conversar e tentar deixar tudo claro.
- Tudo o quê, por exemplo?
- Ele foi meu primeiro amor, Mel. Teve uma parcela enorme por o que sou hoje e muita vezes na terapia se era colocado que deveríamos tentar resolver questões que nunca foram finalizadas... Com a minha mãe é bem mais difícil, com o Thomas era mais uma recusa da minha parte. Preciso contar como me senti, ainda mais que agora tem algo acontecendo com o Lucas... Preciso estar inteira se realmente quero começar algo.
- Pera, você tá falando sério? Não acredito que estou vivendo pra ver você querendo um relacionamento sério. Estou tão orgulhosa.
- Não é bem assim, não tô dizendo que eu  e o Lucas vamos ter esse relacionamento sério, mas se é pra ocorrer uma possibilidade tenho que estar livre de todas essas amarras do passado. Fora que o que me fez ter outra crise foi todas essas questões não resolvidas. Então vamos lá.
- Vamos lá?
- Vou mandar uma mensagem para o Thomas, mas primeiro vou ligar para o Bryan, marcar o encontro de vocês e pedir o contato do Thomas.

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- Pronto, passei o seu contato para o Bryan e disse que ia falar contigo. Não se esqueça de tentar descobrir o que aconteceu entre ele e o Harry. 
- Certo. E o Thomas?
- Peguei o contato, vou já ligar.
-  Tudo certo. Vou tentar dormir um pouco.
- Tá, vou tomar um banho e vou já dormir também.
Pego tudo que preciso, entro no banheiro e encaro a menina no espelho, muitas vezes não reconheço ela como sendo eu.
Essa garota é o que os outros esperavam que eu fosse desde sempre, e acreditava que quando me tornasse finalmente ia ter aceitação da minha mãe, do meu pai, o Thomas ia me amar e me encontraria feliz, mas hoje olhando para esse reflexo não consigo identificar uma fagulha de felicidade nesse rosto.

Droga. Respire fundo. Só respire, Luna.

É agora ou nunca. Pego o meu celular, procuro o contato de Thomas e disco.

Cada toque é como uma alfinetada do meu coração e é como se alguém ao meu lado tivesse dizendo que estava me traindo só de fazer isso.

Respira.

- Alô? - Thomas com uma voz sonolenta falou do outro lado da linha  e como uma simples palavra fez minhas mãos tremerem. - Quem é? Droga, que horas são?
- Desculpa o horário, é Luna. - falei engasgada. - Posso ligar outra hora.
- Luna? Não, não, Luna. Tudo bem. Droga, só estou meio perdido não esperava que fosse você me ligando.
- Ah, sim. - não conseguia falar. E agora?
- Você está bem? Teve mais alguma coisa? Ta precisando de algo?
- Não, não... Tá tudo bem. Não preciso de nada, quer dizer, preciso, mas é... - parecia que cada palavra que saía da minha boca era como estivesse engolindo pedras.
- O que? Diga.
- Preciso me encontrar com você. A gente precisa conversar, já adiamos demais.
- Concordo, quando?
- Amanhã? Você pode almoçar comigo?
- Claro, claro.
- A que no Hotel mesmo, vou enviar o endereço, almoçamos no restaurante dele.
- Certo, umas 12 horas está bom?
- Sim, claro.
- Então até amanhã
- Até amanhã.
- Luna?
- Sim?
- Fica bem, tá? Qualquer coisa, pode me ligar, certo?
- Hum, sim, não precisa, mas agradeço. Tchau.

Desliguei o telefone antes que fizesse alguma outra burrice, o que vou falar para o Thomas? Droga. Certeza que vai ser uma noite longa.

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⏰ Última atualização: Mar 18, 2019 ⏰

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