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Fomos para o terraço do meu apartamento para ver o pôr do sol. O Afonso sentou-se num dos sofás e eu deitei a minha cabeça no seu peito, a ouvir o pulsar do seu coração. Enquanto ele mexia calmamente no meu cabelo eu fazia mimo nos seus braços que rodeavam o meu corpo.

- Tinha saudades de estar assim contigo, destes momentos só nossos, deste silêncio que não diz nada, mas diz tudo ao mesmo tempo... - sussurrou - Tinha saudades do teu cheiro, do teu corpo junto ao meu, dos teus olhos brilharem quando olhas para mim e sorris, das covinhas que se formam nas tuas bochechas quando o fazes.... Tinha saudades tuas! - beijou a minha testa.

Cheguei o meu corpo ainda mais para o seu e agarrei-o fortemente inalando o seu perfume. Beijei o seu braço e aconcheguei-me no seu peito.

- Também tinha saudades disto, saudades tuas...

- Aurora, segunda é o meu aniversário...

- Eu sei... Podes tirar folga, não precisas de ir trabalhar!

- Não era isso que te ia pedir, mas obrigada!

- O que é que me ias pedir?

- Era mais um convite...

- Diz.

- Queria te convidar para o meu aniversário, ao contrário do que aconteceu com o do André vou festejar com a minha família e amigos no mesmo dia. Como no fim de semana são as vésperas de Natal e com as pressas todas habituais desses dias não ia dar para fazer a festa, por isso, como te disse será no próprio dia. Aceitas este meu humilde convite e dás-me a honra de ter a tua presença no meu aniversário?

Foi impossível prender o riso com o que ele disse no final. Deitei a cabeça nas suas pernas e enlacei os nossos dedos.

- Sim aceito o teu convite! - beijei o dorso da sua mão.

- Tendo em conta o que aconteceu, não chegaste a conhecer os meus pais, mas irás conhece-los na segunda feira, tenho a certeza que vais gostar deles...

- Só espero que eles também gostem de mim... – suspirei.

- Eles já te adoram! Eles conhecem a tua e a nossa história porque perguntaram por ti no aniversário do meu irmão e eu tive que lhes contar o porquê de não teres ido... - falou com voz triste - levei um valente puxão de orelhas deles e eles disseram que já te adoravam porque não era qualquer uma que tomava a atitude que tu tiveste...

- Mas mesmo assim, eu tenho um pouco de receio, acho que é normal...

- Sim é normal, mas como já te disse não precisas de te preocupar com isso! Vamos para dentro? Está a ficar frio!

- Sim, vamos! - entramos dentro do apartamento - Jantas cá?

- Já que insistes tanto... - sorri-lhe - Vou ligar para o meu irmão a avisar.

Deixei o Afonso a ligar para o irmão na sala e fui para a cozinha tratar do jantar. Estava a ver o que tinha e não conseguia me decidir. Senti uns braços rodearem a minha cintura, o Afonso depositou um pequeno beijo no meu ombro e descansou lá o seu queixo.

- O que é que vais fazer? – perguntou.

- Sinceramente não sei...

- Faz tacos! Foi a primeira comida que fizemos e comemos juntos! Tens todos os ingredientes que precisas?

- Tenho...

- Então mãos à obra!

Retirou as mãos da minha cintura e pegou num dos aventais que tenho na cozinha e deu-me outro. Comecei a rir quando ele o vestiu.

Lótus  (Afonso Silva)Onde histórias criam vida. Descubra agora