Capítulo 19

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Os braços se esticavam tímidos. Os olhos ainda permaneciam fechados. A mão tateou os lençóis de seda branca como se buscassem algo. Encontrou um travesseiro apenas. Seus dedos apertaram o objeto que guardava penas de ganso em seu interior, e o colocou sobre o seu rosto.

Inspirou profundamente e seu cérebro enviou estímulos para que reconhecessem de quem pertenciam aquele cheiro. Quando isso aconteceu, um suspiro fino saiu de seus lábios. Seus olhos foram abertos ainda com o objeto sobre o rosto, e um beijo foi depositado. Olívia desejava bom dia ao homem que ali esteve acomodado.

— O que vou fazer aqui o dia todo? — murmurou um pouco decepcionada de estar sozinha e jogou o seu corpo de bruços. — Talvez devesse voltar a dormir.

Tentou fechar os olhos novamente, porém, não adiantava. Estava restaurada e faminta para dizer a verdade. Depois que voltaram do jantar para aquele quarto, as atividades que foram praticadas a deixaram completamente esgotada. O Sr. White exigiu dela algo que há muito tempo não fazia, mais de uma transa por noite. Sentiu nele algo parecido com o Sr. Green, uma ansiedade de começar a próxima sem ao menos ter terminado a anterior. A diferença aqui era que gostava mais de transar com White.

— Que alternativa temos, Olívia? — falava consigo em voz alta, enquanto abandonava a cama completamente nua e dirigia-se até as cortinas de um tecido muito pesado e escuro, responsáveis por esconder a vista que aquela janela lhe ofertava. — Tomar banho e encarar esse lugar, sozinha.

Dizendo isso, abriu as cortinas. Como suspeitava, uma janela gigantesca estava sendo encoberta. Observou o campo verde sendo interrompido por uma floresta densa. Não saberia dizer que tipo de árvores eram aquelas. O que Carmim ignorou foram alguns funcionários que estavam circulando por lá, enquanto nua contemplava de forma tediosa a vista favorita de White.

Ainda suspirando pelo tédio que a dominou, seguiu para a sua rotina após despertar. O que levava mais de uma hora para finalizar. Quando finalmente deixou aquele aposento no segundo andar da ala sul da mansão, tentando relembrar o caminho que lhe levaria até a sala de jantar, ou seria onde almoçaram? Estava confusa. Eram corredores e portas. Vitrais. Lustres. Tapetes. Pinturas sob molduras austeras, que deixavam a mulher totalmente perdida naquele lugar exagerado.

— Como consegue morar aqui, Henry? Sinto-me em um filme de terror a espera de um fantasma me atacar...

Ao dizer isso, chegou ao hall da escada e reconheceu o retrato ali pintado. Henry havia lhe falado sobre ele. Pertenceu ao seu bisavô, o homem que deu origem a tudo que essa família representa. Um arrepio subiu pelas suas costas. Estava diante do seu fantasma.

— Não precisa me olhar assim! — Olívia falava diretamente com aquele retrato imponente. O homem ali pintado não lembrava o seu. Parecia mais rústico, e as roupas que vestiam ajudavam, com aqueles brasões e tudo mais. Os olhos tinham uma característica mais dura e as sobrancelhas mais finas. Quanto ao nariz, sentiu certa semelhança, mas a boca ali desenhada era muito mais cheia que a do seu bisneto. — Ele não vai se casar comigo, se é isso que pensa! Também não gostaria de viver aqui. Podemos fazer um acordo, eu te deixo em paz e você retribui o gesto, que tal?

— Srta.? — uma das criadas da casa interrompeu a conversa que Olívia travava com George White.

— Menina! — Olívia se virou quase dando um berro, levando a mão sobre o peito — Quase me matou de susto!

— Por favor, me perdoe! — a jovem respondeu totalmente constrangida.

— Está tudo bem, foi apenas um susto. — Carmim chegou mais próximo da menina. — Esse lugar me dá medo. Não se sente vigiada?

Encontro com o Prazer - Livro 1 [Completo]Onde histórias criam vida. Descubra agora