Últimos retoques em sua maquiagem. Um pouco mais de rímel e brilho nos lábios. Olhou-se no espelho, já um pouco descascado do seu minúsculo banheiro, e sorriu satisfeita. Estava pronta para cair na noite nesse seu dia de folga.
Carmim tinha uma regra desde que começara nessa vida de dar prazer aos homens poderosos que pagavam muito bem pelos seus serviços prestados. Um dia na semana era somente dela, e ali fazia o que bem entendia. E nesse em particular, decidiu que iria se acabar de dançar na pista de dança de uma casa noturna há algumas quadras de seu apartamento.
Essa noite era de Olívia ou qualquer outro nome que ela fosse inventar, tudo dependia da evolução dos acontecimentos.
Deu a última conferida diante do espelho, totalmente satisfeita com o reflexo que mostrava uma silhueta atraente. Olívia tirou do fundo do seu guarda-roupa a sua calça que imitava couro. Ficou lá por motivos de ter relaxado e seu peso aumentado, mas agora, com a intensificação de suas corridas diárias, ela caberia perfeitamente. E estava esculpindo o seu corpo.
A parte de cima foi coberta por um body que tinha um decote profundo na parte da frente, deixando boa parte do desenho dos seus seios amostra. Nos pés, o seu sapato de plataforma. Olívia queria ficar nas alturas hoje.
Casa noturna lotada. A fila para entrar quase virava a esquina, mas Carmim tinha os seus privilégios, e dessa forma, o segurança – velho conhecido de outras bandas –, liberou a sua passagem, ganhando em retribuição aquela piscadinha sacana.
Às vezes é necessário fazer algumas trocas para obter favores. Quem disse que essa vida era fácil, se enganava profundamente.
A música eletrônica já comandava o ritmo das passadas de Olívia, e seus braços já entravam em sincronia. Primeiro, iria ao ato da hidratação. Chegando ao bar, cumprimentou o barman, outro velho conhecido de Carmim. Apreciava mais as trocas feitas com ele do que com o segurança.
Houve um tempo que terminavam juntos em quase toda "noite de folga" de Olívia. Tanto, que houve um confronto entre Orange e o barman tatuado, ambos saíram com os olhos roxos e algumas costelas trincadas.
O tatuado colocou um ponto final naquele lance. Apanhar por causa de uma puta não estava em seus planos. Olívia deu de ombros e seguiu para o próximo.
Com o drink na mão, foi para a sua ronda pelo lugar que tinha uma decoração futurista, luzes piscando incansavelmente, corres berrantes, alguns pufes jogados em pontos estratégicos e mesas com design arredondado lembrando naves espaciais na área VIP. Foi para lá que se dirigiu. Algumas colegas da mesma agência em que trabalhava estavam se divertindo ali. Desde que aceitou ser exclusiva do Sr. White e abandonou a agência, não tinha visto mais as meninas e agora aproveitava para matar a saudades e colocar o papo em dia.
O som vinha alto e Olívia se divertia na pista, adorava esse tipo de música e ambiente. Nessas horas, esquecia que tinha 36 anos e voltava a ter 20.
Um pouco mais de bebida e alguns alucinógenos dispensados. Já não precisava mais disso para se divertir, houve um tempo, bem lá no começo, que eram necessários, ou até indispensáveis.
Em meio a tudo isso, um olhar a seguia. E atenta a movimentação, passou a provocá-los ainda mais.
Seu corpo ondulava conforme a música e uma mão grande e forte a envolveu pela cintura. Em instantes, um corpo imenso se moldava ao seu embaixo daquelas luzes oscilantes. O rapaz era muito alto. Olívia cabia quase que inteira dentro daquele corpo torneado por horas dispendidas em treinos e academias. O jovem rapaz negro era um atleta bolsista da Universidade de Chicago, e estava ali com alguns amigos comemorando a vitória de seu time.
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Encontro com o Prazer - Livro 1 [Completo]
Romanzi rosa / ChickLitExiste o momento certo de parar? Elisa Carmim estava decidida quando escolheu ser uma acompanhante de luxo. Agora passado tanto tempo dessa escolha, sente que chegou a hora de abandonar, antes de entrar em decadência. Não se perdoaria se isso aconte...