O despertar daquela manhã veio com uma cabeça latejando. Ainda estava de transversal em sua cama sobre a colcha de piquet branca, dada por sua mãe há muitos anos. As roupas que cobriam o seu corpo eram as usadas do dia anterior. Uma saia justa preta e uma camisa preta de seda. Apenas as botas haviam sido removidas.
De forma lenta e penosa, colocou-se de barriga para cima. Seus olhos lacrimejaram quando a claridade do dia os encontrou. As mãos foram de forma mecânica para o topo de sua cabeça. Tinha consciência do exagero e o que isso iria lhe custar. Dores pelo corpo até que todo aquele álcool consumido fosse expelido.
Arrastou o seu corpo até a beirada da cama tentando sentar-se ereta. A cabeça ainda sofreria mais nesse processo. Precisava tomar um café bem forte. Levantou-se cambaleando indo até seu pequeno e desorganizado banheiro. Olhou-se no espelho e viu seu rosto todo marcado e com a maquiagem toda borrada.
Uma chuveirada fazia-se necessária.
A roupa foi arrancada de seu corpo de forma dolorosa. A água quente lhe envolvia, amenizando as suas tensões. Lavou os cabelos, retirou ali mesmo o que sobrou da maquiagem feita do dia anterior e escovou os seus dentes.
Permitiu-se ficar embaixo da água quente que lhe acolhia por um tempo maior do que usual. Ao se despedir daquele abraço quente, o ar fresco de fora do box lhe trouxe a realidade. Uma ressaca brava que lhe custaria todo aquele maldito dia. A toalha cinza escura foi passada sobre o seu corpo, antes alvo, e agora, levemente avermelhada. De volta ao seu quarto, totalmente nua, apenas colocou uma calcinha comum e uma camisa com a estampa da banda de rock AC/DC.
Dividia esse gosto pela banda com Orange. Pôde ir certa vez, há algum tempo, assistir um show daqueles músicos que pela idade já deviam estar aposentados, porém, mostravam outra realidade em cima do palco. Uma noite que jamais sairia de sua memória. Diferente da que tivera na anterior. Pouco conseguia lembrar naquela hora do despertar, talvez com o passar das horas as lembranças viriam mais nítidas.
A ida ao pub já estava programada com certa antecedência. Aniversário de uma de suas únicas amigas que lhe sobrara. Orange reuniu-se com os músicos de sua juventude e fariam um show para essa amiga querida. Olívia – sem chances de Carmim aparecer –, aguardava ansiosa por essa comemoração. Gostava de se reunir com a sua antiga turma. Fazia isso muito pouco. Sabia que as esposas atuais de seus colegas a reprovavam, e para evitar constrangimentos, se mantinha afastada.
Mas um dia antes, algo fora do seu controle aconteceu.
Não fazia muito tempo que havia chego até o seu apartamento no segundo andar em Wrigleyille. Um bairro agitado com os seus pubs e os entusiastas de esportes. Destino dos solteiros e aventureiros, dos happy hours, da diversão garantida. Olívia gostava muito de viver ali.
Mal havia depositado o seu alimento comprado na mercearia da esquina quando a campainha de sua porta soou. Um suspiro longo saiu dos seus lábios ainda com cores artificiais do seu batom favorito. Aquele que Olivia usa e que Carmim passa a quilômetros de distâncias. Pensou que veria o rosto de Orange, mas para a sua surpresa, fora outro rosto que ficara gravado em sua retina.
Não teve sequer tempo de esboçar o seu espanto. Os lábios dele se comprimiram aos seus e suas mãos a enlaçaram de tal forma que não conseguia se movimentar. A porta permaneceu escancara o tempo todo em que ele invadia com a sua língua urgente a boca da mulher que tanto desejava.
— Sr. White! — Olívia, atordoada com aquilo, falou o seu nome entre os dentes.
Ao mesmo tempo, observou a porta sendo fechada e novamente ter o seu corpo violado pela luxuria daquele magnata do ramo farmacêutico que pagava para ter a sua companhia.
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Encontro com o Prazer - Livro 1 [Completo]
Genç Kız EdebiyatıExiste o momento certo de parar? Elisa Carmim estava decidida quando escolheu ser uma acompanhante de luxo. Agora passado tanto tempo dessa escolha, sente que chegou a hora de abandonar, antes de entrar em decadência. Não se perdoaria se isso aconte...