Capítulo 12: A calmaria

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Umas semanas mágicas seguiram-se após o aniversário do Albérico, mudando minha opnião daquela antiga casa que caia aos pedaços.

Primeiramente as baratas sumiram por um tempo legal ( E olha que eu ate procurei direitinho)

A convivência naquele abrigo anti-bombas  melhorou bastante comparado aos tempo anteriores: O Isaque comprou um DVD e uma TV pequena, além de um kit interminável de filmes velhos que eu nunca tinha assistido. Dessa forma nos autodeclarávamos de folga, passando horas jogando conversa fora( principalmente na séria Carga Explosiva).   

Falando no Isaque, era divertido vê a maneira como ele se empolgava com os efeitos especiais dos anos 90.  Era algo mais ou menos assim:

Você viu isso Marcos, essa cena foi demais: Fiquei ate arrepiado. Não... Vou repeti de novo.

Sem problemas companheiro, respondia eu rindo.

Então ele voltava a cena e ficava ainda mais animado vendo-a pela segunda vez.

Você tem um bom coração Isaque, conserve-o.

Sei não Marcos, eu não te cortei não?

Contou o que?

Um cara tava me incomodando na rua, eu chamei ele de SUJEITO.

Você chamou ele disso?

Depois ainda chamei de INDIVÍDUO.

Ta ai, gostei. Vou adotar essas expressões.

Eita que esse Marcos é uma figura! Pega  chocolate na geladeira e volta pra gente assistir mais.

Chocolate?

Sim, tem bolo também e um dinheiro também: Pra ajudar você na despesa.

Opa, sério?

Você é demais Marcos e eu estou devendo uma contribuição.

Então só faltou o refrigerante.

Poxa é verdade, guenta ai que vou comprar

Não Isaque foi brincadeira:

A sujeito, eu acreditei que queria mesmo. Agora eu te pego numa pergunta sem escapatória: Se eu tenho um coração bom por que eu gosto tanto das cenas violentas em que o mocinho apanha?

Ta ai uma boa pergunta: Mas quando se trata de chocolate quem liga pra elas?

Devoramos a caixa em questão de minutos, apreciando cada segundo daquela paz incomum.

Talvez o alto teor de açúcar  tenha mexido com minha percepção por que passei achar aquele lugar agradável onde nem a distância que tinha que andar todos os dias diminuía a sensação de aconchego advinda não sei da onde.

Não sabia eu que estava no olho da tempestade e que o pior ainda estava por vim...

 

Lá na casa do AlbéricoWhere stories live. Discover now