Por alguma conspiração do destino, a casa do Albérico ficava justamente no bairro do centro mais distante da universidade, o que resultava em sofridas andadas de 40 minutos toda vez que dava o horário das aula que ocorriam tanto pela manhã, como pela tarde e as vezes ate a noite.
Como a instituição que estudava era muito eficiente, ainda programavam aulas para as 13:00 da tarde, nos forçando a aguentar o auge do sol de Cruz das Almas.
Poucas coisas são inesquecíveis nessa vida: O calor do sol do meio dia de Cruz das Almas para quem percorria 40 minutos a pé com certeza era uma delas.
No começo procurava levar da melhor maneira possível, acreditando que aquilo era um exercício natural que me ajudava manter a forma: O que de fato aconteceu: Pesava 62 quilos( Hoje estou com 73).
Um mês depois já estava de saco cheio daquele andada e tão bronzeado do sol do meio dia que nem me importava mais com exercício físico ou mesmo meu controle de peso.
Felizmente meu pai havia me dado a brilhante ideia de comprar alguns meses atrás uma bike usada muito barata que me ajudasse a vencer o percurso chato sem gastar aquele tanto de tempo diariamente.
Ainda hoje me pergunto por que eu dei ouvidos...
Uma bike preta metálica de 75 reais incluso garantia de 4 meses parecia algo muito bom pra realmente ser verdade. A comprei feliz e sair pedalando dali mesmo por todo centro ate chegar a aula e depois ate chegar em casa, diminuindo o tempo gasto para exatos 20 minutos. Bem... Pelo menos em alguns dias da semana. Isso por que semana sim e semana não o pneu esvaziava mas como tinha a garantia do velho tava suave( Levava a bike na oficina e o problema era resolvido).
Entretanto na casa do Albérico, a bicicleta passou a deixar muito a desejar, funcionando nos dias de sorte dia sim e dia não ou( como me acostumei a pensar) nos dias que não tinha sorte: Uma hora funcionava e no resto do dia ficava na oficina.
Pior do que andar 40 minutos no sol do meio dia de Cruz das Almas( calor de 35 graus) era andar 40 minutos no sol do meio dia de Cruz das Almas empurrando uma bike velha com pneu murcho.
Ate aquele momento não pensava que o problema estava na casa do Albérico, por isso passei a trocar pesas da velha bike buscando resolver o problema persistente. Depois de um mês nesse dilema não havia alcançado o mínimo resultado positivo,fato que me levou a dar a bike ao primeiro que aparecer-se pela frente e voltar a andar aquele quente percurso cotidiano.
Nem sempre a caminhada era de baixo de sol para ser mais exato. Em Cruz, Chovia muito simplesmente do nada e mais frequentemente entre as 16:00 horas e as 19:00 o que me fazia andar com guarda-chuva o tempo todo, caso contrário teria que andar 40 minutos de baixo de chuva e vento frio, algo nada agradável( acredite!)
Pior do que andar 40 minutos debaixo de chuva nas ruas escuras e desertas de Cruz das Almas é andar descalço pelo mesmo cenário por que andando tanto não tinha calçado que aguentasse por muito tempo (Isso aconteceu comigo uma única vez e foi voltando pra casa do Albérico...)
O Lauro Passos era um bairro deserto mesmo para Cruz das Almas e depois que havia visto um assalto no primeiro dia como morador fiquei um tanto assustado. Então andava o mais rápido que podia para chegar em casa depressa onde estaria um pouco mais seguro( afinal nunca me senti muito seguro no local).
O Albérico deitado na rede era geralmente a única pessoa que encontrava no caminho: O que me deixava feliz de uma forma que ninguém vai compreender( Na verdade era a sensação que dá quando estamos sozinhos e de repente alguém chega para falar com agente)
Depois de da uma noite atravessava o quintal escuro, passava a chave na velha porta ancestral e me trancava em casa de imediato.
Ali permanecia na companhia das baratas ate dormir já que Jabes nunca estava em casa: O que eu detestava já que não gostava de ficar sozinho.
Mas você deve estar se perguntando: E o Isaque? Ele não morava com você?
O Isaque trabalhava viajando e chegava em casa quase sempre de surpresa e em momentos que estava tão cansado que preferia ficar sozinho, mas isso vai ser coisa do próximo capítulo.
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Lá na casa do Albérico
AventureSer universitário foi um dos maiores desafios da minha vida. Sei que não fui o primeiro e provavelmente não serei o ultimo, nem tão pouco o dono das melhores histórias, mas o tempo que passei na casa do Albérico foram os mais representativos dos me...