Capítulo 4

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A lembrança do nosso primeiro e último encontro veio a tona, para me assombrar.

Nós estávamos rindo sem parar da história que ele tinha acabado de contar de quando era criança.
A sua risada. Suas covinhas marcando suas bochechas. Suas maçãs do rosto perfeitamente marcadas e levemente coradas por causa do vinho que estávamos tomando. Ele é tão lindo, será que ele sabe disso?

Eu gostaria de dizer a ele todos os dias o quão lindo ele é e o quão feliz ele me faz sem ao menos souber. Ou será que ele sabe?

Ele era o único que conseguia me fazer rir em lugares impróprios, como na biblioteca. Eles não deixam mais eu e Harry entramos juntos, porque sabem que vamos rir e vamos atrapalhar os outros alunos.

Sua risada rouca me dá vontade de gravá-la e ouvi-la várias e várias vezes, sem enjoar.
Eu nunca me enjoaria, não dele.

As suas mãos nas minhas me fizeram voltar para a Terra. Eu as olhei e sorri, eu ergui meu olhar e lá estava ele me olhando com o seu sorriso iluminado e seus olhos esverdeados brilhantes.

Ah, esses olhos... Eu ia dormir e acordava pensando neles. Não via a hora de vê-los.

Eu olhei para as nossas mãos novamente e agora seu polegar alisava as costas da minha mão, me fazendo sorrir mais ainda.

Eu queria poder congelar esse momento para sempre. Só eu, ele e nossas mãos juntas.

Nós nem precisávamos falar nada, só bastava um simples gesto que estava tudo maravilhoso.

E se eu abrisse a boca, provavelmente eu iria estragar o momento. Então assim estava maravilhoso.

Mas foi aí quando eu ouvi ela gritando o meu nome por todo o bar, me fazendo recolher rapidamente as minhas mãos e as colocar no joelho.

Dei um sorriso meio torto para Harry, que me olhava com os seus olhos arregalados e confusos.

O que ela está fazendo aqui?

Ela iria estragar tudo, eu sei disso! Eu a conheço.

Viro o resto do vinho que havia em minha taça goela abaixo.

— Ai meu Deus, finalmente eu te achei.

Ela jogou seus longos cabelos loiros meio enrolados para cima do ombro, ajeitou o vestido, se sentou ao lado de Harry e o encarou.

A minha vontade era de gritar com ela e chutar sua bunda branca daqui.

Como ela pode ser tão inconveniente?

Eu pedi à Deus mentalmente para que eu não pulasse em seu pescoço.

— Então é esse o cara que você não para de falar um segundo se quer?

Ela soltou uma risadinha e se virou para Harry, que me olhava confuso e perdido.

— Taylor. — a repreendi entre dentes.

— O quê? Você sabe escolher bem. Está de parabéns!

Ela está fazendo tudo o que eu tinha deduzido o que ela fazer. Eu ainda continuo querendo chuta-lá daqui.

Eu pedi mais uma bebida, a mais forte de todas para aguentar essa garota.

Harry a olhou com um olhar confuso e finalmente falou:

— Quem é você?

Ela deu um sorriso malicioso pra ele, esquecendo totalmente da minha presença ali.

— Posso ser quem você quiser.

O quê? Meu subconsciente gritou, me causando náuseas.

Harry riu nervoso.

— Eu sou a melhor amiga dessa coisa que está na sua frente. — continuou, jogando a cabeça pra trás e rindo, Harry deu um sorriso torto pra mim, mas eu não retribui.

Eu estava nervosa, magoada, triste, brava, uma confusão de sentimentos negativos. Uma nuvem negra tinha se alojado em cima de mim.

Minha bebida chegou e eu agradeci o garçom com um gesto.

Harry e Taylor conversavam como se eu não estivesse ali. Taylor estava quase no colo dele e era nítido que ele estava meio sem graça, mas gostando da situação.

Aliás, quem não gosta de uma mulher sedutora e extrovertida?

Eu virei minha bebida num gole, que desceu queimando a minha garganta e avisei que iria ao banheiro, mas ninguém deu a mínima.

Assim que cheguei ao banheiro, meus olhos se encheram de água num instante.

Eu estava triste. Ela conseguiu estragar o meu dia, que até então estava perfeito.

Taylor sempre queria o que eu tinha. Sempre que eu batalhava pra ter e demorava pra obter, ela estava lá, esfregando na minha cara que tinha conseguido primeiro que eu.

Mas apesar de todas essas coisas que fazia, eu ainda a amava. Ela ainda era a minha melhor amiga desde sempre e eu sempre estava lá por ela e ela por mim — às vezes.

Eu me lembro que depois desse dia, eu não conseguia mais falar com Harry e muito menos com a Taylor.

Eu sei que é muito infantil da minha parte, mas depois que eu fui embora do bar sem ninguém ter sentido minha falta ou vindo atrás de mim perguntando o que tinha acontecido. Eu percebi que ninguém me queria lá e que eu só estava sendo um obstáculo para os dois.

Foi tudo ilusão da minha cabeça, realmente partiu meu coração. Eu gostava dele como eu nunca havia gostado de ninguém.

Eu pedi transferência da faculdade e fui terminá-la em Los Angeles. Onde eu tive tempo para por minha cabeça no lugar, jogar no lixo toda a mágoa e seguir em frente.

Mas hoje em dia, toda essa mudança foi em vão.

Depois de alguns meses sem falar com eles, Taylor me ligou chorando dizendo que sentia minha falta. Meu coração era mole demais para deixá-la de lado. Passamos o dia todo conversando, até que ela solta a bomba dizendo que ela estava namorando com Harry e que estava mais feliz que tudo.

Eu não estava surpresa, Justin me mantinha informada sobre o que estava acontecendo em Nova Iorque, mas quando ele disse passei o dia todo chorando de raiva misturada com tristeza.

Tudo que eu fiz foi fingir surpresa e parabenizá-la. Eu era uma péssima amiga.

O meu pensamento era: se a minha amiga estava feliz, eu também estava e que se dane Harry Styles.

Eu estava tentando provar a mim mesma que eu não me importava mais com ele, mas no fundo eu sabia que ele era a pessoa que eu mais me importava. Eu pensava nele todos os dias e eu o sempre empurrava para fora de meus pensamentos.

Eu sempre dizia que era só uma paixãozinha temporária, mas eu estava bem enganada. Meses e anos se passaram e eu ainda estou aqui lamentando por toda a merda que tinha acontecido.

Los Angeles fez bem para mim. Eu tive amigos, eu me dei bem na faculdade, eu tive um estágio remunerado. Eu tinha praticamente refeito a minha vida lá.

Eu até tinha conhecido alguém, ele me lembrava Harry. Foi aí que eu me toquei que eu estava procurando alguém parecido com ele em tudo, para me sentir mais feliz?! E disse ao cara que não poderíamos continuar com seja lá o que nós tínhamos.

Eu estava feliz ou eu estava fingindo que estava feliz?

Something Borrowed | hendallOnde histórias criam vida. Descubra agora