ALIVE

22- Matt

Eu já estava há quase uma hora fazendo todos os procedimentos na penitenciária estadual para fazer uma visita ao meu pai. Eu fui revistando tantas vezes que perdi a conta. Eu já tinha entregado meu celular, documentos e tudo que tinha comigo.Não fiquei com nada além da roupa do corpo. Eu estava Ansioso para vê-lo e ao mesmo tempo desesperado, seria a primeira vez que eu veria ele desde que tinha 12 anos, logo que ele foi preso eu vim visita-lo com minha mãe. Quando eu acreditava que ele era inocente, Quando achava que ele não só era o melhor pai, mas também a melhor pessoa do mundo. Até eu descobrir das coisas que ele fez a tantas pessoas inocentes que ele matou. Então eu nunca mais quis vê-lo, e eu pretendia continuá-lo ignorando, Mas não posso fazer isso quando ele só tem menos de um mês antes que seus ossos sejam torrados em uma cadeira elétrica.

Ele pode ser o pior dos monstros, assassino, corrupto, sociopatia, o que seja. Mas ele Ainda é meu pai.
O pai que me ensinou a andar de bicicleta e como dar em cima das garotas. O homen que sempre cuidou de mim, que me ensinou tudo que sei sobre motos desde montar a desmontar. Era ele quem me colocava para dormir enquanto criávamos nossa própria história juntos onde nós dois éramos os heróis. Algo bem irônico sobre o que nos tornamos.

Eu estava em uma mesa na sala de visitas, eu estava olhando ao redor aonde os presidiários com seu uniforme laranja, conversavam com seus parentes, me perguntando se algum momento eles se arrependem de verdade, me perguntando se o tempo voltasse, sem eles saber que seriam pegos, se não fariam tudo de novo?!

Quando uma cela que levava direto para sala de visita foi aberta dois policiais entraram puxando meu pai. Ele estava com algemas nas mãos e nos pés, e parecia maior do que da última vez que eu o vi. Ele sempre foi grande e forte, mas ele parecia mais do que o normal.

Assim que ele me viu ele abriu um sorriso enorme no rosto, enquanto eu me questionava se estava fazendo a coisa certa, se não deveria estar em outro lugar, ou se não iria me arrepender disso depois.

Um dos policiais puxou a cadeira para meu pai se sentar na minha frente, e quando ele sentou pude reparar que ele estava com um olho roxo e cheio de cortes no rosto. Seu cabelo estava grande e sua barba também, eu quase não o reconheci.

— Filho.
Disse ele com sorriso no rosto me encarando, e eu provavelmente estava sem expressão alguma porque não sabia como reagir.

— 15 minutos.
Disse um dos policiais antes de se afastarem de nós

— Você não tem noção do quanto eu esperei por esse dia... Você cresceu, Olha pra você... Está um homem.
Ele continuava com o sorriso orgulhoso me olhando, e eu continuei firme sem encara-lo nos olhos. Enquanto tudo o que queria era sair correndo e chorar em algum canto isolado do mundo.
— Eu sei que deve estar com raiva de mim, e eu não o culpo...

— Você matou crianças.
Falei o olhando em seus olhos desta vez
— Como conseguia, tirar a vida delas e depois voltar pra casa pra me colocar pra dormir?
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto enquanto eu falava sem eu nem perceber

— Eu sinto muito, eu sinto mesmo você não tem ideia do quanto. Se eu pudesse voltar no tempo eu faria tudo diferente.
Disse ele e eu revirei os olhos enquanto secava meu rosto com a manga da minha camisa.
— Eu deveria ter sido um pai melhor, um marido melhor... Uma pessoa melhor. Eu não deveria ter feito as coisas cruéis que eu fiz, e eu estou pagando as consequências por isso, acredite.

— Como? morrendo? Que se foda você e essa pena de morte, quem foi o filho da puta que inventou isso?, isso não é pagar, isso é te dar o caminho mais fácil.

— Filho eu entendo toda sua raiva.
Disse ele encostando na minha mão e eu a tirei de cima da mesa na mesma hora.
— Se isso fizer alguma diferença quero que saiba que eu conheci deus, e estou tentando ser uma pessoa melhor, ele me ensinou que nunca é tarde para isso.