— Aí eu soquei a cara dela! – disse e tomei mais um gole da bebida em minhas mãos.
— Dinah Laurel Lance, você está bêbada?
— Na verdade isso é água. – admiti e deitei sobre a mesa. – Nem pra beber eu sirvo.
— Se eu rir agora seria muito inapropriado? – Ted questionou e eu o encarei – Tá legal, mas o que quer que eu diga? Nunca vivenciei uma situação parecida!
— Eu sei. Mas não quero que você diga nada. Na verdade só queria poder conversar com alguém de confiança.
— Por isso viajou até Gotham? – assenti. – Eu não sei o que fazer, Ted. Ao mesmo tempo que eu quero socar os dois com toda a minha força, também quero voltar lá e saber se aquela mulher é mesmo a minha irmã, dizer pra ela que eu senti muita falta dela e a abraçar.
— Porque não fez isso quando teve a chance?
— Porque minha vontade de socar a Sara estava falando mais alto. E ainda está. – respirei fundo e me joguei para trás no assento confortável da lanchonete. – Acho que preciso chutar alguns traseiros.
— Tá, mas e essa coisa de ela ser a Canário Branco? Não está curiosa sobre isso?
— Pra falar a verdade eu nem pensei nisso. Fiquei tão chocada com o fato da Sara estar ali que nem me detive na questão de ela ser uma criminosa.
— Sem ofensas Dinah, mas sua vida é uma bagunça!
— Sei disso. – rebati conformada.
— Não, é sério! Pessoas como nós costumam ter a vida bagunçada, mas todos nós precisamos de uma âncora.
— Como assim? – me inclinei para ouvir melhor o que ele dizia.
— O que eu estou dizendo, é que você precisa de algo que a faça sentir a calmaria de vez em quando. Eu sei que você adora ser a Canário Negro, e um dos motivos é a sensação de liberdade que isso te traz. Mas você tem que parar em alguns momentos.
— E qual é sua âncora?
— Minha filha. – o encarei surpresa – As pessoas acham que âncoras são coisas ruins, que só puxam para baixo. Mas não pararam para analisar do ponto de vista de que também podem ser usadas para nos parar um pouco e curtir as pessoas que estão ao nosso redor.
— Acho que não tenho uma âncora. – refleti - Talvez meu pai. Mas quando estou com ele, falamos muito sobre trabalho.
— Talvez não tenha a encontrado ainda.
— E será que um dia eu vou? – ele riu.
— Dinah, você é um boa pessoa. Não acho que coisas ruins estão reservadas para você.
***
— Liga dos o quê?
— Liga dos Assassinos. Fui treinada por eles depois que a filha do homem que comanda a Liga me encontrou vagando na ilha. – Sara contou e eu cruzei os braços a encarando. – É verdade, eu juro.
Segundo o exame de DNA que Henry tinha feito, aquela era mesmo Sara Lance, minha irmã. Oliver me fez prometer que não a socaria até que ela nos contasse a verdade sobre sua não morte. Ele obviamente estava tão curioso e confuso quanto eu.
— Eu acredito. Por isso voltou para a cidade para se tornar uma criminosa? Só porque foi treinada por essa tal "Liga dos Assassinos"?
— Eu não sou uma criminosa!
— Você agrediu policiais!
— Porque eles eram corruptos! Não agredi nenhum inocente. Aqueles policias trabalham para Frank Bertinelli, um bandido dos grandes que agora foi preso.
— Foi preso por minha causa. Eu assumi o caso depois que ninguém mais queria ir contra ele. – expliquei.
— Dinah Laurel Lance, sempre tentando salvar o mundo! – Sara sorriu e eu a encarei com a cara fechada – Foi por isso que se tornou a Canário Negro? Para ter mais uma maneira de salvar o mundo?
— Na verdade eu fiz algumas viagens depois que tive meu coração arrancado do peito e jogado no mar. Em uma delas um acelerador de partículas explodiu e agora eu posso explodir a cabeça de alguém com o meu grito sônico.
— Interessante! Mas como aprendeu a lutar tão bem? Sabe, eu fui treinada pela Liga dos Assassinos, os melhores combatentes desde várias décadas, porém você conseguiu me derrubar. Como fez isso?
— Também fui treinada por um excelente combatente.
— Trouxe café! – Oliver anunciou entrando no esconderijo e eu o fuzilei com o olhar. – O que foi?
— Vocês dois estão juntos?
— Não! Claro que não! – respondi rápido – Acha mesmo que eu voltaria com ele depois daquilo?
— Nós apenas trabalhamos juntos. Eu como Arqueiro Verde e ela como Canário Negro.
— Na verdade nem trabalhamos juntos mais.
— Sobre isso...
— O quê? Vai me insultar novamente ou me chantagear? Sinto muito, mas as coisas não funcionam assim, Oliver. – ele suspirou.
— Eu só queria conversar.
— Agora não é o momento. – me virei para Sara – E porque Canário Branco?
— É uma longa história, mas me chamavam de "Canário" na Liga. O "Branco" foi apenas pela cor do traje que resolvi usar.
— Uma infeliz coincidência. – revirei os olhos – Porque voltou?
— Porque eu já tinha cumprido meu dever lá e eu queria te ver, ver o papai, ajudar a cidade com minhas habilidades.
— Qual era seu "dever" lá? – Sara desviou o olhar.
— Não vem ao caso.
***
Nesse momento eu encarava meu prato cheio de comida enquanto meu pai conversava animadamente com Sara no jantar em família que ele insistiu em fazer para comemorar a volta da minha irmã.
— Sara, minha querida, não sabe o quanto eu e Laurel estamos felizes! Não é Laurel? – os dois me encararam e eu balancei a cabeça saindo do transe.
— É. – sorri. Os dois continuaram conversando enquanto eu contava o número de ervilhas no meu prato. Sinceramente, aquela situação me deixou sem fome.
O toque do meu celular me despertou e assim que vi que Henry estava me ligando, atendi na hora.
— Laurel?
— Sim?
— Oliver saiu para verificar uma denúncia de um criminoso aparentemente perigoso nos Glades e me pediu para te contatar caso ele não voltasse em uma hora. Então bem... Você entendeu. – bufei e esfreguei as têmporas. Quando Oliver vai parar de me encher? – Liguei em má hora? – olhei de relance para meu pai e Sara que me encaravam.
— Não, já estou indo.
— Obrigado. – levantei pronta para sair.
— Aonde vai?
— Assunto da Canário Negro. – meu pai assentiu e Sara fez menção de levantar mas eu segurei o braço dela.
— Você fica! – apontei de leve a cabeça para o meu pai. Nós tínhamos combinado em não contar para ele que ela era a Canário Branco, pelo menos por hora. – Henry, ainda está aí?
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Canary Cry
FanfictionLaurel tinha acabado de chegar de Central City, onde o acelerador de partículas havia explodido e dado um novo rumo à vida da advogada. As coisas também não estavam às melhores em Star City depois da chegada do misterioso Arqueiro Verde e do reapare...