Find Your Love

15.

- Oi, meu amor! - falei assim que entrei no quarto e encarei o rostinho frágil de Enrico.

- Tia Cate! - Gargalhou e levantou uma mãozinha em minha direção. - Eu estava com tanta saudade.

Ele arregalou os olhos e franziu a testa de modo dramático, como ele sempre foi acostumado a fazer.

Acordar com a notícia que ele havia saído da UTI e ido direto para o quarto foi a melhor sensação da minha vida. Meu menino estava ótimo de acordo com o médico, mas iria precisar ficar alguns dias no hospital para observações.

- Mas é lógico que eu estaria aqui no primeiro segundo de visitas. - Dei um beijinho em sua testa. - O senhor para de me dar sustos, eu já sou velha pra isso.

- Tá bom, tia. Mas nem eu sei o que aconteceu comigo... - Ele levantou os dois ombros. - mas agora o médico falou que eu tô bem.

- Vou acreditar em você.

Deixei minha bolsa no armário que havia no quarto e me deitei ao lado do Rico, torcendo pra que nenhum médico aparecesse ali pra me dar qualquer bronca.

- E o tio Cristiano? - Senti suas mãozinhas geladas em meus cabelos.

- Ele vai chegar hoje à tarde... vou ver se ele consegue vir te ver, tá?

- Tá bom!

Ficamos ali conversando e rindo das carinhas do Snapchat.

Eu me lembrava exatamente de quando conheci Enrico, ele foi a primeira criança que tive contato no Instituto, foi ele quem abriu a porta e me recebeu com o sorriso mais lindo no rosto. Desde então eu havia me apaixonado pedacinho por pedacinho daquele menino.

- Sabia! - Dona Su entrou no quarto rindo. - Apostei com abuela Nina que você não demoraria nem duas horas pra chegar aqui.

Ela riu mais uma vez e se aproximou me abraçando.

- Na verdade... eu demorei uma hora e quinze minutos. - Mordi a boca, tentando reprimir uma risada, mas Enrico foi o primeiro a rir e me levar pro mesmo caminho.

- Tia! - Rico sussurrou, segurando minha cabeça. - Pede ela pra você dormir comigo hoje.

Olhei pro rosto do mais novo e era impossível não se derreter vendo a carinha de gatinho do Shrek olhando pra mim e fazendo beicinho.

- Su... - falei mais alto, já que ela estava arrumando alguma coisa no banheiro.

- Eu ouvi. - Riu. - Vocês dois são danados! Não vai te atrapalhar, Cate? O Cristiano chega hoje...

- De forma alguma! - Me apressei em dizer. - Ele entende muito bem, deixa, Su. Só hoje...

- É, mamãe, só hoje.

- Olha, vocês dois juntos não dá certo. Olha isso... tá bom! - Riu.

- Dancinha da vitória! - Enrico falou um pouco mais alto, o tanto que sua garganta permitia.

Com a mãozinha que estava livre das agulhas ele segurou a minha, levantando e subindo as duas enquanto mexia todo seu corpo.

- Nossa dancinha da vitória precisa ser maneirada - falei rindo enquanto ele fazia careta e se deitava novamente.

Uma enfermeira entrou no quarto e rapidamente me levantei, não querendo levar esporro e também porque meu celular estava tocando.

- Oi, amor! Como estás?

- Estoy bien! - Percebi sua voz um pouco carregada e excitante.

- Já chegou em Madrid? - Me sentei no pequeno sofá, aproveitando pra assistir o que a enfermeira estava fazendo no Rico.