18.

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- Podemos conversar? - Falei enquanto abria a porta do quarto.

- Tudo bem.

Meu irmão se levantou, sentando na cama, deixando um espaço ao seu lado para mim.

- Por onde você quer começar? - Olhei em seu rosto, mas ele prontamente desviou seu olhar do meu. - Eu quero honestidade, o que sempre tivemos um com o outro.

- Você se doa demais pros outros, eu vi isso a minha vida inteira. - Soltou uma risada nasalada. - Sempre vi você ajudar todos a nossa volta e ninguém te questionar se você estava bem também, você apenas guardava pra si e colocava um sorriso no rosto disposta a ir ajudar a próxima pessoa da fila.

- Eu sempre fui muito aberta com você e a Dani, sempre, e eu gosto de ser útil pra quem está em minha volta.

- Não, não totalmente. Eu consigo contar nos dedos as vezes que te vi chorando, Cate. - Ele se virou pra mim e pela primeira vez me encarou. - Desculpa se voltei a te assustar hoje, mas depois que vi toda essa situação, a perda do Enrico, eu me lembrei de tudo, ele não pode simplesmente chegar e te bagunçar por inteira justo quando você está frágil, retraída.

- Nós dois já havíamos conversado antes, eu não sou ninguém pra julgá-lo e os gêmeos aconteceram antes de existir uma Caterine e Cristiano. - Respirei fundo. - Eu não quis conversar isso com você por telefone, Iago...

- Era só você me ligar, eu ia chegar aqui no próximo segundo. Eu amo tanto você e a Dani que eu não meço esforços por vocês, eu quero sempre estar aqui quando precisarem. - Segurou minha mão, apertando levemente.

- Eu finalmente estou conseguindo viver minha vida, não só focar na marca, mas eu tenho com quem me preocupar, tenho alguém que cuida de mim, se preocupa comigo e que me deu tanto apoio que eu nunca imagem ganhar depois de anos. - Me ajeitei na cama, enquanto ele fitava a parede a nossa frente. - Eu sei que a dor que sinto pelo Enrico ninguém no mundo vai conseguir tirar, mas ele queria me ver feliz, e eu acho que estou feliz.

- É isso que eu quero. Te ver feliz, realizada, do lado de alguém que saiba de proteger, mesmo você tendo essa armadura. Se ele é o cara que te faz feliz, te faz querer ter uma família, e que te mostre que você não precisa fazer tudo por conta própria, principalmente ser feliz, eu não sou ninguém pra julgar, então eu vou te apoiar, apoiar vocês e a família que construírem juntos.

- Eu sei disso, você sempre me apoia e agora não seria diferente. - Sorri. - Mas ainda tenho dúvidas, medos. Eu nunca me imaginei em um relacionamento, ainda mais sendo namorada de um cara mundialmente famoso e pai de três crianças.

- Se você aceitar toda essa situação... Ótimo! - Riu, se levantando e agachou na minha frente. - Eu vou tentar ser o melhor tio ou sei lá o que para todos os filhos que vocês tiverem. Mas por favor, não deixe nada te quebrar depois, justo você que sempre juntou cada pedaço e tentou consertar todas as situações difíceis que cada um que passou por sua vida sofreu.

Eu o abracei, com toda a força que consegui.

- Eu te amo, tanto. - Encostei minha cabeça em seu ombro, respirando fundo. - Escuta a mamãe e vai conversar com seu terapeuta com quem você preferir. Mas eu não quero te ver agressivo de novo, não quero me lembrar de como você era na sua adolescência. Você é muito bom pra passar por tudo isso de novo.

Durante a adolescência meu irmão foi diagnosticado com Transtorno Explosivo Intermitente, ou apenas Síndrome De Hulk. O diagnóstico veio depois de alguns péssimos episódios de fúria e ataques agressivos, e o principal motivo para ele ter aceitado iniciar o tratamento foi a última briga que teve.

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