Capítulo 8

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— Vamos, entre logo!
— Você conhece mesmo aquele cara? Ele pode ter sido a última pessoa que viu o Rick ou...
— Ou sequestrou o meu filho.
— Ele estava de costas, o rosto dele não aparece na foto, como v...
— Eu tenho certeza porque conheço essa tatuagem.  — Anselmo apontou para as teclas, não muito visíveis, desenhadas no braço do homem.
— Eu nem consigo identificar direito essa figura — Fael afirmou, não muito seguro de que o pai de Rick conhecia aquele homem.
— São as teclas de um piano. Elas estão desordenadas, por isso você não consegue entender a figura. Use isso, foi o que me permitiu confirmar. — Anselmo entregou uma lupa para Fael, que pode ver claramente o confuso desenho. — Ele fez isso em homenagem a mim. Dizia que eu o faria organizar os seus dons pra construir arte, por isso as teclas do piano estão desorganizadas. Ele foi meu aluno.
— Porque seu ex-aluno sequestraria o seu filho? — O espanto estava evidente na voz de Fael.

Anselmo desviou os olhos para o chão e atenuou o tom de voz.

— É possível que ele tenha raiva de mim. Nós não tivemos o melhor dos relacionamentos. Ele queria que eu o ajudasse a lapidar o dom, o problema é que ele não tinha nenhum, ao menos não no piano, e eu disse isso a ele.
— E você acha que só por causa disso ele sequestrou o Rick?!
— Eu sei que não faz muito sentido, mas eu sei que é o Maurício, e meu ex-aluno sequestrar o meu filho sem saber que é ele seria muita coincidência.
— Pelo menos agora temos uma pista.
— Eu não lembro o sobrenome dele e não tenho nenhum contato, mas posso tentar descobrir na faculdade.
— E eu vou informar à polícia. Talvez eles consigam mais informações sobre o tal Maurício.

O telefone da agente Marques estava desligado e ela não estava na delegacia. Ansiosos, Fael e Anselmo decidiram ir até a universidade coletar informações

— Como vamos entrar em pleno domingo?
— Eu trabalho lá há décadas, Rafael. Isso deve servir pra alguma coisa. Os porteiros e seguranças me conhecem.

Após uma longa conversa com o segurança, conseguiram acesso ao Campus de música.

— Isso deve ter entre oito e doze anos. Então vamos revirar os arquivos de 2005 a 2009.

Passaram horas procurando pelas pastas certas. Teria sido fácil se elas estivessem organizadas, mas não era o caso. Organização não era o forte dos funcionários das secretarias, independentemente do tipo de órgão. Sendo público a situação se agravava um pouco.

— Achei um Maurício! Veja essa foto.
— É ele! A foto está desbotada, mas eu sei que é ele. — A fotografia mostrava um rosto bem magro, cheio de acne e óculos de armação e lentes grossas.  — Vamos até a casa do infeliz!

Fotografaram o arquivo de Maurício, recolocaram as pastas no lugar e correram até o endereço citado, que ficava em um bairro de classe média em Salvador.

— Mas que inferno!

Fael entendia o nível de frustração de Anselmo, pois era semelhante ao seu próprio. A família que morava atualmente no imóvel alegava não conhecer nenhum Maurício. Os moradores das casas vizinhas eram todos inquilinos e o bairro parecia ter uma grande rotatividade. Muitos eram jovens vindos do interior para estudar na capital e provavelmente voltavam para casa após a formatura.

— Tem que ter um morador mais antigo por aqui. Não é possível que sejam todos novos.
— Deve ter, mas também não quer dizer que conheçam todos os que já moraram por aqui. Maurício era um rapaz introvertido, o tipo de pessoa da qual ninguém se lembraria.

Após horas batendo de porta em porta e mostrando a foto não encontraram ninguém que o conhecesse.

— O que vamos fazer agora? — inquiriu Anselmo.
— Já sei! — gritou Fael. — A gente pode ser acusado de perseguição, mas que saída temos?

A impressora cuspia as últimas folhas quando Fael recebeu uma ligação da agente Marques. A notícia era, de certa forma, a que queria ouvir, mas ainda assim o pegara de surpresa. Ainda estava atônito quando dividiu a informação com Anselmo.

— A polícia encontrou uma substância tóxica no cigarro e sedativo na garrafa de água.

Perigosa fama(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora