Capítulo 17

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— Você vai ficar quietinho enquanto eu falo com ele, entendeu?

— Sim, senhora. — A dureza no olhar da agente deixou evidente que a brincadeira não foi apreciada. — Desculpe, eu tento descontrair quando estou nervoso. Já faz muito tempo e essa pode ser a única pista concreta que temos dele.

— Às vezes você parece tão sensato. Como consegue levar essa vida louca?

— Todo mundo pensa que os roqueiros levam vidas desregradas, mas nem sempre é assim, sabia? Eu não pareço sensato, eu sou. E o Rick também costumava ser — Fael resmungou, irritado com os estereótipos. — Eu não coloco a minha mão no fogo pelo Matt e pelo Bruno, mas eu e o Rick nunca fizemos coisas ilícitas. Nós só gostamos de curtir a noite e de tocar guitarra, isso não é crime. — Fael lançou a agente um olhar penetrante.

— Eu não disse que eram criminosos. — Ela manteve os olhos na direção, ignorando a intensidade do olhar dele.

— Mas às vezes você pensa que estamos bem perto disso. Muita gente também vê a polícia como um bandido com distintivo, mas eu consigo ver em você uma mulher honesta que tenta burlar a burocracia pra ajudar alguém. E vejo também uma mulher bonita e bem humorada que tem uma vida fora da delegacia, que talvez beba demais de vez em quando e que talvez dê uns amassos pelos cantos com alguém.

— Não abuse da minha paciência, Rafael. Eu só quis dizer que você não parece se encaixar tanto no meio — falou sem nenhuma inflexão na voz.

— E eu só estou te pedindo pra não deixar que o seu preconceito diminua o seu empenho em procurar por ele e pra não achar que se alguma coisa acontecer foi "porque ele mereceu", porque apesar de andar de preto e beber demais, ele nunca fez mal a ninguém, isso eu posso garantir a você.

— Eu não vou deixar, Rafael, não se preocupe. — Ela voltou por um momento os olhos para o rapaz ao lado. — Se aquela música foi realmente escrita pelo seu amigo, nós vamos encontrá-lo.

***

O carro foi estacionado a alguns metros da lan house e a dupla caminhou lado a lado até o local. A porta era de vidro e era possível ver através dela um balcão atrás do qual havia um rapaz.

Fael abriu a porta para a policial, que revirou os olhos para ele. O ambiente ficava a meia luz, facilitando a visualização dos monitores pelos seus respectivos usuários. Um deles chamou a atenção da agente. A temperatura na loja estava agradável, mas ao contrário dos outros, o homem não tirara o agasalho, pelo contrário, usava até o capuz, o que ocultava suas feições – e uma possível tatuagem. O assento no qual ele estava dava uma visão privilegiada da rua por onde haviam acabado de chegar.

Disfarçadamente a mão da agente pousou na cintura e sentiu o volume da arma. Fael não percebeu o movimento. Ao perceber que a atenção do homem continuava no computador, assim como os outros usuários, ela se aproximou do balcão, seguida por Fael.

— Bom dia, vão querer uma máquina ou só impressão?

— Bom dia, na verdade eu queria falar com o responsável pela loja. É você?

— Eu e meus irmãos. Algum problema? — A pergunta do rapaz chamou a atenção de alguns dos presentes na loja.

— Eu sou vizinha de vocês e preciso conversar em particular com alguém que seja maior de idade.

— Tá. Adriano, fica aqui um pouquinho porque eu tenho que fazer uma coisa — gritou o rapaz na direção da porta atrás de si.

Pela visão lateral a agente viu o homem do capuz se levantar e colocar as mãos nos bolsos enquanto caminhava até o balcão. Novamente ela pousou a mão na cintura.

Perigosa fama(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora