Capítulo 11

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— Estou esperando você aqui. — Enquanto o som produzido pela corda do violão se esvaia Rick observava Maurício ansiosamente.

— Gostou? Responde logo, Maurício!

— Adorei! Você se superou, Rick! Parabéns, eu estou tão orgulhoso de você!

Maurício ergueu os braços e os jogou ao redor dos ombros de Rick, deixando o rapaz desconfortável. Ele não tinha síndrome de estocolmo e essa proximidade com seu sequestrador lhe causava ojeriza.

Logo que Maurício saiu para trabalhar, levando a música consigo, Rick colocou seu plano em ação. Plano esse que começou a ser elaborado após a descoberta de que não haveria resgate.

Pegou o frasco de hidratante ao lado da cama e lambuzou o pulso esquerdo. Posicionou a algema na mão até não conseguir avançar mais nenhum milímetro. Após isso usou a mão direita para juntar os dedos e tornar a esquerda o menor possível enquanto puxava a algema.

Com esforço a algema avançou mais um pouco até empacar novamente. Usar a mesma mão para juntar os dedos e puxar a algema não estava funcionando.

Após pensar um pouco dobrou os joelhos e apoiou os calcanhares na cama, encaixou a algema entre os pés e tentou novamente. Após várias tentativas frustradas encontrou a posição certa e usou o lençol para evitar que a algema continuasse escorregando dos pés.

Inicialmente tentou fazer com jeitinho, mas ao sentir os dedos latejando sabia que era hora do tudo ou nada. Passou mais um pouco de hidratante e começou a puxar com força. Embora estivesse gemendo enquanto a pele ia sendo arrancada brutalmente, não parou de puxar.

Ignorou a dor e riu loucamente ao se ver livre de uma das algemas. Presidiária sentou em frente ao companheiro de cela e o encarou fixamente.

— Hoje a gente vai cair fora daqui, presidiária. Vou ter até que encontrar outro nome pra você.

Rick repetiu todo o processo para livrar a mão direita, mas estava sendo mais difícil e ele já suava pelo esforço e pelo medo que surgiu quando os dedos começaram a formigar. A algema estava definitivamente empacada, nem saía, nem retornava ao pulso.

Jogou a cabeça para trás, sem saber o que fazer. A única ideia que lhe ocorreu não lhe agradava, mas as unhas arroxeadas deixavam claro que não tinha outra opção.

— Não se assuste, presidiária. Vai ficar tudo bem. — Sabia que dizia isso para acalmar a si mesmo e não à gata.

Segurou o polegar comprimido pela algema, respirou fundo e deu um forte empurrão nele. A ausência do nível de dor esperado lhe mostrou que não atingira o objetivo. Usou o lençol para secar o hidratante, fechou os olhos, respirou fundo novamente e empurrou com toda força que conseguiu reunir naquela posição.

Gritou quando obteve êxito e com os olhos lacrimejando olhou o polegar deslocado que poderia ser desviado para uma posição que facilitasse a passagem da algema. Tinha que ser rápido, pois a mão logo incharia. Puxando o braço novamente, arrancou de si mesmo pele, sangue e outro grito. 

Olhou para a mão e rezou para não ter problemas para tocar. Já estava inchada e antes que o edema aumentasse precisava fazer outra coisa.  Segurou novamente o polegar e deu um forte puxão.

— Mas que droga! — Rick berrou e se encolheu na cama. Ao ver que as mãos sangravam usou o lençol para enrolá-las. Lágrimas escorriam por suas bochechas e ele se manteve naquela posição até que a dor se tornasse suportável, então levantou da cama.

Como se uma cortina negra houvesse descido diante dos seus olhos Rick perdeu a visão, ao mesmo tempo, as pernas fraquejaram. Lançado ao chão usou as mãos como apoio por reflexo, o que multiplicou a dor.  Ficou deitado lá até que a vertigem passasse.

Perigosa fama(COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora