Capítulo VIII

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Já se passaram alguns dias não sei ao certo quantos foram, mas pelas posições das luas já se passaram quase um mês desde que Ryan me trouxe para cá. Minha rotina é simples e entediante já que ele não me deixa sair do quarto, então meu dia se resume a acordar, fazer minhas higienes, tomar café da manhã que me é trago pela mesma senhorinha que vi no dia que acordei aqui, que por ventura acabei descobrindo que se chama Matilda, ficar divagando sobre minha vida, almoçar e a tarde às vezes Ryan vêm e fica um pouco comigo, nós estamos até que nos dando bem... Bom pelo menos não estamos discutindo com frequência como estava acontecendo no começo. Ryan têm se mostrado mais compreensível e amigável, tenho a espera que ele volte a ser o mesmo Ryan de quando éramos pequenos.


[...]


Termino meu almoço colocando o prato em cima da cômoda ao lado da cama, caminho até a janela e fico observando a paisagem. Fico me perguntando, como todos estão? Como estão lidando com o meu desaparecimento? Será que eles acham que eu fugi?

- Com certeza o papai deve estar pensando que fugi e agora deve estar amaldiçoando por isso. -sussurrei para mim mesma.

Levo o maior susto quando a porta se abre, pois a Matilda costuma vir mais tarde, me viro e vejo Ryan encostado no portal.

- Você adora essa vista não é? -pergunta Ryan dando um sorriso de lado que não consegui distinguir se era irônico, malicioso ou sincero.

- Não sei se você reparou mais não tenho muitas coisas para fazer trancada aqui. -respondo revirando os olhos me encostando no parapeito da janela.

- Essa questão de você ficar presa aqui só vai depender de você Ems, ou você acha que os empregados não me contaram sobre as suas tentativas de fuga? -pergunta arqueando uma sobrancelha- Quanto mais você forçar a barra, mais tempo você ira ficar aqui.

- Ryan, você acha mesmo que eu vou ficar presa aqui de livre e espontânea vontade? Sem tentar nada para fugir? -pergunto imitando sua ação.

Ele não responde nada, apenas solta um longo suspiro.

- Então... Vamos sair? -perguntou Ryan de olhos fechados.

- Oi?! -pergunto me surpreendendo com sua ação repentina- Desculpa, mas, você bateu a cabeça enquanto saqueava alguma alcateia? Pois se não aconteceu isso com você acho que quem está ficando louca sou eu!

- Eu não vou repetir. -disse fazendo uma careta ainda de olhos fechados.

- Tudo bem -digo jogando meus braços para cima em sinal de rendição- vamos logo, antes que você mude de ideia! -digo completando caminho em sua direção despertando sua atenção.

Ele me fitava de cima a baixo, me fazendo ficar um pouco constrangida, não estava bem vestida apenas usa o básico e minhas joias que já estavam comigo desde a festa. A baixei a cabeça fitando meus pés quando cheguei perto dele, o mesmo riu anasalado e abriu a porta dando passagem para mim.

- Primeiro as damas. - disse se pondo atrás de mim esperando que eu passasse pela porta.


Esse garoto cresceu e ficou bipolar, só pode!


Caminho para fora do quarto sendo segui por ele logo atrás, não conhecia os corredores pelos quais andava e Ryan não falava nada para onde eu deveria ir, então comecei a me embrenhar pelos corredores que não pareciam não ter fim. Os corredores tinham um aspecto luxuoso com alguns candelabros espalhados por eles para facilitar a iluminação que se fosse natural seria muito precária. Estava prestes a virar mais um corredor até sentir seu toque quente sobre meu pulso.

- Chega de explorar a casa... Vem. -disse me puxando para ele, passando o seu braço direito pelos meus ombros e virando o corredor oposto indo em direção ao que parecia ser uma escada.

- Ei! Quem te deu essa intimidade toda? - pergunto arqueando uma sobrancelha olhando para ele e tentando tirar seu braço dali mais foi em vão.

- Eu não preciso de permissão -disse parando de caminhar me direcionando seu olhar arqueando sua sobrancelha- ou preciso?

- Deveria depois de todos esses anos, mas sei que você não vai me soltar do mesmo jeito então... -digo dando de ombro.

- Você e o seu belo senso de humor. -disse revirando os olhos.

- Meu caro Ryan, se conforme tudo que vem de mim é belo. -digo conseguindo tirar seu braço de cima de mim me virando para ele lhe dando uma piscadela.


[...]


Já fazia algum tempo desde que havíamos saído da casa que eu julgava ser uma espelunca, mas que me deixou de queixo caído a cada minuto em que caminhava por dentro dela, agora nos encontramos no meio da mata seguindo uma trilha que dará em algum lugar que Ryan faz questão de ocultar dizendo que será uma surpresa.

- Ryan diz que estamos chegando pelo o amor da Lua, meus pés já estão me matando. -digo fazendo um pouco de drama.

- Nossa Ems para de drama já estamos chegando. -disse se virando para mim me fitando com as mãos nos bolsos de sua calça jeans.

- Por que você não podia escolher um lugar, mas perto para poder ir? -perguntei

- Porque como você mesmo disse eu quase não a deixo sair de lá, então achei melhor você fazer uma caminhada mais longa para não ficar sedentária. -disse voltando a caminhar.


Ele me chamou de gorda na cara ou é impressão minha?!


Espero ele tomar um pouco de distância e corro em sua direção pulando em suas costas.

- Esta ficando louca garota? -perguntou assustado me segurando para não cair.

- Agora você vai ter que me carregar até chegarmos nesse tal lugar. -digo passando meus braços em volta de seu pescoço- Isso é um castigo por você ter me chamado de gorda.

- Acho que você está confundindo os papeis aqui. -disse com o seu velho e tão conhecido deboche.

- Deixa de ser chato pelo menos por um dia Ryan. -digo bagunçando seu cabelo.

Ele suspira e começa a caminhar comigo em suas costas. Não gastou muito tempo e chegamos ao local em que Ryan havia mantido em sigilo. Era uma pequena cachoeira de água cristalina, em volta de pequena cachoeira havia varias flores e algumas árvores que davam um contraste a mais na paisagem.

- Que lindo! -digo boquiaberta com a paisagem.

- Sabia que você iria gostar. -disse sorrindo se escorando em um tronco de uma arvore atrás de mim.

Não digo nada apenas continuo a olhar a vista em minha frente, o cheiro adocicado que estava ao meio com o da floresta dificultando saber de onde vinha o cheiro, mas isso fez com que minha loba se agitasse dentro de mim implorando para que eu a deixa-se assumir o controle e seguir esse cheiro, mas eu não podia a liberar perto do Ryan e principalmente em território inimigo. Ryan percebendo minha inquietação veio até mim.

- Está tudo bem Ems? - disse parando em minha frente levando seu polegar até minha bochecha fazendo um pequeno carinho ali.

- Está sim, acho que foi a caminhada, confesso que estou ficando sedentária.

- Eu te disse. -disse sorrindo e parando com o seu carinho, deixando apenas um rastro quente em minha pele, passo minha mão por cima da onde ele outrora fez carinho.


Que estranho.


Sigo Ryan que senta em baixo de uma árvore perto da cachoeira e me sento ao seu lado ficando conversando com ele.

Companheira do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora