Companheira do meu irmão

Capítulo XVI

    Era hoje, hoje é o dia em que eu me tornarei Alpha, ou melhor Luna, já que encontrei meu companheiro -embora eu ainda esteja brigada com ele-.

   - Já está tudo pronto filha! -fala minha mãe.

   Passo mais uma vez o olhar no reflexo do espelho ficando satisfeita com o que via: Uma Emyli como um vestido de seda branco, revestido com uma fina camada de renda, que iam até os joelhos, um par de sapatos beges e para completar uma maquiagem realsando os olhos azuis.

   - Como a senhora está quanto a tudo isso? -pergunto me virando para ela e a encarando.

   - Ainda é meio estranho pensar que meus filhos são companheiros um do outro, mas eu me acostumo! -fala rindo.

   Devo admitir minha mãe reagiu melhor do que eu esperava,ela era uma mulher forte afinal de contas...

   - Está na hora filha,vamos? -pergunta se colocando ao meu lado.

   - Vamos! -respondo dando um suspiro cansado

   Caminhamos até o centro da aldeia onde eles haviam montado um palco improvisado para a cerimonia, em cima do mesmo estava quem eu menos queria ver hoje; Ryan.

   Meu pai havia me dito que como nos somos companheiro ele era obrigado a comparecer a cerimonia e também para concretizar a nossa aliança nos deveríamos nos unir diante a deusa Lua.

   Subimos em cima do palco, enquanto meu pai foi se prepara para fazer seu discurso eu me pus ao lado de Ryan, pois querendo ou não teríamos que ficar frente a frente e também eu queria buscar a calma que me falta e que somente ele me proporcionava.

   Sinto uma mão dando um aperto leve sobre a minha, sinto um ar quente raspar levemente em minha orelha e como resposta meu copo se arrepiou.

   - Fique calma, vai dar tudo certo.- sussurrou Ryan em meu ouvido.

   Era fácil para ele falar, pois mesmo que ele tenha passado por isso antes, ainda me assusta a ideia de assumir uma grande responsabilidade, na frente de todos, e ganhar mais uma família que terei que defender com unhas e dentes.

   - Vamos Ems se acalme, posso sentir todos os seus sentimentos lembra? -pergunta anda sussurrando e eu balanço a cabeça positivamente- E além do mais, eu nunca irei deixar nada de ruim acontecer com você. -concluiu confiante o que de certo modo me trouxe um pouco de paz.

   Não demorou muito e meu pai começou com o seu longo, deprimente e cansativo discurso:

   - Boa noite meu povo! Sei que ainda estamos sofrendo com o ataque de alguns dias atrás e que muitos estão furiosos com a presença de um membro da alcateia Lua de Sangue entre nós, mas é necessário, pois além de Ryan ter sido criado como meu filho, ele é companheiro de alma de minha filha que hoje se tornará Luna da nossa alcateia e consequentemente Ryan se tornará Alpha...

   Meu pai não teve condições de continuar, um burburinho enorme tomou conta do lugar e era inevitável eu não me sentir incomodada, era de mim e meu companheiro que aquelas pessoas estavam fofocando.

   - Está tudo bem Ems, não ligue para o que as pessoas pensam de você ou de mim! -fala Ryan em meu ouvido e em seguida aperta minha mão.

   - SILÊNCIO! -meu pai grita e todos se calam.

   - Bem continuando, essa aliança veio bem a calhar agora, odeio dizer isso a vocês, o perigo é iminente, temos uma alcateia querendo nos atacar e a Lua de Sangue também, sozinhos não conseguiremos, mas juntos talvez tenhamos chances. A alcateia Lua Cheia está atrás de territórios, ela quer aumentar seu poder ainda mais, mas não vamos deixar ela tomar o que é nosso, estamos aqui a mais de 300 anos e aqui permaneceremos por todas a eternidade, lutaremos até a morte se for preciso! -não preciso nem dizer que ele foi super aplaudido,né?

   Em particular eu gostei do discurso do meu pai, mas devo admitir, a parte de lutar até a morte me dava calafrios, não gostaria de perder ninguém que eu amo!

   - Bem agora daremos iniciação a cerimonia de passagem! - fala meu pai seguido de uma onda de palmas e assovios.

   A hora tão esperada chegou, mas ainda não me sinto preparada, não acho que estou apta para comandar todos que estão em minha frente, não me sinto apta nem para me cuidar sozinha imagina os outros!

   - Ems, vai dar tudo certo! -sussurrou novamente fazendo carinho em minha bochecha- Agora vá, estão te esperando. -depositou um beijo em minha bochecha e me empurrou de leve para que eu seguisse até onde meu pai estava.

   Tomo coragem e sigo até meu pai e fico ao lado dele esperando o mesmo continuar com a cerimonia.

   - Como todos sabem, é normalmente na cerimonia que o Apha ou a Luna encontra seu companheiro ou sua companheira e após isso é realizado o ritual de junção da almas. Mas como Emyli já encontrou o seu -falou e olhos de relance para Ryan- a cerimonia e o ritual será realizado de uma vez só.

   Tinha me esquecido desse ritual, não acredito que terei que me unir com ele logo agora que não estou me dando bem com ele!

   - Emyli se aproxime-se -faço o que meu pai mandou.

   Após ter me aproximado, ele se transformou pela metade, ficando apenas com as presas, orelhas pontiagudas e os olhos vermelhos. Eu sabia o que ele iria fazer agora e temia por essa hora; ele cravou suas presas eu meu pescoço, soltando assim seu veneno.

   A dor era dilacerante, mas me manti forte, fechando os olhos e cravando as minhas garras que cresciam a cada instante e fincavam nas palmas das minhas mãos, deixando um filete de sangue escorrer sobre ela e pingar no chão. Sei que Ryan deve estar sentindo o que eu estou passando, pois é perceptível a qualquer um que o olhe, que ele está se segurando para vir ao meu encontro.

   Acabo tendo que me transformar pela metade também, para poder suprimir um pouco a dor. Quando abro os olhos, minha visão estava totalmente vermelha mostrando que o processo estava completo. Agora eu me tornei a Luna dessa alcateia.

   - Agora daremos início ao ritual. -falou olhando para as pessoa que estavam em nossa frente. - Ryan se aproxime-se. - falou dando espaço para que Ryan ficasse ao meu lado.

   O ritual era realizado, obviamente quando os companheiros se encontravam, com isso os companheiros ficavam ligados para sempre, um companheiro saberá onde o outro estará, a questão de sentir o que o outro sente era ampliada e em alguns casos, onde os laços eram muito fortes os companheiros podiam até se comunicar pela mente.

   O ritual para nós é a mesma coisa de que o casamento para os humanos.

   O Alpha falava algumas coisas e em seguida vinha a troca de sangue , sim você entendeu certo!Troca de sangue!

   Uma pequena adaga de prata era deixada em cima de uma espécie de altar,ao lado ficavam dois cálices de ouro.

   Meu pai pegou um cálice e o posicionou embaixo da minha mão e fez um corte na mesma deixa que um pouco do liquido vermelho caísse no cálice. Repetiu esse mesmo processo com Ryan. Após feito isso, ele elevou os cálices um direção a Lua que estava na sua fase cheia e fez um tipo de prece em outra língua.

   - Yuk haowm dena Hoen, haos fe goas loa, gain ju wey koe usou livros hoidu hesva!

   - Que você deusa Lua, mãe de todos nós, abençoe e una essas duas almas aqui presente.

   Depois de recitar essa prece ele me entregou o cálice que contia o sangue do Ryan e o meu para o meu companheiro. Nós entrelaçamos nossos braços e bebemos o sangue um do outro, mostrando a todos e a nossa deusa Lua que o meu corpo e o de Ryan pertenceria somente a nós, e que seriamos fies um ao outro. Quando nos encaramos meus olhos estavam vermelhos e os dele também.

   Deixamos nossos lobos tomarem o controle e nos transformamos; eu em uma loba branca e agora com olhos vermelhos e Ryan em um lobo preto de olhos também vermelhos. E uivamos para a lua demonstrando toda nossa força e soberania para os que estavam presentes, e respeito com a nossa deusa. Assim que nosso uivo foi ouvido todos se curvaram perante nós.