Capítulo IX

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   - Acho que já está na hora de voltarmos para casa. -disse Ryan se levantando e estendendo sua mão para mim.

   - Mas já?! -pergunto manhosa- Faz tão pouco tempo que estamos aqui!

   - Pouco tempo? -perguntou em um tom divertido- Estamos aqui à tarde inteira.

   - Tudo bem então. -digo agarrando sua mão e me levantando- Vamos embora deste lugar maravilhoso para voltar para aquele quarto que mais parece uma cela.

   - Sem drama Ems -disse revirando os olhos- essa situação em que você se encontra só ira melhorar se você mudar suas ações.

   Não digo nada, apenas solto um suspiro, já estou cansada disso.

[...]

   Encontrava-me novamente naquele quarto, mas agora com um privilegio que consegui graças a ter atormentado Ryan durante caminho todo; agora eu tinha acesso a da chave do quarto/cela em que estou. E isso me permitiu explorar a casa, que realmente era exageradamente grande e a decoração era bem luxuosa, o que me leva a crer que não foi o Ryan que a decorou, pois o mesmo não tem tanto bom gosto assim.

   Meu estomago finalmente deu sinal de vida, já estava demorando mesmo. Levanto-me e saio do quarto seguindo o caminho para o meu cômodo favorito dessa casa; a cozinha.

   Passo em frente o escritório de Ryan percebendo que a luz estava acessa e me lembro de que esse cômodo foi o único que eu anda não visitei, e como minha curiosidade como sempre, fala mais alto então levo a minha mão até a maçaneta e a giro, mas a minha surpresa foi em ver que a porta estava trancada. Agucei meu olfato, para ver se Ryan estava em alguma reunião ou qualquer outra coisa do tipo, mas só senti o seu cheiro comprovando que estava só, então aguço dessa vez minha audição para tentar descobrir o que está se passando lá.


- Está tudo pronto para o próximo saque, só falta você dizer o dia. -disse alguém que suponho que seja de sua alcateia.

   - Acho melhor vocês irem sozinhos dessa vez, pois tenho uma pessoa que não posso deixar sozinha aqui. -disse Ryan com um pouco de preocupação em sua voz.

- Suponho que você ainda não contou a ela. -Ryan deu um suspiro longo.

   - Não seria a coisa mais normal do mundo eu pegar sequestrar ela e dizer que ela não é minha irmã, mas que eu tenho um laço muito forte com ela. -disse com um tom meio tristonho.


Como assim não somos irmãos?!


   - Espere um pouco, acho que tem alguém nos escutando. -sussurrou e cheirou o ar, poucos minutos depois ouço passos vindos até a porta.


Ferrou! O que eu faço o que eu faço... Se ele me ver aqui vai ser meu fim!


   Olho para os lados, checando se alguém havia me visto ali, constatando que ninguém havia me visto ali, saio correndo em direção à cozinha me sentando em um dos banquinhos da bancada que havia ali.

[...]

   Depois de um tempo ali tentando assimilar tudo o que eu ouvi Ryan falar, chego à conclusão que: toda a minha vida foi uma mentira. Primeiro descubro que meu pai traiu minha mãe por longos cinco anos, e agora descubro que Ryan não é meu irmão. Agora só faltam me falar que eu não sou eu.

   - Matilda, -saio dos meus devaneios quando ouço a voz de Ryan- eu ire sair e ficarei fora por algum tempo, então... Emyli?

   - Não é a Chapeuzinho Vermelho! -digo irônica me virando para ele, que apenas suspira e balança a cabeça em sinal de negação.

   - Bom já que você está aqui posso te dar o recado. -disse dando uma pausa e assumindo uma expressão séria- Você não pode sair dessa casa em quanto eu estiver fora, ok?

   - Ok. -disse escondendo a minha alegria, pois se ele não vai estar aqui ficará mais fácil para eu fugir.

   Ele apenas assentiu e foi até a porta que foi aberta, mostrando a Matilda que resolve dar o ar de sua graça. Ryan falou algo no ouvido da senhora lhe entregando uma espécie de bilhete e a mesma assentiu prontamente.

   - Bom... Se comporte até eu voltar. -disse saindo e trancando a porta em seguida.


Como ele ousa me tratar como uma criancinha.


   Rosno em desaprovação e encaro um ponto fixo qualquer tentando mesmo que minimamente fazer minha raiva passar.

   - Acalme-se querida. -disse Matilda depositando sua mão em meu ombro fazendo um carinho ali.

   - É difícil me acalmar com aquele demônio por perto. -digo em quanto contava de zero a dez.

   - Eu sei de uma coisa que irá fazer você se acalmar. -disse fazendo-me virar para ela arqueando uma sobrancelha como sinal para prosseguir- Comida, comida sempre faz as pessoas se acalmarem.

   Sorrio minimamente com sua constatação.

   - Mas antes que eu faça algo para você possa comer a senhorita terá que ir tomar um banho, ou nada feito. -disse Matilda.

   - Ok, ok... -disse me levantando e seguindo até meu quarto.

[...]

   Após ter terminado meu banho e ter me trocado, saio do banho encontrando uma bandeja com lanche e um copo de suco de laranja em cima da cômoda, ao ver isso me passeou uma coisa pela cabeça.


Não! Ele não fez isso!


   Corro até a porta e tento a abrir, mas sem sucesso.


E mas uma vez trancada nessa espelunca.


   Volto e me sento na cama vagando meu olhar pelo quarto, minha atenção se prende quando os meus olhos caem em cima da bandeja e avisto um pequeno bilhete, o pego rapidamente e começo a lê-lo.


Sei que você não iria perder a deixa para tentar fugir, então tive que tomar medidas drásticas... Espero que entenda que isso é para o seu bem.

Assinado: Ryan


Para o meu bem uma vírgula... Mas ele não perde por esperar.

Companheira do meu irmãoOnde histórias criam vida. Descubra agora