Capitulo 4 - Claro que ela se lembra...

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Olá!

Peço desculpas por só aqui publicar agora, mas com a faculdade é complicado, mas agora estou de férias! Por isso haverá postagens regulares.

Não se esqueçam de votar e comentar!!

Beijinhos & Boas Leituras

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- Andas muito animada! – Comentou a Rute, passando pela minha secretária.

- Estou como todos os dias. – Respondi, mantendo-me concentrada no meu trabalho. Tinha uma reportagem para entregar sobre a nova tendência dos colotes e ela só me estava a atrasar.

- Claro que não estás, tens um brilhozinho no olhar que não é habitual. – Falou, sentando-se na cadeira em frente à minha secretária. – Quem é o Homem?

- Porque é que tem que haver um homem? – Perguntei, e ouvi o seu sorrisinho.

- Eu conheço-te, sei que para provocar esse efeito tem que ser um gato! – Exclamou divertida. Eu não achei muita graça, não precisava de nenhum homem para ser feliz. Afinal a própria vida já me tinha ensinado isso.

- Vou jantar com um velho amigo, mas nada. – Respondi, na tentativa de ter novamente sossego.

- Velho amigo? – Perguntou num tom provocador.

- Sim, veio ontem a uma entrevista de emprego aqui. Já não o vi à volta de 20 anos. – Respondi, mas reparei que ela estava à espera de mais. Sempre cusca. – Chama-se Joel.

- Já me lembro! – Exclamou. – Aquele teu namorado! – Falou divertida. Claro que ela se lembra... ela sempre teve na sua memória toda a minha vida amorosa, também é curta.

- Passaram-se mais de vinte anos. – Respondi. – Passou-se muita coisa, principalmente na minha vida.

- Isso é verdade. – Concordou. – Bom jantar! – Exclamou, piscando o olho, enquanto eu apenas ri.

***000***

- Acalma-te! – Exclamou a Ana. Eu estava numa pilha de nervos, queria ter tudo pronto a tempo, e com qualidade. Era o meu lado mais perfecionista a falar.

- O molho do peixe está muito aguado. – Resmunguei.

- Devias ter puxado bem logo de inicio. – Avisou, olhando para a penela, ainda ao lume. Está armada em chefe!

- Eu sei. – Murmurei.

- Deixa apurar mais, pode ser que engrosse. – Aconselhou. – A minha sobremesa está fantástica. A minha tarde de gelatina com fruta está perfeita! – Exclamou, admirando a sua obra de arte. Ela sabia fazer aquela tarte como ninguém, e todos em casa se deliciavam com ela.

- Deixa-te de gabar e vai meter a mesa! – Mandei. Vi-a revirar os olhos, mas obedeceu ao meu pedido.

A minha cabeça estava um turbilhão, e na realidade sem razão aparente para isso. Era só um jantar de amigos, certo? Qual era o problema disso? Nada, se não fosse a minha vida social ter estado num buraco fundo nos últimos anos. As minhas relações eram com os colegas de trabalho e pouco mais. O meu foco era a minha família, que infelizmente se despedaçou.

- Está tudo pronto. – Falou a Ana, aparecendo na cozinha novamente. Olhei para o relógio, estava na hora de ele aparecer. Voltei a focar-me no cozinhado, que finalmente estava a caminhar para a forma que eu tanto desejava. – Deixa que eu acabo isso, e vai arranjar-te. – Falou. Observei a minha indumentária, e realmente podia estar melhor.

- Obrigada. – Agradeci, caminhando para o meu quarto.

Procurei algo simples, o que não era muito complicado, visto que as roupas chiques se tinham gasto com tempo. A minha vida tinha dado voltas e mais voltas, e eu não sabia quando tudo ia terminar. Talvez seja a altura de tudo começar a voltar ao normal.

Ouvi o meu telemóvel a tocar, procurei-o na minha bolsa, e depois de retirar quase tudo o que tinha dentro dela, finalmente encontrei-o. Lourenço. Talvez fosse anormal ter uma boa relação com o meu ex-marido, mas na realidade via nele o meu melhor amigo.

- O que queres? – Perguntei sem rodeios.

- Boa noite. – Falou, fazendo-me rir. – Queres ir jantar mais os miúdos? – Perguntou.

- Tenho um jantar cá em casa. – Contei.

- Temos um encontro e não contavas nada? – Perguntou, fingindo-se ofendido.

- É um velho amigo, não inventes. – Respondi. São todos iguais, já não se acredita na amizade.

- Sim, sim... - Murmurou.

- É verdade.

- Se tu dizes.... Combinamos para outro dia então. Bom jantar, como o teu "amigo". – Desejou. Apeteceu-me bater-lhe naquele momento. É tão parvo.

- Boa noite. – Desejei, ouvindo a sua risada do outro lado da linha e desliguei a chamada.

Voltei a olhar para o armário, depois de deslisar as cruzetas de um lado para o outro acabei por optar por umas calças de ganga e uma blusa. Era o meu estilo habitual, e era como eu me sentia bem.

- Quem era? – Perguntou a Ana, entrando no meu quarto.

- O teu pai.

- O que é que ele queria?

- Convidar-nos para jantar. – Respondi enquanto me observava ao espelho, pondo um pouco de base.

- Ele tem um ótimo sentido de oportunidade. – Comentou. Sem dúvida que ela tinha razão.

- Estou pronta, que achas? – Perguntei. Vi-a a olhar-me de cima abaixo, como que a avaliar a minha indumentária.

- Estás normal. – Respondeu, virando costas. Sério é o melhor que ela tem a dizer?

- Obrigada. – Respondi, seguindo o mesmo caminho que ela.

Ouvi o som da campainha, e sorri. Olhei para a Ana, que me fez sinal para abrir a porta, e assim fiz. Passei pelo espelho e olhei por uma última vez e caminhei até à porta.

- Olá! – Saudei, abrindo a porta.

- Olá! Estás linda! – Elogiou, aproximando-se para me cumprimentar com dois beijos.

- Obrigada, também estás ótimo. – Agradeci, e retribui o elogio. Ele estava fantástico. Num estilo casual e chic ao mesmo tempo, que lhe assentava que nem uma luva.

- Apresento-te a minha família. – Falei, fazendo-lhe sinal para ele entrar. – A minha filha mais velha Ana, e os meus filhos gémeos Catarina e Martim. – Falei, apontando para cada um. O Martim estava envergonhado, ao contrário da Catarina que se aproximou logo para o cumprimentar.

- Tens uns filhos lindíssimos! – Exclamou.

- Obrigada! – Exclamou a Catarina divertida, fazendo-nos rir. Era a alegria desta casa, sempre com a resposta na ponta da língua e com a vergonha para trás das costas.

- Vamos jantar? – Perguntei.

- Vamos! – Exclamaram os gémeos em uníssono.

Sentamo-nos à mesa, com a Catarina a não se calar por um segundo contando o seu dia na escola. O Martim observava tudo calado, mas quando a irmã o puxou para a conversa, juntou-se, perdendo-se também nas palavras. E quem diria que era o mesmo menino que estava calado quando o Joel chegou. 

First LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora