Capítulo 10 - Quem sabe um dia.

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- Ouviste bem bonitão. – Gozou a minha prima sempre com o sentido de humor apurado. – Acham que tu e a Liv andam enrolados. – Esclareceu. Liv...

- Porque é que elas não se metem na vidinha delas. – Resmungou, sentando-se na cadeira ao lado da Rute. Não parecia tão chateado como esperava, talvez fosse como eu, de ignorar.

- Claro que não, o que elas têm é inveja da Olívia almoçar contigo e elas chuparem no dedo. – Respondeu a Rute sem papas na língua. O que ela tinha dito era a verdade, mas eu continuava a achar que elas não mereciam que me importasse com os mexericos.

- Não vale a pena dar ouvidos a boatos destes. – Falei. – Elas têm de arranjar alguma coisa para falar, porque a vida delas é desinteressante.

- Não te chateia? – Perguntou o Joel.

- Não. – Respondi. – Já falaram tanto de mim, já comentaram a minha vida de trás para a frente que sinceramente acho que fiquei imune às bactérias delas. – Expliquei. Mesmo sendo relativamente superior delas, o respeito há muito que estava no lixo, mas se no inicio eu me importava e tentava mudar, com o tempo percebi que não vale a pena perder o meu precioso tempo com invejosas.

- Ela já está vacinada! – Exclamou a Rute. – Quando ela começou a namorar com o Frederico foi um falatório, quando se casou continuou, quando enviuvou aumentou. – Falou. Se eu estivesse mal resolvida com a minha vida talvez ficasse magoada com as palavras dela. Conhecia a Rute desde sempre, sabia que ela não fazia por mal, mas os problemas não lhe paravam de chegar e muito pela sua grande boca.

- Eu pensava que era diferente. – Murmurou o Joel desanimado.

- Em todo o lado é assim. Trabalhavas sozinho e aí ninguém te podia chatear. – Falei.

- Tinha mais pessoas que pensas. – Respondeu-me.

- Calma! – Exclamou a Rute. – És filho do Orlando Fragoso, o médico? – Perguntou.

- Sou.

- Ele deixou-te ser fotografo? – Perguntou espantada.

- Sim, mas não concordou.

- Tiveste sorte, não imaginas quantos amigos meus não tentaram carreiras artísticas e os pais impediram-nos. – Contou.

- Porquê?

- Porque não fica bem na sociedade onde me insiro. – Respondeu o Joel com um sorriso sarcástico. – Achas que fica bem a um reputado médico dizer que o seu filho é um fotografo?

- Porque não? Quantos fotógrafos não são milionários e famosíssimos em todo o mundo? – Questionei. Felizmente a única imposição que a "sociedade" me tinha feito tinha sido o meu primeiro casamento, o um grande erro, mas graças a Deus o único.

- Eles não pensam assim... - Suspirou a minha prima. – Não é que eu tenha vivido isso intensamente, mas também não tive muita escolha. Desde pequena que me foi incutido que trabalharia aqui, e novidade? Cá estou eu. – Contou. Felizmente eu nunca tivera esse problema, segui o meu sonho.

- Que os tempos mudem, e que tal não aconteça com as gerações mais novas. – Respondi. Tal não iria acontecer com os meus filhos.

- Esperemos que não.

- Não contem com isso. – Falou a Rute, acabando com a dose de esperança.

***000***

Apesar da relação ao Joel a nossa relação não se alterou, e como era de esperar os comentários desagradáveis também não. Quem sabe um dia. Eu tinha esperança que arranjassem um novo mexerico e que esquecessem como acontece sempre.

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