Como eu dizia ontem: acabei despertando o amor em alguém. Nela. Uma garota, literalmente, pra mim. Assim, cada noite vou dormir e cada manhã acordo com um pensamento na cabeça: tenho que fazê-la bem. Você deve achar que isso é algo extraordinário. Mas, analise teus pensamentos também. Todo dia, você vive pensando em algo, em fazer algo, mesmo que esse algo seja algo vago, mas ele está lá, deixando o espaço para algo, então passa a ser algo. Assim, eu acordo e vivo.
Talvez esteja errado, ou não, não quero pensar muito nisso. Todas as outras vezes eu pensei, e terminou como se eu não tivesse pensado. O pensar me torna inútil. A grande dádiva do homem, a razão, que o diferencia dos demais seres, é o que mais me faz parecer um verme.
Queria ser como ela, a garota. Fui ensinado a caminhar sozinho, mas, vou ensiná-la a caminhar nesse deserto, onde, no final, iremos encontrar um oásis. Ensinar a ouvir com olhos, a ouvir coisas inauditas e sentir o inexprimível. Mas, não quero que ninguém me ache o correto, antes, ache a si mesmo. O si mesmo dirá se quer ser guiado ou ser o guia. Ambas carregam sobre si a escolha, a cruz de todas as consequências.
Podia contar tudo que me afasta e me aproxima dela, a garota. Mas vou contando os dias, e com o destino, para que quando chegar a minha hora, seja qual for a hora, eu esteja em dia com tua prece. Vivendo o hoje e o amanhã, para que possa preparar o inesperado. Caminhar. Enterrando o passado, para que ele não agarre meu calcanhar.
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Memórias do meu futuro esquecido
Thơ caCom uma forte influência após ler o livro "O capitão saiu para o almoço" de Charles Bukowski, decidi escrever essa obra em forma de diário, com poesia adicionada ao meu cotidiano. A vida nua e crua mesclada com uma poesia revestida de melancolia e s...