Dessa vez. Juro. Só mais dessa vez, ou a partir dessa vez. Não sei o que, mas o que ser será nessa vez. Nessa vez que não tem errado, nem certo. Está além do bem e do mal, pra mim; pra você tudo não passa de uma questão de resposta objetiva. Pode ser que seja a última vez, com minhas últimas palavras. Sim, são últimas. Últimas palavras da pessoa da qual você conhece que atende pelo meu nome. Tentei, testei, chorei, sangrei, cansei. Mas em meio a tudo isso que você não faz a mínima idéia de que aconteceu, eu ainda sorri. Minha vontade de seguir acreditando na manhã seguinte sobreviveu mais do que eu acreditava que sobreviveria. Ela continuou lá, desejando, na esperança mais imediata. Porém, como todas as outras vezes, é bem provável que amanhã eu queime a língua; é o que ainda resta para manter meu corpo aceso, em chamas, assim você talvez consiga reparar em mim.
Sinto a dor e os risos entrelaçados, sangue e lágrimas se confundem. Sinto muito. É deixado um corpo para trás, um memorial de momentos felizes, a casca de um adolescente que matou sua juventude. Que se sente sozinho, esquecido, porém nunca foi lembrado. O nada nunca pesou tanto, e aquele tanto faz, agora falta faz.
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Memórias do meu futuro esquecido
PoésieCom uma forte influência após ler o livro "O capitão saiu para o almoço" de Charles Bukowski, decidi escrever essa obra em forma de diário, com poesia adicionada ao meu cotidiano. A vida nua e crua mesclada com uma poesia revestida de melancolia e s...