Madrugada. Três e meia, e até agora não consegui dormir. Não consegui ter nada em mente que possa me fazer relaxar e sonhar. Parece que a vida está mais viva do que nunca agora. Como assim nem um pesadelo eu consigo ter? Mesmo eu querendo?! Eu adoro sonhar, mesmo que sejam aqueles sonhos sem sentido algum em que você está caminhando na sua casa, ou caindo no eterno fim. Mas hoje eu não sei explicar. Parece ficar tudo sem sentido na madrugada. Parece não fazer diferença o que acontece agora. Nada é sinônimo de felicidade. Quisera eu que o sol nunca nascesse em noites assim. Consigo ouvir o mover de um galho nas plantas do quintal, o som das carretas na rodovia aqui perto.
Bom, parece que tudo lá fora anda nos trilhos. Mas aqui dentro, no meu trem, está tudo desgovernado. Meu coração bate fora de sintonia com minha razão. As ideias somem da minha cabeça e nada que eu penso consegue me fazer fugir disso.
Pareço estar acorrentado pela minha vontade de ser livre. Sempre soube que poderia estar chegando ao fundo do poço, só que nunca me esforcei para isso. Os meus passos sonâmbulos me guiavam e eu despertava cada vez mais perto do buraco. E agora, eu não faço a mínima idéia do que está fora de onde eu estou. Não faço caso de nada que possa machucar alguém, sem que antes eu consiga curar a minha ferida. Acho que todo mundo deveria ser assim, porém o que eles fazem é queimar suas cicatrizes antes do tempo, para assim poder se levantar e dar outra facada em alguém. Isso é chamado de humanidade.
E nós, os poucos que se acham diferentes, estamos nesse bolo sem festa no final, querendo ou não. O que nos restará serão nossas lágrimas que caem e regam o jardim de quem odiamos.
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Memórias do meu futuro esquecido
PoesíaCom uma forte influência após ler o livro "O capitão saiu para o almoço" de Charles Bukowski, decidi escrever essa obra em forma de diário, com poesia adicionada ao meu cotidiano. A vida nua e crua mesclada com uma poesia revestida de melancolia e s...