SURPRESA

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  Dois dias depois fomos ao evento. Digo... na verdade, nós fomos a um prédio. Um prédio abandonado, que caia aos pedaços. Mas que ficava próximo do local.

  Subimos as escadas, Potter me levou a uma sala. As paredes eram verdes e estavam cheias de infiltrações, talbas e caixas de madeira se espalhavam pelos cantos. Haviam também televisores e computadores em cima de mesas improvisadas. E do outro lado tinha três janelas. Alguns homens vestiam os coletes a prova de balas.

- O presidente falará em 20 minutos. Avisem as equipes e chequem as posições - Diz Potter.

Um homem se aproximou de mim e disse:

- Senhorita- E me entregou um binóculo.

  Fui até a janela dar uma olhada. Olhei para o palanque e uma coisa me chamou a atenção. A decoração.

- Fitas amarelas? - Falei comigo mesma.

  Não havia percebido mas o careca estava ao meu lado, e devia ter escutado a pergunta.

- É uma homenagem que o povo faz as tropas.

- Estariam amarradas nas árvores. - Virei um pouco para o leste e vi mais fitas nos postes. - Estão indicando a direção do vento. Eu às prenderia lá, se fosse atirar do campanário.- Ele viu pra onde eu olhava.

- É, talvez.

- Realmente, ele sabe o que faz. Sr. Potter vocês tem uma equipe para agir na igreja?

- Entraremos em ação antes que ele atire. Quando mirar no presidente.

  Me desconcentrei quando Potter veio me apresentar um policial. Ele era gordo, tinha cabelos brancos, baixinho e trajava o uniforme da polícia da cidade.

- Esse é Thomson, nossa ajuda local. E essa é Sta. Menzies. - Nos apresentou. O olhei de baixo a cima.

- É um grande prazer conhece-la.- Ele abriu um grande sorriso.

- É melhor você prender a sua arma.

- Ah merda. - Disse fechando o coldre. - Não posso perde-la agora, né. E mais uma vez, é uma honra conhecer você.

  Voltei a olhar pela janela, e minha atenção estava no palanque.

- Quem é o cara de batina?

- É o arcebispo da Etiópia. - Potter me respondeu. - Já esteve lá?

- No chifre da África. Sim, já estive lá sim. Fui para uma missão.

- Já trabalhei lá. - Falou o careca mesmo ninguém perguntando. - Sabe qual é a primeira coisa que dizem quando se atira num civil?

- Um tranco no fuzil.- Ele caiu na risada. - Tô morrendo de rir.

- Ah garota! Você não tem senso de humor não?

- Não.

- O presidente vai falar agora. Todas as equipes em alerta. - Potter chama a atenção de todos.

  Eu então vi o presidente, vindo rodeado por pessoas, ele acenava para o público.

- O vento está a uns 5 Km, ajuste de ângulo em 4 minutos e meio. Ajuste pra mais se o vento parar.

  O presidente subiu no palanque e cumprimentou o arcebispo e as outras pessoas que lá estavam.

- Ele já está pronto. Altitude, umidade e temperatura já calculadas. Não pode escapar. Em 10 segundos. Calculou tudo certinho.- Até aí eu estava calma, mas quando vi que eles não se mexiam eu gritei. - Peguem-no, ele está lá na torre!

  Um tiro foi disparado e pessoas gritaram assustadas.

  Quando me virei fui pega de surpresa. Thomson estava atrás de mim, e disparou. Senti meu ombro queimando, podia sentir a bala passando por dentro e sair do outro lado.

  Cambaleei para trás e cai pela janela. Caí no teto de vidro do andar de baixo. Tentei me levantar mas aquele velho nojento atirou mais duas vezes. Fiz de tudo pra me desviar mas ele me atingiu no abdômen e o outro atingiu o teto, que cedeu e eu caí em um galpão sujo.

  Com muito esforço consegui me levantar. Foi aí que eu senti uma tremenda dor na perna. Olhei pra ver o ferimento e havia um pedaço de vidro fincado na minha coxa direita. Com um puxão o retirei e gritei de dor. E sai dali correndo (mancando).
 

O Tiro PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora