FINALMENTE LIBERTA.

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  Depois de três meses presa, finalmente resolveram atender o meu pedido, que era uma chance de me explicar. Fui levada para o departamento de justiça de Washington.

  Os policiais me conduziram até a sala de reunião, e lá estavam Potter, Mark, Gibson, o procurador e mais dois homens desconhecidos pra mim. Sentados em uma mesa retangular de dezoito lugares. Na ponta da mesa a minha frente estava o meu querido fuzil, o mesmo que eu tinha guardado na garagem antes de ir viajar.

- Senhor, poderia soltar minhas mãos? - Perguntei ao procurador e ele assentiu.- Obrigada.

  Gibson se aproximou de mim e eu disse:

- Obrigado por traze-lo. - Eu não estava me referindo à Mark.

- Me desculpe. - Ele segurou minha mão.

- Não se preocupe, não foi culpa sua.

  Apertei sua mão, e disfarçadamente peguei uma bala de fuzil, soltei a mão dele e levei minhas mão as costas. Não precisava me preocupar com os policiais pois esses já haviam se retirado.

- Esses são Haward Collins do FBI, e o diretor do departamento de justiça Wilson McCain. - Disse o procurador. - O senador não pôde comparecer, mas não tem problema, começamos sem ele. A Sargenta fuzileira Menzies pediu essa reunião, há um mês. Concordei relutante, como um favor ao FBI.

- O que estou fazendo aqui? Não há nada contra mim. Estou protegido. Chame o secretário de estado.

- Isso não será necessário.- Afirmou o procurador.- Já recebi dezenas de ligações de indivíduos do alto escalão, pedindo para liberá-lo. A vantagem de nossos poderes serem separados, é que posso, por lei, não lhes dar a menor atenção. Trata-se de evidências e de descobrir a verdade, então fique quieto.

- Essa doeu. - Murmurei.

- Disse algo senhorita?

- Não, Sr. Procurador.

- Sargenta você tem cinco minutos.

- OK. Obrigada.

  Me aproximei mais da mesa e parei bem em frente à meu fuzil.

- Essa arma é minha, não há dúvidas, não nego. Foi encontrada no local do crime não foi? Se ficou na mão do FBI todo esse tempo, ela não foi usada.

- Não, claro que não. - Disse o diretor.

- Não à usaram?

- De jeito nenhum. - Haward afirmou.- A bala ficou dilacerada mas análise metalúrgica deu a confirmação.

- Certo, a arma é minha e as balas também. Agente especial Gibson, você acha que eu atirei no arcebispo?

- Não, não acho.

- Tem provas?

- Não.

- Confia em mim?

- Sim.

- Confia mesmo?

- Sim.

- Com sua vida?

- Sim.

- Ótimo.

  Então mostrei a bala que estava escondida na minha mão para todos na sala. Eles ficaram surpresos. Menos Gibson, que já sabia do plano. E então coloquei a bala na arma. A apoiei no ombro e mirei em Gibson.

- Abaixe essa arma! - Ordenou o procurador.

- Esta ajustada para 600m, tem que apontar mais para baixo. - Disse Gibson.

- Não fará diferença nessa distância. A única coisa que fará diferença é, se sou louca ou não.

  Então me virei para Potter, mirei nele e apertei o gatilho.

Click.

  Esse foi o barulhi que a arma fez quando apertei o gatilho, essa foi a única coisa que aconteceu e não houve derramamento de sangue.

  O que seria divertido.

  Todos deram um suspiro de alívio. Menos Potter, que mantinha uma expressão séria.

  Voltei a pôr a arma na mesa. Os policiais entraram, me agarraram e colocaram as algemas em meus pulsos. O procurador fez um gesto com a mão e os policiais me soltaram.

- Eu mudei os gatilhos de todas as minhas armas antes de sair de casa. Sempre mudo. Só o micrômetro mostra isso, mas a arma não atira. A bala que tiraram do arcebispo foi atirada em uma lata de sopa dias antes. Eu jurei proteger o país de todos os inimigos, internos e externos. Mas não imaginei que iria me envolver tanto. Mas no fim da contas, não dá pra se esconder a verdade, seu desgraçado. - Essa última parte foi dirigida a Potter. Que riu irônico.

- Dane-se, quem se importa? Bela apresentação. Mas nada disso me convenceu. Cavalheiros a reunião está encerrada. Fim. - Ele se levantou. - Nos vemos depois, senhorita.

- Ele tem razão. Nada prova que ele fez algo. - Disse o diretor.

- É, neste país.

- Senhor devia ver isso. - Gibson entregou uma pasta com algumas fotografias para o procurador.- Essas são imagens confidenciais, que mostram uma vila na África, cujos os habitantes foram exterminados pelo coronel e seus associados.

- Meu deus! - Exclamou o procurador.

- Olhe a sua volta, não estamos no chifre da África. Estamos na terra da liberdade e lar dos homens corajosos. Eu estou livre pra ir.

- Coronel sua bússola moral está tão danificada, que me surpreenderia se chegasse vivo até o estacionamento. Apesar do que sinto sobre isso, esses eventos ocorreram em outro país, fora de nossas leis.

- É só isso? É tudo o que pode fazer? - Fiz de tudo para não parecer chateada.

- Esse não é o tribunal mundial, não posso deter o coronel por crimes que pode ter cometido em outro continente.

- Senhor, você tem que reconsiderar.- Pediu Gibson.

- Não há nada a ser reconsiderado.

  Potter se aproximou de mim, eu olhei pro teto, ele então sussurrou:

- Eu venci, e você perdeu. De novo.

- Isso é ridículo. - Disse Gibson indignado.

  Potter então deu as costas e saiu da sala, em seguida o procurador se levantou, andou até mim e parou ao meu lado.

- Só para constar também não gostei do rumo disso, mas esse é o mundo em que vivemos. E a justiça nem sempre prevalece. Não é igual ao velho oeste, onde as ruas eram limpas com uma arma. Embora, às vezes, isso seja preciso.

Ele deu uma pausa, pareceu pensar sobre algo. E então disse por fim:

- Pandora Menzies, você está livre. Homens tirem as algemas dela.

  Eu podia ter perdido uma batalha, mas não havia perdido a guerra.

Na minha cabeça havia apenas um pensamento.

" Eu preciso vingar a morte de Gladstone. Me aguarde Potter."

O Tiro PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora