PERGUNTAS E RESPOSTAS

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 Quatro dias depois da operação feita por Mark, eu já estava mais disposta.

  Era uma segunda feira, olhei no relógio e já se passavam das dez da manhã. Me levantei e fui até a cozinha. Minha perna não doía mais como antes.

  Ao passar pela sala não vi Mark e ele também não estava na cozinha, deduzi que ele devia ter ido trabalhar.

  Fiz uma omelete com Bacon, que ficou uma delícia, lavei a louça e fui tomar um banho. Quando saí do banheiro me deparei com quartro sacolas em cima da cama.

  Dentro das sacolas haviam três calças jeans, algumas camisetas, roupa íntimas e uma jaqueta camuflada.

  Me vesti. Coloquei uma langerie branca de renda, uma camisa preta, calça jeans e minhas botas de cano baixo.

  Saí do quarto e o encontrei jogado no sofá da sala. Ele então me viu e disse.

- Bom dia. - Disse ele sorridente.

- Bom dia. - Sorri.

- É, elas ficaram bem em você. - Me analisou de cima abaixo.

- Obrigado pelas roupas. Não precisava si incomodar.

- Não foi nada, eu não poderia te deixar vestir esse moletom para sempre.

  Sentei ao seu lado no sofá, ficamos em silêncio até eu quebrá-lo.

- Deve ser estranho um homem comprando roupa íntima feminina.

- Por isso que eu pedi para Dona Beth comprar.

- É sua vizinha?

- É, eu conheço ela desde meus dez anos. Ela me pedi ajuda as vezes, então ela não se queixa de me ajudar também.

- E que história você contou a ela?

- Disse que uma prima veio me visitar, e perdeu a bagagem.

-  E mais uma vez, muito obrigada.

- Gostou da jaqueta?

- Não. Eu amei. - E abri um sorriso e ele retribuiu com outro.

- Meu irmão me mostrou uma foto sua uma vez, vestida com o uniforme do exercito. Então quando vi essa jaqueta na vitrine tive que compra-la.

- Não sei, e nem sei como vou te agradecer por isso.

- Pois eu sei. - Ele abriu um lindo sorriso.

- Como?

- Depois nós falamos sobre isso, eu vou pedir comida. Gosta de comida chinesa?

- Por mim tudo bem.

  Ele foi até a cozinha fez os pedidos pelo telefone, voltou e se sentou no sofá.

- Você não vai trabalhar? - Perguntei.

- Não.

- Você pode ser demitido. Não pode?

- Sim quando se tem um patrão. Já que eu sou meu próprio patrão, acho que ele não liga de eu perder um dia de trabalho.

  Ri de sua resposta.

  Eu e ele conversamos um pouco sobre assuntos aleatórios, como era o meu cachorro, qual nossas músicas favoritas, comidas, etc.

  Entregaram a comida e fomos para a cozinha comer. Sentamos na pequena mesa redonda, um de frente para o outro.

- Agora que nós já almoçamos, quero te fazer algumas perguntas.

  Disse ele depois que ambos já tinham esvaziado os pratos.

- Que tipo de perguntas?

- Sobre você Pandora.

- Eu odeio que me chamem assim.

- De Pandora?

- Prefiro Menzies.

- Eu prefiro Pandora.

- Nós não vamos discutir sobre isso.

- E por que não gosta do seu nome Pandora. - Ele deu ênfase no meu nome.

- Eu acho ele cafona.- Dei de ombros.

- Eu acho ele lindo. Pra mim, Pandora significa esperança.

- Por isso mesmo que me deram esse nome. Eles tinham esperanças que meus pais voltariam para me buscar.

- Você não tem pais?

- Não. Fui criada em um orfanato.

- Hum... Vamos ver... - Fez cara de pensativo. - outra pergunta.

- Manda.

- O que você fez depois que saiu da prisão?

- Não tinha pra onde ir, saí com desonra do exército. Trabalhei como matadora de aluguel. Mas isso só durou três anos.

  Ele arregalou os olhos.

- Você matou pessoas?!

- Elas não eram inocentes. Eu matei os piores assassinos e mafiosos desse país. Só ajudei a livrar a terra desses seres horríveis.

- E por que desistiu?

- Me mandaram matar um empresário e a família dele. Eu me infiltrei na empresa como faxineira, não me pergunte o por quê. Eu um dia vi ele com os dois filhos, uma garotinha de uns oito anos e um garoto de treze.
Eu simplesmente não tive coragem de mata-los. E não sabia por que queriam eles mortos. Desisti de tudo e fui morar num chalé em uma montanha.

- E o que Bob fez que te obrigou a fazer aquilo?

- Disseram que eu o matei por ciumes, mas na verdade eu o peguei no sofá com a vizinha.

  Ele arqueou as sobrancelhas.
 
- Você não é nenhum santo, sabe muito bem o que eles estavam fazendo, aquilo foi nojento. Fiquei com raiva e atirei neles. Mas eu me arrependo, estraguei minha vida perdendo a cabeça daquele jeito. Mas não entendo, por que disse que eu tirei sua mãe de você.

- Não vou te aborrecer com isso. Já passou, todo o ódio que eu sentia, não sinto mais.

- Sabe de uma coisa?

- O que? 

- Eu queria ser igual a você.

- Como eu?

- Aprender não guardar rancor das pessoas.

O Tiro PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora