*(JHONY)*

  Depois que aquela ruiva me prendeu num poste (o pior foi ter sido preso com minhas próprias algemas). Consegui me soltar com a ajuda de um policial.

  Recebi um curativo na cabeça e um monte de perguntas da imprensa, mas achei melhor manter minha boca fechada pra eles.

  Voltei para o escritório do FBI, onde o pessoal estava assistindo TV, que relatava sobre o atentado contra o presidente.

  A repórter dizia:

- O possível assassino identificado por hora é a Ex Sargento Fuzileiro Pandora Menzies. Que foi presa há alguns anos por ter matado o namorado. Ela está sendo procurada por milhares de agentes federais e estaduais neste momento.

- A busca foi intensificada, mas ainda não há pistas de Menzies. Apenas um carro abandonado foi encontrado no fundo do rio Delaware.

- O policial veterano Stanley Thomson, da Filadélfia, o primeiro a chegar ao local do crime. Acredita ter ferido Menzies. Há informações de que ela tenha levado dois tiros.

- Por hora, o FBI não quer se pronunciar sobre um dos seus agentes. Que foi atacado e desarmado por Menzies ao fugir do local. Possivelmente num carro do FBI.

   Que lindo, minha cara redonda estampada na televisão. Meu chefe se virou pra mim com um olhar medonho, assim com todos no escritório. Baixei a cabeça pra evitar aqueles olhares.

  Mais tarde, o chefe chamou meu supervisor e a mim na sala dele.

- Você comprometeu essa agência meu rapaz. Você será interrogado pelo Gabinete de Responsabilidade Profissional.

- Senhor...eu não... eu não me sinto constrangido. Foi uma atiradora do corpo de elite dos fuzileiros que me desarmou. E aliás eu só estou formado a três semanas. Na verdade, eu tenho sorte de estar vivo.

  Olhei pro chão e perguntei:

- E por que o senhor diz que ela não atirou no presidente?

- Porque não atirou.

- Ela também disse que o Thomson armou isso.

- Ela nunca disse isso. - disse o meu supervisor. - Um policial atirou duas vezes nela. Você está confuso, é normal em situações de extrema pressão.

- E já deu o seu depoimento oficial? - Perguntou meu chefe. - Eu seria cauteloso sobre seu conteúdo.

- Melhor eu esperar o relatório sair, ler e então posso me lembrar.

- Exato.
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  Depois de horas sentado na frente do telefone, atendendo a várias ligações, uma mais tediosa que a outra. Recebi um telefonema de uma senhora, que disse ter visto a procurada.

  Ela disse que era dona de um mercado, que havia caído a energia quando a suspeita entrou na loja e que a criminosa havia comprado algumas coisas. Anotei tudo, e depois de ter desligado fui falar com meu supervisor sobre o assunto.

- O que ela comprou? - Perguntou ele.

- Sal, açúcar, água e agulha para injetar tempero.

- Quem ver pensa que ela vai a um churrasco. Sal, água e agulha servem para fazer soro. Mas pra que comprou açúcar?

- O açúcar foi muito usado na guerra, para o tratamento  de ferimentos. Tem a ver com pressão osmótica. Foi muito popular na guerra napoleônica.

- Comente sobre a guerra napoleônica com o Howard, e ele te manda para um psiquiatra. - Ele entrou no elevador. - Volte para sua mesa. Estou salvando a sua pele.

E a porta do elevador se fechou.

O Tiro PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora