Pequenas Verdades

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Evelyn Narrando

Cansada entro em casa e sigo até a estada para subir para meu quarto enquanto ainda tento digerir que meu irmão agora é um vampiro. Optei vir para casa para colocar meus pensamentos em ordem, toda vez que estou perto de Tyler não tenho domínio sobre minhas próprias palavras, o que é frustrante.
-Evelyn. -Uma voz familiar me chama quando estou preste a coloca o pé no primeiro degrau para subir a escada.
Paro e olho para trás vendo Felipe.
Noto o quão diferente ele está, talvez seja porque eu não o vejo desde a morte do trovão. Seus cabelos ruivos continuam os mesmos, seus olhos acizentados me analisam com cautela como se não fôssemos mais amigos ou como se ele estivesse escondendo algo. Uma saudade de quando tudo era diferente me invade.
-Felipe. -Falo num sussurro surpresa com misto de alegria por vê-lo. Sigo até ele e paro à sua frente me recompondo. -Eu não o vejo desde a morte de Trovão, você tem me evitado. -Afirmo sem me importar em ser sincera pois algumas vezes tentei falar com ele sobre a morte de Trovão, mas ele sempre estava ocupado, ou seja ele estava me evitando.
Felipe me olha nos olhos e por um momento percebo que estava com saudade de seu olhar, seu jeito ao contrário do de Tyler transmite paz e conforto, mesmo que algo me diga que ele está escondendo algo acabo não me importando com isso.
Felipe é bondoso e atencioso, Tyler por outro lado não passa de um monstro que não possui sentimentos. Afasto tais pensamentos novamente me odiando por pensar tanto em Tyler.
-Eu tive que viajar a negócios, mas fiquei a par da investigação da morte de trovão. -Felipe fala após parar de me olha nos olhos me fazendo sair de meus devaneios.
Não pergunto quem o matou pois tenho certeza de que fora Celeste. Respiro fundo controlando minha raiva por Celeste e fito Felipe me perguntando o que está havendo de verdade com ele.
-Você está estranho. -Falo ainda o olhando nos olhos sentindo falta de quando sentia que ele era meu amigo e que no fim nada mais importava além de andarmos a cavalo. Felipe sorri fraco deixando óbvio que meu comentário não o ofendeu. Seu olhar muda para algo triste e espero ele falar sabendo que vem algo importante.
-Evelyn estava a evitando porque estava sendo chantageado, minha visita aqui por não conseguir ficar longe de você pode me prejudicar seriamente. -Felipe da uma pausa dramática e o olho atenta curiosa para saber quem o estava chantageando para que não me visse. -Eu fiz coisas da qual não me orgulho, mas se eu não fizesse isso eu não me perdoaria nunca. -Felipe fala não muito alto um tanto desesperado.
-Felipe você está me assustando. -Digo a verdade preocupada com ele.
-Evelyn a verdade é que estou apaixonado por você, nunca tive coragem para dizer que quando a vi pela primeira vez na aula eu fiquei completamente apaixonado por você que na época ainda era uma adolescente. -Felipe fala rapidamente me deixando sem palavras e o olho surpresa por tais palavras e lembro da primeira vez que tive aula com Felipe, eu não passava de um adolescente apaixonada por cavalos, admito que na época ficava impressionada com a beleza sobrenatural dele.
Dou uns passos para trás e pisco algumas vezes para ter certeza que estou acordada.
Felipe gosta de mim? -Me pergunto tentando me convencer de que eu possa ter escutado errado.
Me concentro para que eu penso em algo, mas não consigo formular nenhuma frase para que não magoe Felipe.
-Eu... eu. -Falo gaguejando sem saber o que falar e Felipe se aproxima ficando à alguns centímetros de meu rosto. Olho em seus olhos sabendo que se tudo fosse diferente certamente eu poderia responder e dizer para Felipe que eu poderia tentar amá-lo, mas Tyler não sai de minha mente apesar de me odiar em assumir tamanha burrice não consigo para de pensar em Tyler.
-Evelyn que bom que chegou, você precisa me ajudar a pensar em um nome para o bebê. -A voz de Eduarda interrompe a declaração de Felipe e ambos assustados a olhamos descendo os degraus.
Eduarda olha eu e Felipe próximos e ela para de descer os degraus. Afasto de Felipe antes que de à entender outras coisas e fico sem reação.
-Quem está grávida? -Felipe pergunta ao perceber que não sei o que falar e olho para Eduarda que volta a descer a escada.
-Espero que saiba guardar segredo, David e eu não queremos que a mídia descubra. -Eduarda fala descendo o final da escada e olho para Felipe vendo sua expressão interrogativa. -Agora vou indo, não queria interromper. -Eduarda fala e se afasta rapidamente deixando no ar uma insinuação de que eu e Felipe possamos ter algo.
Penso em ir até ela e dizer que não é isso que ela está pensando, mas a presença de Felipe me traz de volta a realidade de sua recente declaração.
-Evelyn de quanto meses Eduarda está? -Pergunta Felipe puxando assunto e sem perceber respiro aliviada por ele mudar de assunto. O olho ainda me sentindo estranha por sua declaração.
-Bom, eu não tenho certeza, faz algumas semanas. -Falo após fazer umas contas optando por não falar algo sem ter certeza e errar, deduzindo que está tudo indo rápido por Eduarda ser humana e David vampiro volto a fitar Felipe.
-Evelyn não é possível que ela ainda esteja viva e grávida. -Felipe fala me assustando e o olho sem entender o porque dele estar falando isso. -Evelyn em toda a história tem apenas um boato de uma humana que ficou grávida de um vampiro, mas ela e o feto morreram no início da gestação. -Afirma Felipe me deixando preocupada com Eduarda.
-Eduarda é forte, certamente irá passar por isso com saúde e quando percebemos estará tudo bem. -Digo tentando me convencer por minhas próprias palavras e lembro de quando David queria que eu convencesse Eduarda a abortar.
-Evelyn se sua irmã já passara das primeiras semanas de gestação não é possível que ela esteja grávida de um vampiro pois certamente ela já não estaria viva. -Felipe fala me deixando irritado por ele dizer isso como se Eduarda não estivesse grávida de David.
-Felipe em um momento você diz que está apaixonado por mim e no outro está fazendo insinuações sobre minha irmã? -Pergunto magoada e irritada por ele estar falando tais coisas depois de uma declaração que mexeu comigo.
-Evelyn você precisa acreditar em mim, eu realmente a amo, e não estou mentindo! -Felipe fala desesperado se aproximando. O olho magoada sabendo que não posso permitir que ele faça tais insinuações sobre minha irmã.
-Ela é minha irmã, acredito nela e não posso acreditar que justamente você possa ter insinuado isso. -Falo deixando óbvio que não posso acreditar em suas palavras apesar de isso me deixar em dúvidas.
-Quando você descobrir por ela a verdade espero que me procure, não deixarei de amá-la por isso. -Felipe fala sério e vejo tristeza através de seu olhar, ele me vira a costa e segue até a porta sem dizer mais nada.
Penso em ir atras dele e dizer que acredito nele, mas o fato de Eduarda ser minha irmã me deixa em duvida. Continuo no mesmo lugar vendo Felipe ir embora e nem mesmo um dos seguranças parado próximo da porta me incomoda.
Eduarda não mentiria para mim sobre sua gravidez? -Me pergunto tentando me convencer a parar de paranoia.
  Sigo até a cozinha deduzindo que é onde ela fora pois ela deve ter tido algum desejo de grávida.
Assim que entro na cozinha vejo uma das empregadas saindo por outra porta e fito Eduarda sentada em um banco comendo um lanche com os ombros apoiados na ilha da cozinha. Ela percebe minha presença e deposita o lanche sobre o prato.
-Você e Felipe já terminaram sua conversa? -Eduarda perguntando deixando óbvio suas insinuações e me fita com seus olhos verdes. Respiro fundo sabendo que preciso saber se o que Felipe disse é verdade, mesmo que isso magoe Eduarda.
Sigo até ela e me sento ao seu lado, ela me olha estranhando tal aproximação repentina.
-Eduarda eu preciso que me diga a verdade, você realmente está grávida de David? -Pergunto não me contendo sabendo que isso provavelmente irá irrita-la e irá ferir nossa amizade de irmãs.
Eduarda me olha brava, um pouco indignada da mesma forma de quando ela me contou que estava grávida e eu insinuei que ela não estava mesmo grávida de David.
-Evelyn você é minha irmã, como ousa? -Pergunta ela brava e se levanta.
Logo me arrependo de tal pergunta quando ela se afasta de mim rapidamente deixando evidente que não gostará de minha pergunta.
Respiro fundo me sentindo tola por não ter guardado minha dúvida apenas comigo devido ao que Felipe disse.


[...]



-O que faz aqui? -Escuto a voz de Eduarda no corredor e paro de pincelar o quadro com poucos borrões de tinta estranhando o tom de voz de Eduarda.
Neste momento estou em minha sala de pintura. Após o ocorrido em que eu duvidei de minha própria irmã optei vir para minha sala de pintura refletir sobre a declaração de Felipe e sobre eu ter duvidado de minha própria irmã. O que Felipe disse sobre ser apaixonado por mim não sai de minha mente, mas o que ele supôs sobre Eduarda estar mentindo me deixou em duvida em relação a palavra dele, pois isso apenas desencadeou uma certa magoa de Eduarda por mim quando eu duvidei dela.
-Logo vão descobrir a verdade! -Desta vez escuto a voz de Paulo um tanto alta vindo do corredor e olho para a porta fechada me perguntando sobre o que raios eles estão falando.
-Eu já disse para não me procurar mais. -Eduarda fala irritada.
-Evelyn jamais vai querer romper o noivado dela com Tyler para ficar comigo se souber que você está grávida de um filho meu. -Paulo fala com um tom de voz estranho e fico em choque por uns breves segundos.
Escutei errado. -Tento me convencer de que escutei errado me negando a acreditar de que Eduarda possa estar grávida justamente de Paulo.
Perplexa levanto e sigo até a porta para que eu possa pegar os dois conversando no flagra e exigir repostas.
Quando coloco a mão na maçaneta escuto o salto de Eduarda no carpete do corredor e deduzo que ela está seguindo rumo à outro lugar e Paulo parece segui-la.
Abro a porta e saio apressadamente da minha sala de pintura e mesmo descalça opto por segui-los pois preciso ter certeza do que ouvi.
Os sigo até uma escada que da para a piscina interna e um pouco longe consigo ver com clareza quando Paulo empurra Eduarda escada a baixo.
-Eduarda! -Grito com todo o ar em meus pulmões e assustado Paulo me olha. Corro até eles e quando Paulo tenta fugir surge um segurança e nocauteia Paulo fazendo com que ele caia ao chão.
Passo pelo o segurança que imobiliza Paulo no chão e desço os degraus às pressas até onde Eduarda está desacordada no chão.
Paro ao lado de seu corpo desesperada e com as mãos trêmulas verifico seu pulso. Ao ter certeza que ela ainda está viva olho para o segurança que fala no telefone de forma rápida e somente após ter certeza de que ele chamará uma ambulância é que volto a olhar desesperada para Eduarda.
Começo a chorar desesperada por ver minha irmã em tal estado e por um momento esqueço de tudo o que descubri pois isso no momento não importa, apenas o que importa é a saúde dela.

A Noiva ErradaOnde histórias criam vida. Descubra agora