Cameron disse que preferia ir ao apartamento dele buscar algumas roupas, tomar banho, não me importei, e confesso que pensei em lhe pedir que não voltasse mas sabia que se eu pedisse ele acabaria se magoando com aquilo, então quando ele bateu na porta do meu banheiro avisando que iria eu apenas disse um "ok", e ouvi seus passos se afastando pra longe.
Tomei um banho lento e quente, tentei pensar em dezenas de desculpas pra dar logo que ele chegasse mas nenhuma me veio a mente, nada me deixa mais confusa do que ter Cameron por perto, ele é difícil e teimoso, e ao mesmo tempo carinhoso e atencioso comigo, e saber que ele tem interesse em mim e que realmente gosta de mim o suficiente para querer namorar comigo faz com que me sinta inesperadamente lisonjeada.
Enrolei o máximo que podia no banheiro, sequei os cabelos mais devagar, coloquei meu pijama e fiquei me olhando no espelho por minutos que me entediaram.
Eu gostaria muito de ser essas mulheres alto confiantes que se olham no espelho e se sentem lindas mas infelizmente na vida real bem longe dessa maioria que eu vejo em revistas, jornais e até mesmo no meu dia a dia, eu só consigo me sentir uma completa obesa.
Pra que tenho que mentir?
Claro, não é sempre, mas tem sido decepcionante as vezes que me olho no espelho e me vejo ocupando boa parte dele, parece que tudo em mim só cresce e cresce, meus seios são enormes, meus quadris largos, a minha bunda parece ser formada por dois melões grandes, e os meus braços são mais roliços, quando eu olho pras minhas cochas me sinto como uma daquelas aves de natal, sou alta e isso não é nenhum pouco vantajoso pra alguém que veste uma numeração acima de 50.
Me lembro que Brenda vive falando algo do tipo: "Ah Faith, mas ser acima de 50 não é ser gorda".
Só se for no mundo encantado de garotas 36 como ela.
Brenda é alvo de constante inveja de todas as pessoas que nos rodeiam, as colegas de trabalho dela, as duas irmãs invejosas dela, as primas dela, sem falar que quando ela chega em algum lugar usando os vestidos que ganha dos pais dela, todo mundo para, enquanto eu, mal consigo encontrar um vestido pra usar.
É tão complexo ser diferente dos outros.
Ser diferente não é tão legal como pregam nos livros, a menina gordinha que cresceu cercada de pais que mal sabiam como lidar com a perda de seu irmão gêmeo...
Me encho de suspiros agora olhando para a parede de meu quarto, as vezes sinto como se realmente faltasse algo na minha vida, eu soube que tinha um gêmeo quando fiz cinco anos, mamãe comentou comigo que carregava dois bebês em sua barriga mas que infelizmente um nasceu morto e só eu sobrevivi, a enfermeira disse pra ela que o menino morreu algumas horas depois após o parto.
Me senti culpada por bastante tempo da minha vida, e não entendia porque eu havia ficado viva e meu gêmeo não, seu nome? Mamãe não quis colocar, ele tem um túmulo junto do memorial da família na Carolina do Norte, eu vou lá em meus aniversários pra levar flores.
Poucas pessoas sabem realmente disso, eu prefiro não comentar porque me sinto um pouco atingida, não sei, acho que se eu tivesse o meu gêmeo vivo, com certeza não me sentiria tão vazia, dizem que sentimos tudo o que o gêmeo sente, bem, eu senti tudo o que ele não teve oportunidade de sentir, apenas o vazio, a sensação de não ter nada no qual deveria buscar ou lutar.
Acho que por isso me apeguei tanto a Timmy, eu não tinha amigos verdadeiros, sempre fui mais isolada, e ele foi meu único amigo durante toda a minha infância, aquele tipo de amigo que te vê tomando banho pelada até os dez anos, e que quando você começa a criar seios ele fica caçoando de você.
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PluS SiZe (Livro I) - DEGUSTAÇÃO
Romance***SEM REVISÃO*** Livro I da Dulogia PS. Uma Garota Gorda, Um vizinho Misterioso e Grandes Surpresas. Faith Silver Sentia-se pronta pra dar o passo mais importante de sua vida... Mas viu-se abandonada no momento mais importante de sua vida diante d...