O Amor é Uma Batalha

Capitulo X

- A senhorita está brava? - Carter ou melhor Ryan pergunta.
- O que? Não, não, eu só estou... Uau! - disse soltando um suspiro e me sentando novamente. - Isso é...
- Louco? Assustador? Estranho? - ele disse tentando adivinhar, como se me entendesse. - Eu sei, quando te vi, mal pude acreditar. Mas estou feliz com isso Palmito! - Disse soltando um de seus sorrisos perfeitos -, agora posso voltar a te chamar assim! - Não pude deixar de rir. Estava extasiada. E animada. E a primeira coisa que me passou pela cabeça foi:
- Vamos caçar!
- Quando? - ele perguntou, parecia que esperava por isso.
- Que tal... Amanhã? Hoje ainda tenho um compromisso... - Disse dando um sorriso amarelo e ele balançou a cabeça concordando. -Certo, amanhã ás 13 horas na vila onde nos reencontramos depois de tantos anos! Não se atrase e leve sua própria arma, vai jantar o que caçar! Quero ver se ainda é ruim manuseando uma cimitarra. - falei por cima do riso.
- Olha só quem fala. - Falou tentando dar um peteleco na minha cabeça, mas antes que o fizesse o repreendi com um olhar. -Combinado. - Ele disse parecendo surpreso com o meu planejamento que surgiu do nada.

Já estávamos cheios e resolvemos ir embora, ele me deixou na frente do quarto de Alan, e enquanto se virava o esperei partir olhando suas costas. Finalmente quando o vi seguir a direita pelo corredor bati na porta.
- Está pronta? - Ele perguntou parecendo entusiasmado, estava com alguns livros nas mãos e com um sorriso no rosto. - Estou louco para conhecer sua biblioteca.
- Claro... - Eu realmente queria prestar atenção em Alan mas eu não parava de pensar em Carter, ou Ryan ou.. oh céus! Preciso pensar num jeito de chamá-lo. Estava olhando fixamente para os meus pés até que suspirei e dei um passo para trás olhando para os olhos verdes claro dele. - Vamos!
- Passamos primeiro na biblioteca do castelo e depois na minha. A do castelo tem mais ou menos 5 mil livros espalhados por lá. - disse olhando-o pelo canto do olho esperando por sua reação. - A minha tem mil e quinhentos. Já li cada página de cada livro que estão lá, foram todos escolhidos a dedo.
- Nossa! Como a senhorita conseguiu uma biblioteca só sua? - perguntou interessado.
- Ah... essa na verdade é uma história interessante! - eu disse soltando um riso. - Quando eu tinha quatorze anos meus pais decidiram que eu deveria aprender a cuidar de algo, e deixaram eu escolher algum lugar do castelo para fazer isso, nessa época eu já tinha aulas com o Velho, ele era o meu professor, e ele me ensinou a amar as histórias, Velho me disse para escolher a biblioteca que a muitos anos fora praticamente abandonada. - Disse apontando para a porta quando finalmente paramos em frente a ela. Ele parecia não acreditar no que via. -  Ela era disposta apenas para os tutores e os monarcas, e eu aceitei a proposta achando que seria uma ótima ideia afinal conviver com os livros era o sinônimo de felicidade para mim. Assim eu mandei que limpassem toda a área e que ela a partir de agora fosse aberta para todos os moradores do castelo, os funcionários, todo mundo! E quando ela ficou pronta, com a minha divulgação e a do mestre também, muita gente veio vê-la e se interessou na leitura, mas o problema foi que eu tenho muito ciúmes dos livros e sempre que acontecia algum acidente como a página voltar amassada, molhada, rasgada ou qualquer coisa parecida eu tinha um pequeno surto e fazia a pessoa copiar o livro inteiro como uma cópia, e ele tinha que ficar impecável, meus pais adoraram o meu feito mas quando ficaram sabendo da minha maluquice de ficar fazendo os outros copiarem a mão os livros eles decidiram que eu deveria me afastar de lá e colocaram uma das minhas criadas, a Amabile, que ama a leitura tanto quanto eu, para  cuidar de lá. Eu fiquei muito, mais muito triste mesmo, eu não comia e nem saia do quarto e quando chegou o meu aniversário de quinze anos meu pai resolveu me dar a minha própria biblioteca, ela era acoplada ao meu quarto a princípio mas depois tivemos que mudá-la de lugar pois já não estava cabendo os livros lá. Então pedi permissão para meu pai e desenhei a planta dela, ela fica "escondida" no corredor oposto ao do meu quarto, ficava nela quase todo o tempo depois de reforma-lá, só que com o tempo minhas responsabilidades com o reino foram aumentando e meu tempo disponível foi diminuindo... - terminei fitando o chão enquanto esperava falar alguma coisa, ele estava passando a mão nos livros muito bem organizados quando me olhou.
- E eu pensava que eu era a pessoa que mais amava livros nesse mundo... - disse soltando um sorriso sincero. - Você não existe! - ele disse me deixando envergonhada.
- Você conhece a história do nosso reino? - Perguntei mudando de assunto.
- Meu pai tinha o livro mas com o tempo ele foi se deteriorando... - Ele nem precisou terminar de falar para que eu fosse em direção ao livro, o peguei com cuidado mesmo sendo consideravelmente fino e o coloquei na mesa.
- Bom... tive que ler o porque do nosso reino se chamar assim varias e várias vezes até decorar, se quiser eu posso lhe contar enquanto o senhor dá uma olhadinha no livro. Se quiser pode pega-lo para lê-lo depois. - disse empurrando o livro na direção dele. E ele balançou a cabeça respondendo minha pergunta focado naquelas paginas amareladas.
- Certo... - pigarreei. - O reino é chamado assim pela rainha Izis, antes dela assumir o seu lugar no trono e governar, o país era chamado de outro nome que foi totalmente apagado dos livros, antes dela, o país era pobre e não reconhecido, o povo fugia para o reino ao lado que como não tinha suprimentos o suficiente para todos começou a "devolver" os nossos camponeses, e assim começaram a morrer de fome. No reinado de Izis ela fez várias alianças com os outros reinos e conseguiu salvar a vida de muitas pessoas, foi a primeira mulher a subir ao trono e ser líder sem se casar, pois segundo ela, estava ocupada de mais cuidando de seus súditos para se preocupar com um romance. Então em sua homenagem o reino ficou assim conhecido como o reino de Izis.
- Como ela conseguiu subir ao trono? Tenho certeza de que ela tinha irmãos assim como a senhora. - ele perguntou me fitando e logo depois voltou seus olhos para o livro pagando-o e apontando para uma imagem enquanto me mostrava. - É ela? Essa é Izis? - Na foto havia uma mulher magra de cabelos escuros e olhos claros que parecia alta. Balancei a cabeça confirmando. - Parece a senhorita. - ele disse recolhendo o livro para observá-lo melhor.
- Não! Izis era incrivelmente linda e...
- A senhora também é! - ele disse me surpreendendo.
- Oh, obrigada... Enfim, respondendo a sua pergunta, Izis era a sobrinha do rei anterior a ela, esse rei não tinha uma mulher fértil e por isso não conseguiu ter filhos fazendo com que sua linhagem tivesse de ser passada para o seu irmão que já estava velho demais para assumir o poder, tendo que passá-lo para sua única filha, no caso a Izis que assumiu o poder com gosto e endireitou o reino novamente.
- Isso é realmente impressionante... vou querer levá-lo se não se importar. - Alan disse me fitando.
- Claro. - Eu disse deixando um bocejo escapar, imediatamente cobri a boca.
- Está com sono? Se quiser podemos ir, já deve estar cansada.
- Me desculpe Alan, mesmo. Eu tive vários compromissos hoje e ainda falta um, sei que deveria cumprir o que prometi e que não deveria estar com sono no meio da tarde, - fiz uma pausa para sorrir para ele. - Mas ando muito ocupada ultimamente e isso vem me sugando muita energia...
- Não tem problema. - o encarei não acreditando no que disse. - Mesmo!
- Então está bem, vou para meu quarto dormir um pouco, fique a vontade, leia quantos livros quiser, mas depois os coloque de volta no lugar. Amabile se estressa muito fácil com isso, ela passa horas por aqui organizando tudo. - disse apontando para a menina da minha idade empurrando um carrinho com livros entrando pela porta da biblioteca. - Até mais tarde! - ele acenou e eu fui embora massageando meus ombros enquanto andava em direção ao meu quarto.