A entrevista

341 24 1
                                    

1 semana depois ...

Era dia da minha entrevista que a Ally havia conseguido para mim, não estava nervosa porque já tinha me acostumado a lidar com a ocasião, também depois de tantas que já fui. Mas o frio na barriga era existente.

Terminei de me arrumar e me dei por satisfeita. Usava uma saia lápis preta, um scarpin da mesma cor e uma blusa social de botões branca que dobrei a manga até o cotovelo. Na maquiagem , optei por algo mais natural, disfarçando apenas as imperfeições que acordar cedo deixava, a única coisa visível era o batom que apesar de ser claro era notável. No cabelo um coque bem feito. Nada de jóias, apenas um brinco de pérola e meu relógio de pulso. Nada mal, pensei.

Sai do meu quarto e fui para sala onde fui recebida com uma salva de palmas.

- Você está linda! - disse Ally.

- Verdade. - concordou Mani.

- Obrigada!- disse sorrindo.

- Linda não - Dinah pegou em minha mão e me girou- você está gostosa. Desse jeito já está contratada.- disse de forma maliciosa.

- Se eu for, quero que me contratem pelo que tenho a oferecer profissionalmente não pela minha aparência.

- Mais dá pra notar que você tem muito - enfatizou a palavra- a oferecer.

- Você é uma besta mesmo hein Dinah. - ri e dei um tapa em seu braço.

Me direcionei até a cozinha e bebi um copo de água, de repente, sentí alguém tocando meu ombro, me dando um leve susto. Me virei, Ally me olhava com uma expressão séria de quem estava desconfiado ou preocupado com alguma coisa.

- O que foi Ally, quer me dizer alguma? Não me parece bem. - acaricie sua mão.

- Noites atrás ouvi coisas esquisitas vindo do seu quarto, - seu tom de voz era baixo, quase sussurrava- você dizia coisas estranhas. Quem é você, porque está me procurando. Fiquei preocupada. Está acontecendo alguma coisa com você?

Aquela voz tinha ficado mais frequente, tive pesadelos mesmo. Mas não sabia que cheguei ao ponto de falar enquanto dormia.

- Tive sonhos ruins, só isso. Não se preocupe. - a tranquilizei com um sorriso, ela me retribuiu.

- As senhoritas podem parar de conversa? - Dinah coçou a garganta e fitou a gente de braços cruzados- o serviço nos aguarda.

- E hoje é o grande dia da Mila.- pontuou Normani.

- Hoje não é permitido atraso.

Rimos, saímos do prédio e fomos cada uma para seus respectivos destinos.

Segui pelo GPS o endereço que Ally tinha me dado e assim que cheguei no grande arranha - céu fui recepcionada pela Taylor que me guiou até o elevador, me levando ao último andar.

A empresa era de contabilidade, então saberia lidar com a área. Mas conforme a amiga da Ally tinha me dito minha entrevista era para secretária do chefe, não trabalharia só como contadora segundo ela.

- Senhorita Karla Camila, posso ver seu currículo?

- Claro. - o entreguei para o homem a minha frente.

Ele parecia ter por volta de 50 anos, era elegante com seus cabelos grisalhos, olhos azuis e seu terno preto. Apesar do semblante austero me recebeu simpaticamente.

- Recebi ótimas recomendações da senhorita. É uma boa candidata ao cargo.

- Obrigada. - sorri gentilmente.

Fracassada.

- Sai daqui.

- Disse alguma coisa senhorita?

- Não, não. Só pensei alto, desculpe.

- Continuando. Vi que não tem muito tempo de experiência, mas que fala inglês, espanhol, francês e alemão fluentemente. Fez algum curso de especialização?

- Infelizmente não, mas aprendi tudo online.

- Entendo. Mas isso não diminui suas qualidades e nem a oportunidade.

Você não vai conseguir, tudo o que sabe fazer é acabar com a vida das pessoas. Foi o que fez com a minha.

- Sai da minha mente agora!- gritei

- Senhorita Karla, está tudo bem? Quer uma água?

Eu assenti. Aquela voz estava me deixando trêmula e fora do sério, ela me perseguia e aparecia só para me irritar.

Uma jovem entrou na sala me entregando um copo com água. Quase não consegui leva - lo a boca por causa do nervosismo .

Fracassada. Inútil.

- SAI DAQUI !

Arremessei o copo que se chocou com toda força contra a janela, por sorte o senhor Meyer não foi atingido.

- Me desculpe por favor - disse totalmente envergonhada pelo ato - Não sei o que está acontecendo comigo.

- Vá embora - disse friamente- e nem se preocupe com uma ligação de volta.

O que está havendo de errado? O que essa alma penada, demônio, seja lá o que for está querendo comigo? Independente do que seja, não vou desistir, isso não vai ser mais forte do que eu. NÃO VAI. Ou eu não me chamo Karla Camila Cabello Estrabão.

A Máscara - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora