Expliquei tudo que estava acontecendo comigo para minha mãe, exceto a parte das minhas alucinações. Ela pareceu desconfiar de algo que ainda faltava, mas também não questionou.
Subi para meu antigo quarto e me sentei na cama antes de me deitar, tudo estava no seu lugar, do mesmo jeito que me lembrava. A minha parte adolescente estava ali. Paredes lilás, pôsteres de cantores e bandas, a penteadeira do lado da janela, o abajur branco do lado da cama e o guarda roupa com um espelho a frente. Análisei cada detalhe.
Puxei a coberta para cobrir minhas pernas e aos poucos fui me acomodando na cama, mas ela apareceu, me fazendo endireitar a postura novamente.
Hoje você se sentiu como eu já me senti.
Encarei a fantasma de cabelos escuros e olhos verdes a minha frente, ela parecia sorrir através da máscara.
- Parece satisfeita. Até aqui você me perturba. - pensei.
Sim, estou.
Ela pode ouvir o que penso? Então, estamos em uma conversa telepática?
- Estava derrotada pelo meu próprio fracasso. Era isso que você queria?
Talvez . . .
- Então já pode me deixar em paz.
Você faz parte de mim e eu faço parte de você, não te deixaria nem se eu quisesse.
Sua presença estava muito próxima de mim, mas não me importei. Nada mais me assustava. O mundo lá fora parecia bem mas cruel do que um mero espírito que parecia real e que até agora não sei se é.
Fechei meus olhos e esperei que o sono chegasse, ela ainda estava aqui pois sentia o arrepio em minha coluna. Tenho certeza que isso vai passar e que tudo foi apenas uma simples dificuldade que o destino inseriu em minha vida. Só bastava esperar o tempo certo.
- Anda Kaki, levanta.
Fingia que estava dormindo enquanto minha irmã mais nova pulava na cama. Quando ela menos esperou derrubei ela com meus braços a fazendo rir.
- Você dorme demais, mamãe já fez o café e só falta você.
- Bom dia pra você também Sofi. - te fiz cócegas- já estou indo.
- Anda logo. - disse saindo de cima da cama.
- Tá bom pirralha. - joguei um travesseiro nela.
Ela foi embora sorrindo com a língua entre os dentes. Parecia comigo.
Fiz minha higiene matinal e desci para o café da manhã. Mesa farta como sempre, toda vez que venho pra cá. Meu pai lia seu jornal e minha mãe servia suco para minha irmã.
- Bom dia família.- disse dando um beijo no rosto do meu pai e outro na minha mãe.
- Bom dia, hija. Dormiu bem?
- Muito, pai.
- Isso é verdade. - disse Sofi nos fazendo rir.
- Que bom. Agora aproveite o café. - disse minha mãe.
- Vou mesmo, pois assim que terminar já vou indo.
- A senhorita que pensa. Vai ficar até o almoço.
- Sim senhora Sinu!- bati continência e todos riram.
Tirei a mesa e ajudei a lavar a louça quando todos terminaram de almoçar, me despedi do meu pai e da minha irmã e agora minha mãe estava me acompanhando até a porta.
- Antes de ir, quero que aceite isso.
Sinu me entregou um envelope branco que dentro tinha uma certa quantia de dinheiro. Não sei o porque que ela estava me dando aquilo, mas não iria aceitar.
- Não quero. - disse te entregando.
- Não seja orgulhosa, disse que estava sem emprego e esse dinheiro e pra você. Faça o que quiser com ele.
- Não posso aceitar.
- Pode e deve. Isso é uma ordem mocinha. - disse sorrindo.
Com muita persistência da minha mãe aceitei o seu agrado, e com um abraço e um beijo fui embora.
No caminho para casa passei por uma vitrine e vi um vestido muito bonito, fiquei meio sem graça de já gastar o dinheiro que havia ganhado. Mas acabei entrando.
O vestido era branco e vinha até o joelho, tinha detalhes florais no ombro e na barra, o tecido era macio e leve e caia perfeitamente em meu corpo ao olhar no espelho do provador. Tinha um parecido com ele.
Gostei, ficou linda nele.
Aquela voz surgiu atrás de mim e aqueles olhos apareceu no vidro.
- O que quer dessa vez?
Te lembrar que foi com um vestido parecido com esse que me destruiu.
Senti um pontada atingir meu estômago, minhas mãos começaram a soar e me desesperei ao tentar abrir a porta. Assim que consegui peguei minhas roupas e sai correndo.
- Senhora você saiu sem pagar! - a vendedora gritava. - senhora? Senhora?
Já estava distante...
Cheguei em casa com falta de ar, acho que corri demais. Bebi um pouco de água mas comecei a tossir, fui para o banheiro e a crise aumentou, me ajoelhei na privada mas só tossia até que comecei a vomitar.
Minha garganta ardia, me sentia fraca. Já não tinha mais nada dentro de mim e mesmo assim não parava de tossir , minha visão estava ficando sem foco e aos poucos fui enxergando mais nada.
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A Máscara - Camren
Misteri / ThrillerCamila Cabello não sabia se estava vivendo ou se estava sonhando, se realmente ouvia vozes ou estava delirando. Sua única certeza é que aquilo não era um simples pesadelo e que seus objetos te levariam a resposta.