Estava preparando o café da manhã, e como sempre Ally e eu éramos as primeiras a acordar enquanto Normani e Dinah brigavam pelo banheiro antes de saírem.
- Tem algo marcado para hoje? - Ally perguntou ao tomar o suco de laranja que tinha acabado de fazer.
- Não tenho nenhuma entrevista marcada e não recebi nenhum email. Posso receber uma ligação ao longo do dia, quem sabe. - disse desanimada.
- Você vai conseguir, vai ver. - Falou sorrindo.
- Espero que sim.- retribui o gesto.
A culpa é sua.
- É minha culpa do que? Disse alguma coisa Ally? - perguntei ao achar que tinha ouvido algo.
- Não, deve ter sido algo lá fora.
- Está na nossa hora. - Normani disse ao surgir na sala com Dinah.
- Não vão nem tomar café?
- Acho que não vai dar tempo.
-Deviam aprender comigo que sempre acordo cedo.
- Olha a baixinha se achando.
- Apenas dizendo a verdade Dinah.
- É melhor nós irmos se não até a Ally que é de Deus vai começar uma bate boca com a senhorita comediante aqui.
Normani e Dinah morderam uma maçã antes de pegarem suas bolsas e irem até a porta onde Ally já colocava a chave.
- Tchau Mila, não perca a esperança. Estaremos ao seu lado, não se esqueça.
- Lembre - se que se não conseguir nada pode ser a cozinheira da casa para sempre e nos três veremos seu salário depois.
- Vamos logo. - Ally puxou as duas pra fora- Tchau Camila. - disseram em coro já no corredor. Sorri ao ver o quanto essas meninas me fazem bem.
As horas se resumiram no que eu fazia toda vez que ficava aqui: arrumação. Lavei a louça do café, tirei o pó dos móveis, varri e passei pano no chão, lavei o banheiro, arrumei meu quarto, organizando meus livros por ordem alfabética e fiz a comida.
Por mais que isso me aliviava por saber que não fico em casa sem fazer nada, essa situação me incomodava, não poderia ficar assim. Era necessário fazer mais do que ir em entrevistas e entregar currículos a fora e virtualmente, precisava de algo muito além disso. Só não sabia o que.
Fui para o chuveiro antes do jantar, assim que a água caiu em meu corpo tive a impressão de ouvir alguém.
A culpa é sua.
Fiquei em silêncio, o único barulho ali no banheiro era das gotas que caiam no chão e iam pro ralo.
A culpa é sua.
Novamente. Terminei meu banho rapidamente e assim ouvi as risadas das meninas. Elas tinham chegado. Será que eram elas que tinham dito aquilo? Acho que não até porque eu não conseguiria ouvir com a porta fechada.
Assim que troquei de roupa fui para sala e me sentei no sofá. As meninas pararam o que estavam conversando e senteram ao meu lado vendo o meu estado.
- Está triste não é? - Ally acariciou meus ombros.
- Não é tristeza o que sinto, é decepção. Não consigo viver assim.
- Mas também o lugar onde moramos não tem muito a oferecer.
Normani tinha razão. Sófia,Bulgária, onde morávamos era um lugar lindo, reconfortante e tranquilo mas não oferecia muito em questão de trabalho. Olha que estávamos até perto do centro. Mas eu também não podia fazer nada, pensar em uma cidade melhor ou até mesmo um país com condições melhores estava fora de cogitação.
- Bem que eu queria uns meses de férias.
- Então troque de lugar comigo China.- ri sem humor- vou deitar, boa noite garotas.
- Não vai jantar com a gente?
- Não estou com fome, obrigada.
Dei um beijo no rosto de cada uma, elas me abraçaram e me disseram que também iam me ajudar a conseguir um emprego, elas não gostavam de me ver desse jeito, faziam de tudo pra me ver sorrindo, me prometeram que iam colocar a alegria de novo em meu rosto. Com esse apoio emocional fui para o meu quarto.
A culpa é sua.
De novo aquela frase se repetiu. Abrí meus olhos e peguei meu celular para ver as horas, 3h00 AM. Todas já estavam dormindo, não era possível que fossem elas. Será que só eu que podia ouvir aquilo?
A culpa é sua, sempre foi sua e sempre vai ser sua.
Acendi o abajur que ficava no criado mudo ao lado da cama, só para ter a certeza que ninguém estava ali. O que era óbvio. Acho que minhas preocupações estão me fazendo delirar.

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A Máscara - Camren
Mystère / ThrillerCamila Cabello não sabia se estava vivendo ou se estava sonhando, se realmente ouvia vozes ou estava delirando. Sua única certeza é que aquilo não era um simples pesadelo e que seus objetos te levariam a resposta.