A rosa

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- Espero não ter demorado muito.

Ontem quem havia me ligado era Taylor, ela me explicou que conseguiu meu número com Ally e se desculpou caso aquilo fosse um incômodo. Disse que não, batemos um papo e agora estou aqui me encontrando com ela em uma cafetéria como havíamos combinado.

- Claro que não.- ela disse gentilmente.

Estávamos do lado externo do lugar, não tinha muita gente sentada nas cadeiras pretas de estofado vermelho. O cheiro bom do café que se servia se misturava com os das flores que decorava o ambiente e o sol calmo da manhã deixava tudo em um clima sereno.

- Faz um tempinho desde aquele dia da entrevista, não conversei com Ally para saber como estava mas espero que tenha conseguido um emprego.

- Infelizmente não. - abaixei meu olhar brevemente- aquela foi uma das boas oportunidades desde então.

- Fiquei triste por não ter conseguido. Acho que você seria ótima no cargo e também a única pessoa que valeria a pena se admirar naquela empresa.

Corei com suas palavras, faz tanto tempo que não flerto com alguém que esqueci como agir. Taylor era uma mulher bonita, tinha o cabelo  escuro com algumas mexas em castanho nas pontas, ondulado, na altura dos ombros. Olhos escuros, quase pretos, lábios pequenos e rosados, delicados. Assim como seu sorriso. Estava evidente sua intenção.

Percebido minha reação, ela chamou a garçonete para anotar o nosso pedido e depois reatamos a conversa.

O que pensa que está fazendo?

Minha fantasma apareceu, ela estava de frente para mim do lado de Taylor. Pensei que ela só surgia de noite. Sua voz estava diferente das outras vezes, ainda rouca e macia porém tranquila sem ser ameaçadora. Não estava com medo, mas desconfortável.   

- A gente poderia dar uma volta depois daqui. O que acha?

Você pode até ter acabado com a minha vida mas eu ainda te amo. Então porque está fazendo isso comigo?

- Hã??- tossi quase cuspindo o café.

- Camila, está tudo bem? - Taylor me perguntou ao acariciar minha mão- ficou pálida de repente. 

- Acho que o café me fez mal. - olhei fixamente para o lugar onde estava e a fantasma tinha sumido.

- Quer que eu te leve para casa?

Assenti sorrindo e ela prontamente me guiou até seu carro e abriu a porta para mim.

Quando cheguei em casa, logo fui inspecionada pelos olhares das garotas. No momento ninguém falou nada, mais Dinah tratou de se pronunciar. 

- Está arrumada e saiu de um carro que não era o seu. Com quem esteve senhorita Cabello? 

- Com Taylor. 

- Hummm... - insinuou de forma maliciosa. 

Ainda bem que minha sexualidade não era um problema para elas, no começo fiquei com receio de contar por causa do preconceito de muitos, mas elas reagiram e aceitam muito bem. 

- E o que que rolou? - perguntou Normani. 

- Uma boa conversa. 

- Nossa, só ? - Dinah disse incrédula. 

- Falei que o café tinha me feito mal, por isso não rolou mais nada.

- Porque disse isso ? - questionou Ally.

- Porque a fantasma apareceu e ainda por cima disse que me amava.

Naquele instante todas caíram na gargalhada.

- Ela é meio bipolar- Dinah começou ainda rindo- primeiro te xinga e depois fala que te ama.

- Vai entender.- Arqueei as sobrancelhas fazendo minha testa franzir.

Fui pro meu quarto e coloquei a rosa branca que Taylor tinha me dado assim que entrei em seu carro em cima da cama. Era artificial, mas bem bonita. Quando olhei para ela de novo, reparei que tinha uma mancha em uma das pétalas. A peguei e conferi, para garantir que não estava enxergando de mais.

Um J do mesmo jeito dos outros dois objetos que achei estava na pétala. Será que essas pistas teriam fim? Será que viria o alfabeto inteiro ou estava acabando as charadas? Espero que LMJ me de uma resposta de como acabar com essa história. 

A Máscara - CamrenOnde histórias criam vida. Descubra agora