capítulo TRÊS

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ERA NOITE QUANDO saí com a Bárbara. Estávamos numa espécie de pub, um lugar sem fiscalização, podíamos beber à vontade... não que fizesse muita diferença, pois em menos de um ano já estaria completando os dezoito.

A música batia alta, um toque eletrônico, grave, leds azuis, verdes e vermelhos serpenteavam o local. Adiante, sobre o meio da pista, pessoas dançavam, gritavam e bebiam. Mais da metade dos jovens ali não pareciam ter mais que a idade permitida para frequentar bares assim.

Bárbara levantou a taça e bebericou um gole. Fez cara feia.

— Essa parada é horrível! — disse ela, os cenhos franzidos, o hálito quente.

— E por que toma? — perguntei sobre o ouvido dela, mal dava para escutar o próprio pensamento.

— Porque dá uma parada boa! — então ela gritou e se jogou para o meio da pista, mas não sem antes me agarrar pelo braço.

Dançamos um bocado, e estaria mentindo se dissesse que não bebi aquela noite. Guilherme chegou algumas horas mais tarde, estava acompanhado de amigos. O rapaz me agarrou por trás, as mãos macias e firmes de alguém que recentemente entrara na vida adulta.

Virei-me para ver quem me abraçava, e a primeira coisa que senti foi o perfume. Forte. Ferrari Black. Ele usava uma camisa polo preta, justa sobre os músculos. Seus olhos eram de um castanho pacífico, cheio de charme; o queixo angulado, o cabelo negro cortado em degrade, raspado dos lados, penteados por cima num topete.

Eai, Ana? — ele sorriu para mim, tinha um copo nas mãos, um líquido transparente remexendo ali dentro.

Dessa vez não fiquei vermelha, talvez fosse o álcool.

— Oi — disse em seu ouvido, e aproveitei para cheirá-lo outra vez. Ele fez o mesmo.

Conversamos um pouco, ele reclamou do barulho, fomos para fora. Perguntei sobre seus amigos, ele disse que não havia problemas, que eles estavam se divertindo.

— Quer descansar um pouco? — perguntou ele, reparando no desconforto que sentia nos pés.

— Meu salto tá me matando, isso sim! — resmunguei, um tanto tonta, os ouvidos ainda zunindo pelo barulho da balada.

— Pode ir no meu carro, senta lá um pouco. — Guilherme botou a mão no bolso, uma luz piscou sobre o estacionamento. O carro dele era confortável, modesto, mas espaçoso.

Me sentei sobre o banco de trás, a música abafada ao fundo, ninguém caminhando por perto. Ele fez o mesmo, se sentou ao meu lado, o perfume dele encharcando o ambiente. Era bom, o cheiro me deixava com tesão.

As coisas giravam quando ele me beijou. Pude ouvir a porta do carro batendo, nós dois sozinhos dentro do veículo. Sua língua começou suave, depois relaxou, passou por um momento de ardência e desejo, um dos beijos mais quentes que já tive.

Eu usava vestido aquela noite, os saltos não mais sobre os pés. Ele me empurrou para a outra porta, me prensou contra a janela. Se jogou em cima de mim, me beijou, mordeu, lambeu meu pescoço, mordiscou a orelha.

O jeito com o qual me agarrava era suave por trás da nuca. Os dedos afagando de leve sobre o meu cabelo. Nossa respiração estava começando a ficar mais intensa, o beijo nos roubava o ar.

— Eu sabia que você me queria — disse ele, sorrindo, puxando um pedaço do meu lábio inferior com os dentes. A boca, desta vez, desceu para baixo, senti a língua deslizando pelo pescoço, beijando a clavícula. Ele estava bêbado, e morrendo de tesão por mim.

Guilherme afrouxou o zíper da calça, o membro já doía, preso ali dentro. Queria se libertar. O mundo ainda girava, suor começara a escorrer pela minha testa. A mão dele começou a apalpar levemente por dentro da coxa, senti os dedos suaves apalpando a calcinha, me provocando.

Ele não queria ir direto ao ponto.

Começou a esfregar o polegar sobre meu sexo, dava para sentir a calcinha molhando aos poucos. Gemi de tesão. Ele percebeu o meu desejo, e se sentiu ainda mais ávido por mim, para enfiar seu dedo lá dentro, a língua... tudo.

Percebi a calcinha sendo puxada para o lado, depois dois dedos me penetrando com delicadeza. Puxei o vestido para cima, seus lábios ainda nos meus, sua mão encharcada. O indicador vinha e voltava, a língua dele dançando dentro da minha boca.

Eu estava maluca de desejo, não queria mais saber daqueles dedos. Queria tudo. Tomei atitude, empurrei-o para longe, deslizei o corpo para cima dele, puxei a calça para baixo, agarrei firme em seu membro, rígido. Tirei-o para fora, meus dedos acariciando e se movendo para cima e para baixo.

Estávamos bêbados, loucos, queríamos transar ali mesmo, e fodam-se as camisinhas. Eu queria aquele pau dentro de mim. Estava chapada e com tesão demais para pensar.

Senti que poderia agarrar aquilo com as duas mãos, e imaginei o prazer do membro entrando em mim, deslizando para cima, para baixo, nossos corpos se entregando ao orgasmo.

Puxei a calcinha para os pés, arranquei-a e abri as pernas sobre ele. Encaixei com delicadeza, esperei um pouco, a vagina ainda dilatando sobre o sexo de Guilherme.

Ficamos naquela posição por um bom tempo, suas mãos deslizavam pelos meus seios, apertando-os quando ele se encontrava perto do orgasmo. Depois, ele se jogou sobre mim, me penetrou com vontade, minhas pernas abertas para tê-lo. Os gemidos saiam abafados, e a cada grito ele ia mais forte, com mais tesão. Ele queria me ouvir gemendo. Queria sentir o quão viril era, o quão podia satisfazer uma mulher.

Gozei um pouco antes dele, os braços amolecendo aos poucos, as pernas trêmulas, sem força. Estava molhada e cansada demais para saber onde ele havia ejaculado. Percebi apenas que mordeu minha orelha para conter o gemido, seu sexo cuspindo jatos sobre mim.

Quando me dei por conta, havíamos transado ali mesmo, os dois suados, os vidros embaçados, ambos realizados.

— Eu te deixo em casa. — disse ele depois de certo tempo, como se de repente o orgasmo tivesse lhe tirado a embriagues.

— Eu vou com a Bárbara, não se preocupe — respondi, um tanto sem graça, os cabelos jogados sobre o rosto.

— Ela foi com o Matheus — um dos amigos de Guilherme. — Vem, deixa que eu te deixo lá, não tem problema.

Assenti, e alguns minutos mais tarde, ele me deixou pouco antes da porta de casa. Havia um silêncio constrangedor entre nós. A gente transou! Pensei. Transamos sem camisinha! Onde você está com a cabeça, Ana Lúcia? Evitei olhá-lo nos olhos, permaneci recostada sobre a janela, os pensamentos divagando sobre o resultado desta noite.

— Pronto, chegamos — ele sorriu. — Precisa de ajuda?

— Não — sorri de volta e o beijei na bochecha. Sai do carro descalça, cambaleando, o estômago roncando, segurando o par de saltos. Abri a porta devagar, todos dormindo. Tranquei-me no quarto e me arremessei na cama. Adormeci em instantes.

Será Que é Desejo? (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora