capítulo TREZE

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DO LADO DE FORA da boate o som saía abafado, como se viesse de uma caixinha. Fazia um pouco de frio, garoa caíra mais cedo. Olhei para os lados, observei os carros, as motos, o coração quase saindo da garganta. Vi ao longe um farol piscar, um cara cabeludo sentado no banco da moto.

Cheguei devagar, não conseguia acreditar naquilo, quanto menos saber o que dizer...

— Vamos? — Eron deu um sorriso, tinha nas mãos mais um capacete. — Você não merece esse lugar, vamos para algum local mais tranquilo.

Minhas bochechas queimavam, e a única coisa que consegui fazer foi aceitar o capacete. Encaixei-o na cabeça, e em seguida ele me vestiu um casaco que trouxera consigo. Serviu perfeitamente. Agradeci, logo em seguida me sentei na garupa e o agarrei pelas costelas. Senti os músculos enrijecidos por detrás da jaqueta de couro, e por um instante fiquei feliz, confiante... e cheia de desejo.

O ronco da moto era feroz, e com ela vagamos pelas estradas vazias da madrugada. Eu conhecia aquela rota, era a rota de casa. Paramos em frente ao apartamento dele, Eron me disse que era melhor assim, que de qualquer forma já estava perto do meu apartamento.

Subimos as escadas, ele girava a chave da moto nos dedos. Entramos no apartamento, estava um clima agradável. A iluminação baixa, a janela aberta, as luzes desligadas do outro lado da sacada. Estava com medo que alguém me visse ali.

— Então, Ana... — começou ele, parecia procurar por algo num dos armários da cozinha. — Desculpa. Nunca quis te assustar, só queria... provocar um pouco.

Não conseguia perguntar nada, minhas pernas tremiam. Consegui apenas dizer:

— Tudo bem — mordi os lábios, me senti quente, vermelha como um pimentão.

— Relaxe — disse ele, e consigo trazia duas taças e uma garrafa de vinho. — Gosta de vinho, não?

Assenti, ele sorriu.

— Sente-se — encheu a minha taça, apontou para o sofá.

— Vou fechar a janela, pode tirar o casaco. — Eron caminhou até os vidros, fechou-os, as cortinas também. Em seguida, largou a garrafa e a taça no braço do sofá e tirou a jaqueta, usava uma polo branca por baixo.

Bebi um gole, quem sabe com a taça na boca eu não precisasse falar. Eron encheu a dele, sortiu de um gole também.

Quando terminei de beber, ele pediu a taça. Entreguei-a. Um curto silêncio se fez, Eron virou a taça garganta abaixo, descansou-a no chão junto a minha. Estávamos sentados no sofá, ele nada disse. Agarrou-me pela nuca, depois me puxou pela cintura, para mais perto. O beijo saiu doce feito uva, e selvagem feito o rugido de um leão.

O vinho esquentara um pouco o sangue, meus dedos tremiam, temia que ele ouvisse meu coração bater. Agarrei-o pelo pescoço, deixei que me beijasse com vontade. Curti o momento. Não haviam palavras a serem ditas, não havia nada.

Somente nós dois... e aquele beijo.

Eron me segurou pelas pernas, puxou-me para o alto. Quando vi, ele já estava de pé, minhas coxas o pressionando nas costelas. Beijei-o com força, a língua roçando pela boca, os dentes mordiscando o lábio.

Ele me carregou até a cama, me jogou com força em cima dela. Apesar de tudo, no entanto, ele era delicado. Beijou-me no pescoço, mordeu a ponta da minha orelha, sussurrou:

— Era isso que eu queria, Ana. É disso que eu gosto. Tão nova... — e me cheirou, e ele parecia bêbado pelo meu perfume. — É difícil se controlar.

Será Que é Desejo? (HISTÓRIA COMPLETA)Onde histórias criam vida. Descubra agora