E LÁ VAMOS nós outra vez. A música... as bebidas... a Bárbara. Bom, desta vez não era só ela, era o Matheus também. Descobri que os dois acabaram ficando por um tempo, agora é praticamente um namoro. Bárbara estava feliz, até mesmo mudara o penteado e a cor dos cabelos: estava morena, os fios curtos, podados num Chanel. Seus olhos ficaram ainda maiores e expressivos, e Matheus, ao seu lado, tinha quase que o dobro da altura dela, o pescoço longo, sujeito um tanto magrelo.
— Ué — ergui o cenho. — Desde quando vocês estão juntos? Você nem me contou, Bárbara! — a música estava alta, e estávamos escorados no balcão da casa.
— Desde a última vez que saímos — Bárbara não o largava um segundo sequer, a cada minuto davam-se um beijo. — Descobri que ele gosta de Pokémon, acredita?
Bárbara e seus Pokémons...
— Nós saímos esses dias para caçar alguns — disse Matheus. — Foi divertido.
— Foi sim — Bárbara começou a rir. — Tinha um no lago, entramos de roupa e tudo. Saímos de lá com todo mundo olhando. Dois retardados ensopados.
E então se beijaram de novo. Revirei os olhos.
Quando os dois terminaram, beberam mais um drink, uma coisa azul, forte e de nome difícil.
— O Guilherme tá por aí — Bárbara ergueu a cabeça para enxergar a multidão que se agitava. — Tá a fim de vê-lo?
— Acho que sim — respondi. Havia me esquecido do Guilherme... ele quase me deixara grávida da última vez, e senti raiva só de lembrar daquele dia.
Deixei os dois por ali mesmo, se beijando, e fui atrás do rapaz. Me esgueirei por entre os corpos, a maioria do pessoal estava bêbado, e quem não estava embriagado estava drogado.
Ele me avistou antes que eu pudesse o alcançar, o rapaz tomava, num canto, um pouco de cerveja.
— Oi, Ana! — ele me beijou na bochecha, usava o mesmo perfume forte de sempre. — Cara, tava com saudade! Por onde andou?
— Viajei, fui pra praia, voltei tem pouco tempo.
— Legal, mas e aí? Como você tá?
— Eu tô bem, acho — torci os lábios. — Meio triste pelo fim das férias... mas tudo bem, a vida segue.
— Aquele dia... — Guilherme gaguejou um pouco. — Bom, aquele dia...
— Não tem problema. A gente tava bêbado, não tava? Acontece.
— Mesmo assim, queria te pedir desculpas. Foi... irresponsável.
— E também não deu em nada. Aprendemos com isso, não é? Pronto, assunto encerrado.
— Aceita uma bebida, pelo menos? — ele me ofereceu o copo.
— Não, obrigada. Tô de ressaca ainda, vou ficar de boa por hoje.
Ele assentiu.
— A gente se vê por aí, então? — ele ergueu uma sobrancelha.
— Sim — respondi, meu celular começou a tocar de repente, senti-o vibrando no bolso. — A gente se vê.
Sorrimos um para o outro.
Então corri para o banheiro, a música era mais abafada lá atrás. Atendi sem ao menos ver quem estava me ligando, pois geralmente minha mãe costumava fazer isso essa hora.
— Ana.
Aquela voz me chamou e senti o peito congelando na hora.
— Você? — me tranquei num dos sanitários, sentei na privada com a tampa caída.
— Quero esclarecer as coisas — a voz do outro lado era de Eron. — Acho que estou assustando você assim.
Tentei balbuciar alguma coisa racional, mas tudo que pude dizer foi:
— Hm.
E então ele prosseguiu:
— Eu não te olho na sacada à toa, nem te mando mensagens à toa. Sei que você é minha aluna e tudo mais... e não quero que você pense coisas erradas sobre mim.
— E então o que você quer, afinal? — aquela pergunta fez meus dedos tremerem.
— Eu quero você, Ana. É isso o que eu quero. Estou do lado de fora, encostado aqui na moto.
— Lado de fora do apartamento? — indaguei.
— Não, da balada.
Meu coração parecia uma britadeira àquela hora, minha testa estava quente, suor escorria ao redor das orelhas.
— Peraí, você quer que eu vá até aí? Você me seguiu até aqui?!
— Não temos tempo para discutir isso agora, Ana. Estou te esperando aqui fora — e desligou.
Arregalei os olhos, guardei o celular no bolso com certa dificuldade, pois estava tremendo. Naquele mesmo instante algumas garotas entraram gritando no banheiro, uma delas passava mal.
Permaneci por ali um bom tempo, pensando no que fazer.
O juízo, Ana Lúcia, lembra-se dele?
Foda-se o juízo! Foda-se ele... só por hoje. Eu vou até lá e pronto!
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Será Que é Desejo? (HISTÓRIA COMPLETA)
Romantizm+18| ANA LÚCIA É uma adolescente qualquer, a ponto de entrar na faculdade. No entanto, tudo muda quando a jovem começa a nutrir um estranho sentimento pelo seu professor de Biologia, um homem de jeito felino, culto e de uma beleza sem igual. Não fos...