E de Empatia

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Maio de 2014: presente.

Preciso comprar a passagem de ônibus antes que minha sanidade volte.

Desligo a TV e ligo o computador.

Meu papel de parede é um fundo verde, sem nada, é só um fundo verde que me lembra o jogo Paciência.

Abro o navegador e passo o ponteiro do mouse pela barra de favoritos. Entro no site de viagens e, obviamente, vou à sessão "ônibus". Avião seria mais rápido, mas eles me dão um medo danado.

Rolo os olhos pela tela. Digito o meu destino e... Ali! Um ônibus para Chicago sai amanhã, um dia antes do casamen...

...

Droga.

Não. Não. Não. Não.

Tiro minha mão do mouse e a coloco sobre minha perna direita.

Eu sou muito burro!

Não é possível que eu não tenha me tocado que a viagem de ônibus até lá dura 31 horas!

Espera! Talvez dê...

Solto um sorrisinho empolgado enquanto volto a pegar o mouse.

Se eu sair amanhã ao meio dia... Droga, onde está minha calculadora?

Olho em volta.

Levanto e procuro a calculadora nas gavetas da escrivaninha.

Reviro uns papéis, jogo alguns no chão. Droga! Não consigo fazer isso...

Recolho os papéis e enquanto os recolho me dou conta de que sou um diretor de cinema. Por que diabos eu teria uma calculadora na minha escrivaninha?!

Volto ao computador. Calculadora digital.

Eu definitivamente estou muito nervoso.

Okay, vamos lá.

Estralo os dedos.

Uh, isso é bom...

Se eu sair de casa ao meio dia, quando for meia noite, sobrarão 19 horas de viagem. E quando for meio dia no dia do casamento faltarão seis. Então eu chegaria às 18 horas.

O casamento é as 18.

Merda.

Não posso falar com a Amie se ela já estiver no altar.

Sem falar nas paradas que o ônibus vai dar, sem falar que a única viagem para Chicago amanhã só sai às três da tarde e isso atrasaria meu percurso.

Tiro as mãos do mouse e me jogo para trás, fazendo a cadeira andar pela sala.

Acho que o destino não quer que eu vá...

E se eu não tiver que ir?

Olho para todos aqueles números e me sinto enjoado. Minha cabeça dói. Algo dentro de mim dói também.

Não quero desistir da Amie... Não quero passar a vida arrependido.

Se bem que se eu não for evitarei muitos problemas... Como, por exemplo, o julgamento de todos os nossos amigos e família.

Eu com certeza seria taxado de egoísta.

Mas... Eu sou um egoísta? Eu vou aparecer lá, do nada, dizendo... Hm...

Deus! Eu nem sei o que dizer...

Apóio os cotovelos nos joelhos e com as mãos apóio meu rosto.

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