Y de Yo-yo (ioiô)

24 1 0
                                    

Maio de 2014: presente.

— Se for menina... — ela diz, aconchegando-se em meus braços. — Chamará Tina.

— E se for menino?

— Chamará Jimmy.

— Sério? — sorrio, feliz.

— Os dois amores da minha vida terão o mesmo nome.

— Leonard sabe disso?

— Ele gostou dos dois nomes, mas não, não sabe de ti. Bom, não exatamente, acho que ele sabe que existe alguém que eu gosto muito. Ele sabe que ele não é o amor da minha vida. Desconfio que Leonard também tenha um alguém em que pensa às vezes. Outro dia eu o ouvi chorando falando com uma garota, acho que ela partiu o coração dele.

— Pensei que ele gostasse mesmo de ti, afinal, uma festa dessas...

Ela ri, leve.

— Ele queria fazer algo ainda maior. Leonard apenas é um exagerado, gosta de fazer as coisas com estilo.

— Incluindo um filho.

Ela ri e eu vejo como, apesar de tudo, ainda somos grandes amigos.

— Aliás, como foi que aconteceu? — pergunto, apoiando o queixo no seu ombro.

— Eu estava muito triste. Eu queria ficar feliz e... É aquela velha história da garota irresponsável com o coração doendo: ela bebe até não saber o que está fazendo, encontra um cara, eles dormem juntos e tcharã! Ela está grávida.

Rio.

— Você ficou com medo? Tipo, do nada ser mãe assim.

— Eu fiquei super assustada no começo. Eu não contei a ninguém sobre, além do Leonard, que foi super prestativo e responsável comigo. Acho que mesmo bêbada eu escolhi bem. — rimos mais uma vez — Mas sei lá... — passa a mão na barriga — Quando penso que daqui há uns meses eu vou estar com essa coisinha nos braços, eu não penso em outra coisa que não seja focar minha vida pra cuidar dela. Pra dar todo o amor, pra sorrir com cada palavrinha, com cada desenho bem feito...

— Pobre criança, vai ter uma mãe que não sabe cozinhar...

Ela ri e me dá uma cotovelada leve.

— Você não presta!

— Sua comida que não presta, meu bem. Espero que Leonard saiba cozinhar.

— Eu não faço ideia se ele cozinha... Pensando bem, eu não sei muita coisa sobre ele e isso me assusta.

— Me assusta também — falo, sério. — Se acontecer qualquer coisa, não hesite em me ligar. E não deixe ele te controlar, seja dona da tua vida, dona do teu próprio querer.

— Te ensinei bem, não foi? — sorri, orgulhosa.

— Cê ensinou tudo que eu sei — sorrio um sorriso largo.

— Farás alguém muito feliz um dia, Jimmy... 

— Eu já fiz.

Ela segura minha mão, que ainda abraçava-a com carinho.

— Ei — digo, para mudar de assunto — O que é essa tal de lista prioritária?

Ela ri.

— Eu exigi que criassem uma porque eu queria, sei lá, de certa forma eu esperava que você aparecesse com notícias... Foi tudo muito contraditório. Eu não chamei teus amigos mais próximos porque, Deus! É óbvio que eles querem que eu me case com você. Até eu quero! Eu não queria sentir tantos olhares decepcionados em mim... Já basta o meu, já é pesado o suficiente.

O ABC do AgoraOnde histórias criam vida. Descubra agora